Os 39 Degraus
O regresso de Rita Pereira aos palcos é um fator irresistível para assistir à comédia teatral Os 39 Degraus, mas esta produção da Yellow Star Company está tão bem conseguida, em termos de encenação e casting, que todo o elenco conquista e rapidamente nos esquecemos do rosto mais conhecido e entramos no mundo misterioso do crime que envolve um gentleman inglês interpretado por Pedro Pernas.
Em cena no Teatro Armando Cortez, Os 39 Degraus, conta no elenco também com João Didelet, que dispensa apresentações pela sua excelente presença em palco, principalmente em papéis cómicos, e também com Martinho Silva que se mostra bem competente e uma surpresa dentro do estilo. Com uma história meia baralhada e enrolada com o trás e volta, corridas e fugidas para que se mantenha o mistério longe das garras dos inspetores, outrora policiais ou simplesmente capangas do crime, a intenção é proteger o segredo que envolve algo, que não vos posso contar, que é apelidado por 39 degraus. Começa tudo ai, com o solitário inglês a ter contacto com o possível segredo, uma morte e a fuga. Entre fugir e voltar ao local de partida, tudo e mais alguma coisa acontece, cruzando-se esta personagem com várias criaturas humanas bem peculiares e que habitam por lugares tão estranhos como tudo o que acontece ao longo de praticamente cem minutos e talvez uns trinta e nove segundos.
Neste espetáculo o que destaco mesmo é, sem margem para dúvidas, a boa prestação dos atores que têm uma encenação fantástica ao encargo de Cláudio Hochman que com pequenos pormenores e comentários aliados a expressões faciais e corporais, que parecem estar fora de contexto mas que acabam por encaixar no desenrolar da história, conseguem convencer e entreter com bom tom o público do início ao fim. Rita Pereira, quem não a vê como atriz multifacetada que lhe coloque os olhos em cima e depois volte a opinar. João Didelet, o homem dos palcos e com visão de encenador. Pedro Pernas rigoroso e competente. Martinho Silva, o ator que é a surpresa com bonecos bem realizados.
A Yellow Star Company mais uma vez está de Parabéns por várias particularidades! Primeiro aposta no Teatro Armando Cortez, uma sala em Lisboa, mas não nas vias e locais centrais. Segundo, o espaço que fica situado junto à Casa do Artista tem recebido peça atrás de peça sem deixarem que o público se afaste, já que de dois em dois meses ou no máximo três meses a produtora aposta em nova estreia e com novo elenco, convidando a um regresso. Os elencos de projeto para projeto têm vindo a melhorar e isso aliado à boa promoção intensiva por redes sociais, televisão, imprensa e espaços publicitários e com os trabalhos adaptados de textos já reconhecidos internacionalmente tem feito com que a sala receba cada vez mais público em cada sessão, mostrando que não se pode pensar, criar e deixar acontecer. Tem que se apostar de forma contínua e isso tem acontecido com esta produtora que está a formar assim uma casa cada vez mais concorrida e à qual todos os amantes de teatro se vão habituando.
Os 39 Degraus é uma comédia descomplexada e ideal para um momento de descontração numa noite de Primavera.
Quando um ilustre e bem parecido gentleman inglês é procurado por um crime que não cometeu e se vê enredado numa teia de espiões, isto significa que estamos perante "Os 39 Degraus". Uma peça que leva ao palco quatro corajosos atores que, sozinhos, desempanham mais de 100 personagens, num dos mais brilhantes espetáculos da Broadway e de West End.
O resultado é uma comédia a alta velocidade que tem intriga, espionagem, aventura, heróis, vilões, romance e muitas gargalhadas!
Adaptação: Paulo Sousa Costa
Produção: Yellow Star Company
Encenação: Cláudio Hochman
Interpretação: Rita Pereira , João Didelet, Martinho SIlva e Pedro Pernas
Tradução: Sílvia Baptista
Música e Sonoplastia: Alexandre Manaia
Som: Pedro Freitas
Desenho de Luz: Sérgio Moreira