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Título: Prisioneira do Tempo | Livro I - Recife

Autor: Patrícia Madeira

Editora: Cultura Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Junho de 2021

Páginas: 864

ISBN: 978-989-9039-55-1

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Um momento de dor extrema conduz Manuela, sem que o compreenda, a uma viagem no tempo. Chega ao Brasil de 1813, um território sob domínio português, onde na sombra cresce a Revolução Pernambucana, o primeiro movimento a ultrapassar a fase conspiratória, um passo inspirador para a independência do Brasil da coroa portuguesa, que anos antes fugira de Lisboa para o Rio de Janeiro.

Enquanto tenta adaptar-se a um mar de adversidades e preconceitos que resultam da diferença entre séculos, o inesperado acontece-lhe... apaixona-se por um militar e acaba rendida às emoções de uma vibrante história de amor. Manuela revive episódios históricos e cruza-se com personagens verídicas. Convive com a realeza e choca-se com o mais hediondo negócio de todos os tempos… a escravatura.

Uma mulher entre dois territórios, uma alma que se procura a ela própria. Pelos olhos desta viajante assistiremos às origens, tão apaixonadas quanto violentas, de uma nação. Tal como um centelha provoca um incêndio, há um primórdio para toda uma existência. Será possível alterar o passado? Valerá a pena lutar contra o destino ou será o próprio sofrimento o passaporte para o futuro?

 

Opinião: Em Portugal encontrei Manuela em pleno século XXI, a viver um casamento com Henrique quando sofre com a perda da mãe. Do nada, aparentemente sem explicação, Manuela acaba por ser arrastada no tempo e dá por si a viver no ano de 1813 na cidade de Pernambuco, no Brasil. A premissa está lançada e com ela surge um bombom adicional, é que nesta união entre ficção e factos históricos, a portuguesa vive numa época diferente da sua, com todas as condicionantes que tal mudança leva consigo, mas a memória e o conhecimento continuam consigo, ajudando a saber o que poderá acontecer como uma antecipação dos factos perante o seu novo dia-a-dia.

Uma mulher dos nossos tempos que do nada se vê perante comportamentos inaceitáveis de outra época e que percebe que ao estar, sem saber como, sujeita a permanecer num espaço e tempo onde não pertence, da resignação passa à aceitação e com esse modo de estar transforma-se na apelidada por Mulher do Povo, diferente das da época e incapaz de ficar de braços traçados enquanto as injustiças e desigualdades desfilam ao seu redor.

De novo apaixonada por um homem de outra época, o coronel Francisco, que percebeu a sua diferença e rapidamente ficou rendido ao seu modo de estar e olhar para a sociedade, Manuela é a grande opositora dos costumes e ainda hábitos vividos, transformando-se num forte rosto da oposição civil, enfrentando os tempos da escravatura, a fragilidade das mulheres que são mantidas longe das grandes decisões da família e por consequência da comunidade, servindo como um ser reprodutor e cuidador. Com Manuela a interferir e ao se tornar um símbolo de obstinação, o debate perante o preconceito e a mudança para uma sociedade feita de bastantes desigualdades acontece perante esta mulher que não se deixa abater e enfrenta quem se colocar pela frente, desbravando caminhos sem medos, indo de encontro ao que nos tempos de hoje é a normalidade e que no passado histórico aconteceu como um mal maior entre as várias faixas sociais que se usavam e rebaixam como forma de progressão.

Manuela é a generosidade liberal com a paixão pela liberdade e o amor ao próximo a prevalecerem na forma de estar de uma mulher de causas, sem medos, ousada e que para todos se apresenta bem à frente do seu tempo, sem saberem que na realidade o seu tempo está no século XXI e longe deste passado no século XIX. No entanto enquanto leitor vejo também nesta mulher a demonstração que o amor e a amizade, a lealdade e confiança são vividos por outras épocas e que nos dias que correm são meros simbolismos muitas vezes desprestigiados por uma sociedade corrida e que vive cada vez mais de aparências. 

Prisioneira do Tempo é um livro que trás para junto do leitor a história e o conhecimento ao mesmo tempo que um belo romance é contado pela forma suave, leve e apaixonante como a sua autora, Patrícia Madeira, criou este enredo onde a paixão, os conflitos e desigualdades, a união e a crença, a música e o oportunismo, a dor e o poder se cruzam num ambiente histórico que marcou a sociedade portuguesa e brasileira e pela qual Manuela conseguiu passar, deixar o seu cunho pessoal como se tivesse a ajudar a alterar o futuro que é seu.

E no final, como ficar pendente com a Manuela a deixar os tempos passados em Pernambuco mas sem regressar ao século XXI? Isto é pedir a continuação da história para que esta conquistadora liberal portuguesa não perca o seu fio condutor e continue a apaixonar o leitor. 

Confesso que ao olhar para as mais de oitocentas páginas de romance que fiquei reticente por poder sentir a certo ponto algum cansaço, mas nada disso aconteceu, sendo este um romance histórico que recomendo pela sua qualidade, leveza e forma como a autora conseguiu criar um enredo sem entraves. 

Próximo!

 

Se ficaste com curiosidade, encomenda já o teu exemplar de Prisioneira do Tempo, Livro 1, Recife, de Patrícia Madeira

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