«Obrigado!» pelo «Bom dia!»
Custa a muitos os primeiros momentos do dia, mas custa também passar pelas pessoas irritadiças da manhã, aquelas que não conseguem cumprimentar com quem se cruzam, murmurando de quando em vez algo entre dentes só porque sim e sempre com medo que do outro lado possam colocar conversa.
Talvez não seja a melhor pessoa para falar de bom humor matinal porque não existe em mim boa disposição pela primeira hora do dia, para mais quando o trabalho espera, mas pelo menos consigo não mostrar aos outros o que me vai na alma. Interiormente posso estar todo queimado e cheio de nós no pensamento, a desejar que não falem muito porque existem dias que nem raciocinar tento nos primeiros momentos, mas pelo menos disfarço e raramente sou detetado.
Chego ao trabalho cinco minutos após sair de casa e quando deixo o carro o rosto muda obrigatoriamente de expressão porque não sou de demonstrar aos outros o meu mau humor. Como consigo disfarçar exijo um pouco mais dos comportamentos de com quem me cruzo para irem de encontro ao que defendo. Será que o mundo que nos rodeia é assim tão mau para não se transmitirem os «bons dias» aos colegas? Poderia pensar que o mal podia estar na pessoa a que o mal humorado tem de cumprimentar, mas quando o mesmo comportamento matinal de um ser acaba por ser colocado em prática perante toda uma equipa a perceção acaba por ser exatamente universal, mostrando que o mal está no mal humorado da manhã e não nos outros.
Não custa nada cumprimentar com quem nos cruzamos, familiares, amigos, conhecidos ou desconhecidos. Certo que não ando a dar os «bons dias» a tudo e todos, mas a quem tenho um mínimo de conhecimento por frequentar por vezes os mesmos locais, convém, seguindo as regras da boa educação, ter uma palavra simpática de quando em vez.
Esta é uma ideia que me foi sendo imposta ao longo do crescimento e que vou seguindo nos dias que correm e com intenções de que seja sempre assim, o que não parece ser um ato comum a todos. Infelizmente vejo cada vez mais indivíduos a não conseguirem lidar com a boa educação como pessoas adultas e que devem seguir os comportamentos, mesmo que mínimos, adequados para viverem em sociedade.