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O Informador

Vai um balde de água fria

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Existem dias que dá vontade de abrir a janela e atirar um bom balde de água fria com pedras de gelo incluídas para as senhoras, a maioria avós da aldeia, que a partir das 07h45 se aglomeram por baixo do prédio, e eis que vivo no primeiro andar, em espera que os autocarros escolares cheguem para levarem as crianças da família que andam pré-primária, uns minutos depois da primária e depois os maiores da preparatória que no meu tempo esperávamos sozinhos e juntos pelo autocarro mas que agora precisam de companhia. 

As senhoras acordam, optam por tomar o pequeno almoço na sua maioria no café também do prédio e logo aparecem para debaterem as novidades do dia mesmo por baixo da janela do meu quarto, uma vez que os autocarros passam e param justamente naquele local. Agora imagina o que é acordar com a algazarra que logo fazem com toda a energia matinal na conversa sobre os temas do momento da aldeia e arredores, conseguindo provocar maior alarido que as crianças que geralmente são mais mexidas mas que naquela primeira hora do dia após acordarem ainda esperam meio sonolentas pelo transporte que as levam para o seu dia escolar. 

Aldeias madrugadoras

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As pessoas na aldeia começam a fazer barulho bem cedo. Faz sol e todos parecem acordar com as galinhas, como se diz por estes lados, mas mesmo que o tempo não se faça sentir tão convidativo a sociedade, que já se encontra a descansar de décadas de trabalho, pratica o mesmo hábito de despertar cedo, começar a circular logo que a padaria abre as suas portas, talvez com receio que o seu pão de compra habitual se esgote antes de nada.

Enquanto deambulam para lá e para cá fazem com que as suas vozes se ouçam pelas casas pelas quais passam, já que para a maioria das pessoas a ideia parece ser «se estou acordado todos os outros também o têm de estar», então seguem a gritar para quem passa ao longe porque é necessário dar os «bons dias» a tudo e todos, mesmo para aqueles que só se querem manter adormecidos nas suas saudáveis camas. 

A música do vizinho da cidade

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É sabido que vos escrevo de uma aldeia, geralmente quando não ando por outras paragens para uns dias de pausa e fora da rotina. Aldeia geralmente significa sossego e silêncio, mesmo que seja na zona de Lisboa, no entanto nem sempre isso acontece. 

Aqui pela aldeia existem casas que são habitadas como moradas de fim-de-semana, no entanto em tempos de pandemia, um vizinho lisboeta decidiu assentar a sua vida por uns meses por aqui, numa casa de família, devendo estar a trabalhar a partir de casa, e não é que a falta de noção para com o barulho existe? O rapaz, já com idade para ter um pouco de juízo e bom-senso, não deverá ter horários, existindo dias que as batidas musicais soam bem alto pela rua para lá das 02h00, como se não estivéssemos em horário noturno e em que o silêncio é exigido por respeito a todos para bem da comunidade e de um bom ambiente social. 

Certo que não me incomoda, já que quando é para dormir adormeço sem qualquer problema, com ou sem barulho, no entanto percebo quem já se ande a queixar pelo barulho da noite, já que no silêncio da aldeia, ouvir heavy metal até altas horas quando se quer descansar para se acordar cedo, acaba por se tornar complicado. 

Vizinhança no Controlo

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Incrível é viver numa aldeia, numa rua estreita com nove casas e perceber que estejamos a entrar ou a sair não é fácil não se ser detetado. É verdade, sempre alguém surge no quintal ou mais frequentemente a sacudir o seu tapete na janela no momento em que se fecha o portão na chegada ou partida. Vizinhança assim não é para todos!

Diria até que estes vizinhos são melhores que a polícia municipal. Guardam tudo, dão fé de tudo e conseguem saber quem está em casa ou quem anda na vadiagem após os horários de trabalho que talvez até tenham apontados em listas presas com um íman ao frigorífico. Ao sair de manhã, lá surge alguém por um quintal vizinho, para receber os bons dias. Já ao almoço se estiver a chegar, sempre ou quase sempre, tenho uma vizinha a sacudir tapetes. Já me perguntei quantos tapetes existirão naquela casa ou se será sempre o mesmo, aquele que está na porta de entrada, pronto para lhe pegarem e saírem para o quintal como premissa para verem se os vizinhos trazem ou não sacos consigo. Ao final do dia a mesma coisa acontece, sempre com alguém a surgir de uma porta ou janela para mirar quem sai e quem entra, com companhia ou a solo, sacos ou mochilas. 

Viver numa aldeia onde todos se conhecem é assim, controlo ao mais alto nível da vizinhança mais desocupada e que gosta de saber tudo o que se passa pelos arredores, dentro e fora de portas. Basta um descuido e a vida privada fica pública, pelos menos os horários de entrada e saída de casa estão controlados, sabendo-se também quando recebemos visitas, quando o correio chega, as compras mais volumosas que foram feitas e até quando se fica uma noite fora de casa e o carro não está na rua como habitualmente pela manhã. 

Aldeia de lareiras

Chega-se à entrada da aldeia de noite e o cheiro de lareiras acesas logo é sentido mesmo dentro do carro. O frio chegou e todos começam a queimar lenha para se aquecerem noite dentro.

Quanto à lareira cá de casa, essa não existe, não contribuindo assim para o cheiro sentido pelas ruas da pacata aldeia.

Barragem de Alqueva

Juromanha2As férias deste ano já terminaram há alguns dias, mas como optei por ir mostrando várias imagens dos locais por onde passei por aqueles dias, aqui ficam as que fui tirando pela passagem junto às margens da Barragem do Alqueva!

AlquevaUm lugar onde a natureza foi transformada pelo homem, a região do Alqueva é toda ela um esplendor, desde o toque histórico e patrimonial aos encantos naturais, tudo está transformado numa das mais belas zonas do nosso país. Paz e tranquilidade poderão ser dois dos símbolos característicos desta zona bem perto de Espanha e que tem uma boa história para ser contada, através das suas mudanças de outros tempos e das mais recentes alterações que os humanos lhe fizeram!

Aldeias submersas... Árvores nas bermas da barragem que mostram que aquele espaço já fora outrora terra firme onde a água só chegava através da chuva e um sem fim de estradas sem saída porque a sua continuação ficou submersa! Isto é a Barragem do Alqueva que voltarei a visitar!

As vizinhas olhadeiras

Elas existem por todo o lado e aparecem a qualquer hora do dia e onde calha... Falo das minhas vizinhas que estão sempre nos seus quintais, esteja eu a entrar ou a sair de casa.

Na cidade as pessoas podem-se sentir sortudas por não terem sempre a vizinha Antónia ou a Manuela com os olhos postos em si quando metem o pé fora de casa. Como vivo numa aldeia, isso não acontece e elas estão sempre prontas para controlarem os passos de uma pessoa que as vê, mas faz que não percebe que estão à sua espreita. 

As minhas vizinhas estão sempre com o seu radar em alerta quando percebem que alguém está a entrar na rua. Praticamente todos os dias as tenho que ver, seja de manhã, de tarde ou à noite, sendo que geralmente as vejo nas três fases do dia, se sair três ou mais vezes de casa.

Elas controlam mesmo tudo, a rua toda... Quem passa, com quem se passa, o que se leva vestido, se passo ao telemóvel ou a cantar... Elas sabem tudo e depois lá tenho que dizer «Bom dia!», «Boa tarde!» ou «Boa noite!», quando o que me apetece é dizer, «Não tem mais nada para fazer sem ser esperar que eu passe para me ver? Sou assim tão bonito para me ter que cumprimentar e controlar diariamente?».

Isto vai ser sempre assim enquanto viver pela aldeia... Não sou controlado pelos meus pais, mas olhem que os vizinhos estão bem atentos à minha vida! Coisas de aldeia pequena em que todos se conhecem! Irra!...