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O Informador

Top de Maio

O mês de Maio já lá vai e este blogue só tem motivos para celebrar, sendo que estes dias serviram para reforçar o crescimento d' O Informador. Este espaço tem crescido e mês após mês mostrado valores superiores aos anteriores, como tal só tenho mesmo que agradecer a todos os que visitam a página diariamente, enchendo-me com ideias positivas e também dando-me a certeza de que o trabalho feito tem sido bem aceite por todos! Posso dizer que no espaço de ano e meio os valores do blogue cresceram acima do esperado, deixando-me com a perspectiva que vamos fechar este ano com uns valores bem positivos!

Como tem sido habitual, quando um mês termina partilho a lista dos textos mais vistos dos últimos trinta dias, como tal segue-se o top dez dos mais bem colocados de Maio!

  1. Rir com listas telefónicas
  2. Passatempo – Eu Sou Deus
  3. Suicídio no Carregado
  4. Passatempo – A Manhã de Ser
  5. A Lacuna
  6. O desconvite a Teresa Guilherme
  7. José Rodrigues dos Santos lança livro em França e esquece Portugal
  8. Loom Bands, a nova moda
  9. Passatempo – A Volta ao Medo em 80 Dias
  10. Mimikas e companhia

E parece que, ao contrário do mês de Abril, os passatempos não foram os reis exclusivos da festa! Desta vez só três conseguiram infiltrar-se entre os mais vistos, deixando os restantes sete lugares para artigos de opinião! As listas telefónicas que podem servir para um bom momento de descontração, o acidente fatídico no Carregado a que assisti, opinião sobre livros, o lançamento de uma obra de autor nacional por França e os famosos com as pulseiras da moda conseguiram chegar aos lugares cimeiros de Maio.

Um top variado com literatura, passatempos, diversão e notícias! No mês que terminou a oferta foi para todos os gostos! Grato pela adesão!

Falador vs. Pensador

«Os faladores estão acima dos pensadores.»

Barbara Kingsolver, A Lacuna

Pensar até à exaustão e criar artimanhas e ideias para melhorar a vida e mostrar conhecimento não é o mais importante para quem quer triunfar junto dos outros, seja em que circunstância for.

Costuma-se dizer que «é a falar que a gente se entende» e isso é mostrado através desta expressão de Barbara Kingsolver no seu livro A Lacuna. Uma pessoa pode passar a sua vida a pensar e a reflectir sobre tudo e mais alguma coisa, mas é a falar que consegue mostrar o que tanto pensa, sendo na arte da oratória que se mostra o que tanto pensa.

Um bom conversador consegue levar a sua adiante, mesmo que esteja tudo a pensar o contrário. Já os outros que enfrentam o falador, mas que se deixam ficar pelos pensamentos e não se sentem confiantes para se exprimirem, deixam tudo passar e não conseguem dar nas vistas.

É muito bonito dizer-se que se pensa sobre mil e uma coisas, mas depois quando é na hora exacta não se sabe falar, não se sabendo explicar o que tanto se pensa.

Eu não me considero um bom conversador, mas também não sou um pensador nato. Gosto de estar no meu canto com as minhas ideias e falo quando acho que o devo fazer. Não sou pessoa de se afirmar alto pensador quando se estão a ter conversas intermináveis e por vezes sem interesse. Prefiro estar calado no meu canto e não dar nas vistas, mas sei que perco por não me meter mais nas conversas com as minhas opiniões, deixando várias coisas guardadas para mim pelo pensamento, ficando a perder neste caso por não mostrar o que quero aos outros! Sei que fico a perder por ser mais pensador que falador!

Leituras de Maio

Maio já terminou e com ele tive o meu mês mais fraco em termos numerais de literatura. Já no que toca à qualidade do que li, talvez aí este mês que ficou para trás tenha sido o mais proveitoso... A Lacuna foi o único livro que li em Maio, mas provou que a qualidade é bem melhor que a quantidade!

A LacunaA Lacuna

Barbara Kingsolver escreveu um dos melhores livros que li nos últimos tempos! Percorrendo um caminho entre a ficção e a realidade, em A Lacuna encontra-se uma história arrebatadora que consegue conquistar um leitor mais distraído com um romance inesperado e inspirador. Frida Kahlo, Diego Rivera e Trotsky poderiam ser os grandes protagonistas desta obra publicada pelo Clube do Autor, mas não passam de personagens que passaram pela vida de Harrison Shepherd e que vão ajudando este jovem a contar a sua própria história. O México ao longo dos anos 20 serve de cenário para esta lacuna histórica que tem sempre algo de novo para ser contado, com várias perspectivas para serem descobertas e recriadas com os seus grandes protagonistas. Um livro que nos ajuda a perceber que as situações que nos aparecem pela frente vão criando pessoas bem diferentes das que pretendíamos ser e mesmo com revoluções interiores, o Eu está sempre presente no passado, presente e futuro de cada um!

Os Artistas

«Os artistas possuem o direito alienável de escolher os seus próprios temas»

Barbara Kingsolver, A Lacuna

O verdadeiro artista é livre para fazer o que quer e da forma como quer! Este é o sentido literal da veia de artista que só os bons possuem. Quem sabe que é artista faz as suas obras da forma como quer e como bem entende sem se preocupar com as opiniões que lhe vão ser atiradas quando o trabalho é visto pelos outros. 

Só os artistas se acham doidos para escolherem os seus temas de trabalho, mas só mesmo estes artistas é que o podem fazer porque os outros que tentam dar nas vistas com trabalhos vendáveis não vão conseguir atingir o patamar artístico mais elevado porque fazem o trabalho a pensar nos outros e não nos seus desejos e anseios.

Ser artista, seja de que área for, é sentir-se como um ser livre de criação e pensamento sem se preocupar com os outros. Os criadores natos parecem loucos aos olhos da sociedade mas por viverem à sua maneira e fazerem o que querem, são os seres mais puros e dignos por não se deixarem regire pelos outros e pela forma conservadora em que se vive neste planeta feito de preconceitos.

Vejo um rapaz que morde as unhas e sangra tinta

«Vejo um rapaz que morde as unhas e sangra tinta»

Barbara Kingsolver, em A Lacuna

Um bom escritor não o é pelo número de vendas que faz anualmente ou por fazer mais presenças junto do seu público, não sendo a quantidade de venda que define o bom do mau, mas sim a qualidade que na maioria dos casos não é valorizada. Um bom escritor não se valoriza a sim mesmo, trabalha arduamente para ter uma obra com que se identifique e morde as unhas para sangrar tinta sempre que a sua criação não está a seguir o caminho desejado. 

Na literatura existe notoriamente o que acontece em tudo na vida. Os bons com sucesso, os bons sem sucesso e os maus que triunfam ou ficam logo pelo caminho. Na maioria dos casos e a longo prazo, só quem realmente tem queda para as coisas consegue permanecer intocável e vai continuando a somar sucessos que os fazem crescer consoante os anos de carreira. Mas os bons autores só o são através de muita luta interior onde a crença de que se consegue fazer melhor do que o passado e para seu próprio bem os leva a conseguirem ultrapassar-se a si próprios.

Acredito que na literatura os bons são os que depois de anos de carreira a escrevem para si, mas mostrando aos outros o seu trabalho, já não se têm que preocupar com o que o público vai pensar das suas novas criações. Quem gosta de escrever por amor não o faz a pensar em quem lê, mas sim nos seus atuais sentimentos e ambições.

Um autor que será reconhecido após a sua morte e não daqueles que escrevem e escrevem e que não deixam obra feita faz tudo com gosto pelas letras e pela imaginação e não a pensar na sua economia. Os bons que sangram tinta não existem assim tanto por aí neste mundo que é cada vez mais feito a pensar no presente e no salva-se quem puder diário, deixando as coisas bem criadas para outros prismas.

Hoje faz-se tudo para se sobreviver e a pensar se a sociedade vai ou não gostar do que está a ser planeado e preparado, fazendo com que o rigor e qualidade deixem a desejar face a outros tempos. Já não existem assim tantos rapazes que mordem as unhas e sangram tinta!

A Lacuna

A LacunaA Lacuna não é um livro, é algo mais que isso, e depois de ter estado várias semanas, para não dizer mesmo meses, pela prateleira da minha mesa-de-cabeceira à espera de ser lido, quando o puxei para me fazer companhia durante uns dias não sabia que me ia sentir tão bem ao ler esta obra de Barbara Kingsolver. A Lacuna é um dos melhores livros que li nos últimos tempos e embora a história pareça ser pesada, só posso dizer que o que é relatado entre a ficção e a realidade é algo de verdadeiramente arrebatador que conquista qualquer leitor sedento de boa informação e de um bom romance contado em jeito de diário.

Com Harrison Shepherd como protagonista e relator da sua história de vida onde as personagens históricas - Frida Kahlo, Diego Rivera e Trotsky - de quem pouco sabia, mas que fiquei a conhecer e com uma outra ótica das suas vidas, entrei no mundo mexicano ao longo dos anos 20.

A leitura de A Lacuna foi para mim como uma aprendizagem de uma parte da história do México e das figuras que marcaram as artes na altura. Com Shepherd conheci um jovem ambicioso e talentoso, mas que não existiu porque foi uma personagem criada pela autora, mas fiquei a saber como os artistas da época se sentiam e viviam para com a sociedade em guerra partidária.

Harrison Shepherd é um daqueles personagens que aparecem uma vez na carreira do seu criador e conquista quem o acolhe de uma maneira soberba. Eu tenho que confessar que tenho vários elementos que me ligam a esta criação, pela força que fui vendo, pelas opções que foram tomadas, pela energia e pelo acreditar que tudo pode mudar e que vai ser tudo tão bom um dia, quando se conseguirem conquistar vários objetivos ao longo do nosso percurso na terra. Com Harrison percebi que lá atrás na história os apelidados de artistas também sofriam com as suas opções e pelos caminhos que optavam por seguir, mas no fim percebi que quando muito se quer, consegue-se, nem que para isso se tenha que alterar o rumo previamente traçado e que se tenha que começar tudo de novo.

Este livro é o relato de uma época e de pessoas que o tempo foi transformando e empurrando para outras situações e por vezes é com a solidão que se percebe na perfeição de quem somos e com que sonhamos.

Tal como diz no comentário feito pelo jornal Independent que vem em destaque na capa desta edição do Clube do Autor, «De vez em quando lemos um livro que faz com que tudo o resto pareça pouco importante - é o caso deste romance.»

Sinopse

México, 1935. Harrison Shepherd trabalha em casa do muralista Diego Rivera e da sua mulher, Frida Kahlo, com quem estabelece uma amizade profunda e duradoura. Por vezes cozinheiro, outras vezes secretário, mas sempre observador, o jovem regista todas as suas experiências em diários e cadernos. Quando o líder bolchevique Trotsky se refugia em casa dos artistas, Shepherd vê-se inadvertidamente impelido por ele e o seu objectivo de levar uma vida invisível fica pelo caminho. Mais tarde, de volta aos Estados Unidos, onde nasceu, Shepherd acredita que se pode recriar e reclamar a sua própria voz enquanto autor de romances históricos. Inesperadamente, vê-se vítima de um rumor, numa época dominada pela "caça às bruxas", que pode colocar a sua vida em risco… Um poderoso e importante romance acerca da identidade, da nossa ligação ao passado e do poder criativo e destrutivo das palavras. Ganhou o Orange Prize for Fiction.

Harrison Shepherd foi relatando a sua vida em cadernos de vários formatos e feitios, eu tenho feito o mesmo por aqui com O Informador. Será que um dia conseguirei escrever um livro de sucesso como esta personagem da ficção? Eu queria muito!

Parece saído do traseiro de um cão

«Meu Deus, isto assim não vai. Que grande merda. Parece saído do traseiro de um cão.»

Barbara Kingsolver (A Lacuna)

«Parece saído do traseiro de um cão» é o que penso com determinados trabalhos e pensamentos que vejo por aí. Li esta frase e rapidamente a associei a alguns livros que já li, não é que não possa ser encaixada nas mais diversas situações do nosso dia-a-dia, mas o que me surgiu em primeira plano foi a literatura.

Existem pessoas que se acham uns óptimos escritores, apresentando-se como tal, e depois quando pegamos nas suas obras o que lá está é um autêntico lixo, sem existirem coisas boas à volta de tais publicações.

Infelizmente já caí no erro de comprar algumas destas «grandes merdas» e como não sou de deixar livros a meio, tive que as gramar até ao fim, mas não foi por isso que não deixaram de ser más, muito más mesmo.

Para além do que se lê, também existem por aí muitas coisas que não são nada apreciadas por mim e onde só apetece dizer, mas o que é isto ou para ser mais directo, mas o que é esta merda?

Enquanto o mundo for feito por se acharem coisas e não por quem as sabe fazer irá levar algum tempo a ficar tudo encaixado nos seus devidos lugares. Fazer o que não presta por pessoas que não o sabem fazer não vale a pena está? Merda é feita na casa-de-banho e em privado, nada de a andar a espalhar por aí como se fosse uma coisa boa para ser apresentada ao mundo.

Vou ler A Lacuna

A LacunaHá uns meses comprei na Fnac e em preço reduzido o livro A Lacuna, lançado em Portugal pela editora Clube do Autor e da autoria de Barbara Kingsolver. Agora e umas boas semanas depois vou começar a leitura deste livro vencedor do Orange Prize em 2010, sendo também destacado como o Melhor Livro do Ano pelo New York Times.

Sinopse: México, 1935. Harrison Sheperd trabalha em casa do muralista Diego Rivera e da sua mulher, Frida Kahlo, com quem estabelece uma amizade profunda e duradoura. Por vezes cozinheiro, outras vezes secretário, mas sempre observador, o jovem regista todas as suas experiências em diários e cadernos. Quando o líder bolchevique Trotsky se refugia em casa dos artistas, Sheperd vê-se inadvertidamente impelido por ele e o seu objectivo de levar uma vida invisível fica pelo caminho. Mais tarde, de volta aos Estados Unidos, onde nasceu, Shepaerd acredita que se pode recriar e reclamar a sua própria voz enquanto autor de romances históricos. Inesperadamente, vê-se vítima de um rumor, numa época dominada pela "caça às bruxas", que pode colocar a sua vida em risco… Um poderoso e importante romance acerca da identidade, da nossa ligação ao passado e do poder criativo e destrutivo das palavras. Ganhou o Orange Prize for Fiction e foi também finalista do PEN/FaulknerAward.

Quando comprei este livro pensei que o iria ler passados uns dias e o que me chamou a atenção para o trazer comigo foi o de ter sido premiado e o de também estar a um bom preço. Já em casa e nessa altura achei que não estaria preparado para ler uma história pesada como esta me parece ser, mas agora chegou o momento, como tal, lá me vou eu atirar para esta Lacuna e depois contarei o que achei.