Perfeitos Desconhecidos | Força de Produção
Teatro Maria Matos
Pensas que conheces o teu parceiro e os teus amigos de tão próximos que são mas se fores ao Teatro Maria Matos ver Perfeitos Desconhecidos percebes rapidamente que podes desconfiar que afinal o que sabes e suspeitas nem sempre vai de encontro à verdade que está no outro.
Num jantar de amigos, em noite de eclipse lunar, a anfitriã propõe um jogo que desde logo promete celebrizar a frase musical, «vai dar merda, vai dar merda», ao longo da noite. Os telemóveis são deixados sobre a mesa, desbloqueados, com som e todas as chamadas serão atendidas em alta voz, mensagens e emails lidos, notificações mostradas e eis que tudo começa até de forma pacífica até que os segredos de uns e as omissões ou os mal entendidos de outros surgem e o que prometia ser um bom momento entre amigos acaba por terminar num círculo vicioso de decadência entre pessoas que se gostam e que percebem que afinal não se conhecem assim tão bem para se considerarem amigos.
Com Sara Barradas e Filipe Vargas como anfitriões do jantar que conta com as personagens de Carla Maciel, Cláudia Semedo, Jorge Mourato, Martinho Silva e Samuel Alves, Perfeitos Desconhecidos é daqueles espetáculos onde dá para rir, por vezes por se perceber que talvez lá em casa seja assim mesmo que as coisas acontecem, ou até para deixar a lágrima no canto do olho quando a verdade sobre a sugestão deste jogo surge e se percebe que a mesma nem devia ter acontecido.
Um bom espetáculo com um excelente elenco e boa capacidade para não existirem momentos mortos ao longo de quase duas horas de sessão. Com recurso a vídeo para se conseguir perceber quem está do outro lado do telemóvel, tal como o que é dito, de que forma e as imagens enviadas, estes Perfeitos Desconhecidos têm todos os condimentos necessários para agarrar desde o início o público que se deixar conduzir para a sala por procurar um bom produto de entretenimento teatral.
Friso que o Teatro Maria Matos e a Força de Produção mantém todos os cuidados de distanciamento e higiene, sendo até esta sala lisboeta uma das melhores para o momento que travessamos, uma vez que as fileiras são distantes entre si, os lugares estão marcados com separação e quem fica atrás ou à frente fica com uma boa distância de segurança.
Voltem ao teatro, vejam, a dois ou com amigos, Perfeitos Desconhecidos e deixo aqui uma sugestão, nos momentos mais tensos entre as personagens em cena podem olhar para o vosso parceiro e não ficarem estáticos e em silêncio como quem diz «nem me vou pronunciar» ou ainda «não me revejo em nada nesta situação». Uma peça de Paolo Genovese recomendada, refletiva e ao mesmo tempo bem humorada que podes ver pelos próximos meses.
TODOS TEMOS UMA VIDA SECRETA
Um grupo de amigos de longa data organiza um jantar. A anfitriã propõe um jogo: cada um deixa o telemóvel sobre a mesa e cada mensagem ou chamada que chega é lida e ouvida por todos, afinal entre amigos não há segredos.
Alguém tem algo a esconder? Jogamos?
A partir deste momento as surpresas e reviravoltas sucedem-se em espiral.
Alternando entre o drama e a comédia, os segredos de cada um serão revelados, no final da noite nada será como dantes e os amigos descobrem quem são, afinal, Perfeitos Desconhecidos.
Texto Paolo Genovese
Encenação, Tradução e Adaptação Pedro Penim
Cenário Joana Sousa Figurinos Joana Barrios
Desenho de Luz Luís Duarte
Sonoplastia Sandro Esperança
Vídeo Joana Linda
Assistente de Encenação Bernardo de Lacerda
Produção Força de Produção
Com Carla Maciel, Cláudia Semedo, Filipe Vargas, Jorge Mourato, Martinho Silva, Samuel Alves e Sara Barradas
Agradecimentos YSL Beauté / Sara Mendes e Mário Dias, Griffehairstyle / Helena Vaz Pereira, Beatriz Frazão, Inês Aires Pereira, João Maria Pinto, José Raposo, Manuel Moreira, Nuno Barbosa, Rodrigo Saraiva