Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Informador

Vencedores de Toda a Cidade Ardia [06-07-2017]

toda a cidade ardia cartaz a.jpg

A obra e vida de Alice Vieira inspiraram Marta Dias para a criação de um texto tão poético como real onde a vida de uma jovem ambiciosa e sonhadora é apresenta ao público. Falamos de Toda a Cidade Ardia, o espetáculo que se encontra em cena de Quarta a Sábado, pelas 21h30, e aos Domingos, pelas 16h00, na Sala Azul do Teatro Aberto. 

Cum um elenco encabeçado por Ana Guiomar e Sílvia Fílipe, esta produção percorre uma vida, passando por gerações e mostrando como um verdadeiro amor nem sempre é esquecido, podendo dar vez à outras aventuras, mas sem nunca desaparecer por completo do coração de quem sentiu e não conseguiu em certa altura, por circunstâncias da vida, alcançar o verdadeiro sentido da vontade. 

Bilhetes para Toda a Cidade Ardia [06-07-2017]

toda a cidade ardia cartaz a.jpg

O texto é de Marta Dias, a inspiração recaiu sobre a obra de Alice Vieira e os atores dão vida a personagens tão reais quanto possível ao longo do espetáculo Toda a Cidade Ardia, em cena de Quarta-feira a Domingo na Sala Azul do Teatro Aberto.

Através de um texto inspirador e poético, em Toda a Cidade Ardia conhecemos a vida de Ana, uma jovem sonhadora e apaixonada que nem sempre tem do seu lado o que pretende, já que a sociedade reprime os sentimentos de muitos, os que não se conseguem soltar das vontades dos outros e agem para satisfar as ideias alheias, deixando os seus ideais para trás. Conhecemos Ana enquanto uma jovem jornalista para terminarmos com a personagem como uma das escritoras mais vendidas do país, percorrendo a sua vida profissional e pessoal onde a perseverança sobre um passado nunca esquecido sobressiste. Podem saber um pouco mais acerca da minha opinião sobre esta peça aqui.

O que agora vos tenho para contar é algo que vos irá deixar contentes. É que tenho dez, sim dez convites duplos para oferecer para a sessão da próxima Quinta-feira, dia 6, deste espetáculo aos leitores do blog.

toda a cidade ardia 3.jpg

Toda a Cidade Ardia [Teatro Aberto]

toda a cidade ardia cartaz a.jpg

Toda a Cidade Ardia e a vida passa mas nem sempre deixa para trás o que já lá vai, sobrando réstias de esperança para que um dia se volte a encontrar o amor perfeito de outrora, mesmo que para isso se tenha amado de outra forma ao longo do tempo uma família que foi criada. Este é o ponto de partida da peça que se encontra em cena no Teatro Aberto da autoria de Marta Dias que se inspirou, em boa hora, nos poemas de Alice Vieira. 

Num dos melhores textos que já vi em palco, em Toda a Cidade Ardia somos convidados a conviver com a história de Ana que vive o presente com o olhar sobre o passado onde foi feliz e onde sofreu bastante por um amor que não conseguiu alterar o seu modo de estar e pensar a favor da felicidade. Uma mulher que sempre percorreu os caminhos atrás das suas vontades, mesmo tendo contrariado as ideias familiares e a sociedade da altura mas que inverteu o percurso que lhe estava definido à partida. Ana não se deixou ficar, arriscou, começou desde cedo a entrar no mundo do jornalismo onde só os homens eram figura de destaque e com isso viveu ao longo do tempo onde conheceu também a sua primeira e grande paixão. Só que nem todas as pessoas são irreverentes e sonhadoras, e se ela seguia os seus instintos, já o seu parceiro não conseguia dizer não às exigências que lhe eram colocadas, não sabendo amar porque as obrigações pesavam-lhe numa altura em que não existia liberdade.

Uma mulher livre e cheia de esperança e um homem que quer viver o seu amor mas ressente-se pelos outros. Toda a Cidade Ardia é um misto de sentimentos onde o Amor se une à solidão mas também mostra que existe sempre espaço para voltar a acreditar sem colocar um passado completamente de lado. Se entrar cedo no jornalismo foi uma afirmação para Ana, já ter casado mais tarde com um homem mais velho e novamente contra a vontade da família voltou a ser um grito de guerra de quem não teve medo de fazer o que sempre achou correto.

O presente familiar com um marido que sempre a apoio na sua carreira de jornalista e de escritora e um passado desfocado que por vezes vai aparecendo em situações inesperadas para relembrar que a esperança por vezes existe quando o coração não fechou por completo um tema que lhe foi marcante e que não ficou bem resolvido. Conseguirá Ana viver para sempre com a mágoa do afastamento e perda do passado para manter a esperança de que um dia exista volta a dar e viver finalmente como sempre quis? Um sonho que não foi concretizado mas onde existe sempre tempo para voltar atrás e viver o que estava por fazer!

Um texto poético onde o Amor é o centro de toda a história vivida em Portugal ao longo do século passado, convivendo com as alterações económicas, culturais e políticas da altura e passando entre gerações que vão ajudando a alterar comportamentos e mentes. Toda a Cidade Ardia é daqueles trabalhos tão bem conseguidos na escrita, na criação de personagens com profissionais atores e com um cuidado de produção onde nada falha. Do texto ao cenário bem mexido como é habitual no Teatro Aberto, dos passos às reflexões que vão sendo deixadas junto do público por uma mulher que não perde a esperança de recuperar a vida que sempre quis, nem que para isso tenha de deixar um passado mais recente de lado.

A Misteriosa Mulher da Ópera

a misteriosa mulher da ópera.jpg

Autor: Afonso Cruz, Alice Vieira, André Gago, Catarina Fonseca, David Machado, Isabel Stilwell e José Fanha

Data: Novembro de 2013

Editora: Casa das Letras

Número de páginas: 300 páginas

Classificação: 4 em 5

 

Opinião:

Sete autores e uma só história poderia ter corrido mal, no entanto em A Misteriosa Mulher da Ópera a coordenação narrativa esteve presente e as sete personagens criadas por cada mente conseguiram ter uma história bem condimentada onde os passados se cruzam a favor de um presente bem complicado com desaparecimentos amorosos e mortes que andam ao sabor da maré. 

Nesta união de personagens tão diferentes e onde a história vai seguindo a escrita de cada autor, tão diferente mas ao mesmo tempo com tão boa comunhão geral, este produto ficcional segue um bom fio condutor contado na primeira pessoa por quem vive dentro da trama. Assassinos, bruxos, tias, fantasmas e inspectores, todos não passam de farsas sociais que foram criadas por um ego com necessidades transcendentes de ser algo mais perante os outros. 

Atual leitura... A Misteriosa Mulher da Ópera

A Misteriosa Mulher da Ópera é um dos romances que há mais tempo aguarda a sua leitura aqui por casa. Estando na estante «da espera» praticamente há dois anos, esta obra escrita a catorze mãos irá fazer-me companhia a partir de agora, nestes primeiros dias de 2016. 

Da autoria de Alice Vieira, Afonso Cruz, André Gago, David Machado, Catarina Fonseca, Isabel Stilwell e José Fanha esta narrativa promete percorrer Lisboa de ponta a ponta, passando por alguns dos locais mais emblemáticos da capital onde as sete personagens vão vivendo os seus amores e desaforos com desencontros e imprevistos ao longo de várias páginas que espero que me consigam surpreender. 

As palavras são um perigo

Sempre amei por palavras muito maisdo que devia

são um perigo as palavras

quando as soltamos já não há regresso possível ninguém pode não dizer o que já disse apenas esquecer e o esquecimento acredita é a mais lenta das feridas mortais espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo e vai cortando a pele como se um barco nos atravessasse de madrugada

e de repente acordamos um dia desprevenidos e completamente indefesos

um perigo as palavras

mesmo agora aparentemente tão tranquilas neste claro momento em que as deixo em desalinho sacudindo o pó dos velhos dias sobre a cama em que te espero

Alice VieiraO que Dói às Aves, Caminho, 2009

Como as palavras que são ditas são tão perigosas quanto o nosso pensamento! Eu, com o meu modo explosivo de ser, deixo escapar muita coisa que não devo quando me enervo e depois já não existe volta a dar. Sou tão impulsivo com as pessoas que mais amo e depois acabo por as magoar sem realmente ter essa intenção nos momentos em que me exalto. Tenho nervos de ser assim tão rezingão nos momentos quentes, mas não consigo ficar calado e depois lá chegam as palavras boas e más que se juntam e magoam os outros! As palavras depois de ditas já estão transformadas num perigo em construção e depois tudo depende da maneira como são interpretadas! Cala-te mas é!