José Eduardo Agualusa não é um dos novos autores que aparece e passado um tempo já poucos sabem quem é! Este homem veio para ficar na literatura e através de A Vida no Céu percebi isso mesmo... A grandeza do poder de escrita que nos leva a voar através de um mundo real que acontece pelos ares, numa história que poderia ser imaginada por qualquer um mas que só quem sabe a conseguiu contar de forma a conquistar os seus leitores.
Através de um contador que fala na primeira pessoa para quem segue a sua narrativa, em A Vida no Céu somos levados de Paris ao Rio de Janeiro num ápice e através do mundo real que é criado pelos ares, em balões de ar quente que se transformam em cidades, vilas e aldeias quando o dilúvio bíblico da atualidade acontece. Carlos, o grande anfitrião deste romance conta a sua busca, de balão em balão, que é como quem diz, de cidade em cidade, pel' O Voador, o seu pai. Uma procura pelo progenitor que serve de mote para se contarem vidas onde se consegue perceber que é bem fácil sonhar porque sem o sonho não existe futuro e sem futuro não existe realidade. A Ilha Verde é um caso bem real desse sonho de que todos falam mas só os mais destemidos e perspicazes conseguem encontrar.
Um mundo real mas passado em outro nível da terra, os ares! Agualusa conseguiu encaixar neste romance a atualidade na perfeição com as guerras de conflitos a não ficarem para trás, tal como não ficaram as redes sociais, os campeonatos de futebol e os locais mais emblemáticas do planeta que também marcam a sua presença nos balões mais luxuosos e requintados onde os pobres podem não ter lugar. Na terra como no céu, existem as diferenças culturais e raciais e isso nunca mudará porque quando se dá um passo em frente para um lado, depressa aparece alguém a dar dois passos de recuo.
Felizmente existem os sonhos que comandam a vida e é com essa mensagem que o autor nos brinda neste fantástico romance que me conquistou do início ao fim e que me levou pelos céus deste nosso pequeno e grande mundo que tem muito por descobrir pelas suas várias vertentes naturais e sociais.
Sinopse
A Vida no Céu é um romance distópico, num futuro que se segue ao Grande Desastre, e em que o Mundo deixou de ser onde e como o conhecemos. Encontrando-se o globo terrestre inteiramente coberto por água, e a temperatura, à superfície, intolerável, restou ao Homem subir aos céus. Mas essa ascensão é literal (não é alusiva ou simbólica): a Humanidade, reduzida agora a um par de milhões de pessoas, habita aldeias suspensas e cidades flutuantes – dirigíveis gigantescos denominados Tóquio, Xangai ou São Paulo -, e os mais pobres navegam o ar em pequenas balsas rudimentares. Carlos Benjamim Moco é o narrador da história. Tem 16 anos e nasceu numa aldeia, Luanda, que junta mais de cem balsas. O desaparecimento do pai fará com que Benjamim decida partir à sua procura.
«O melhor da viagem é o sonho.»
«As nuvens, asseguram eles, foram criadas para os sonhadores.»
José Eduardo Agualusa