Autor: Nina George
Lançamento: Fevereiro de 2017
Editora: Editorial Presença
Páginas: 328
ISBN: 978-972-23-5961-0
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Jean Perdu é proprietário de um negócio tão especial quanto extraordinário: a Farmácia Literária, uma livraria instalada num barco atracado no rio Sena, em Paris. Ao invés de vender medicamentos, receita livros como remédio para os males da alma. Porém, embora saiba aliviar a dor dos outros, não consegue atenuar a sua própria dor. O que Monsieur Perdu não sabe é que a descoberta de uma carta do seu passado está prestes a mudar-lhe o destino. Depois de a ler, Jean encontra-se numa encruzilhada: continuar uma existência sombria e dolorosa ou embarcar numa viagem ao Sul de França, até à Provença, ao encontro da reconciliação com o passado e da beleza da vida.
Opinião: Primeiramente o leitor começa por se apaixonar pelo mundo criado por Jean Perdu na sua embarcação transformada em livraria num porto do rio Sena, em Paris. Para quem gosta de livros logo a premissa consegue conquistar, só que depois com o passar de cada capítulo rapidamente percebemos que por detrás da dedicação de Perdu existe uma solidão causada por um acontecimento do passado e aí tudo se começa a transformar.
Confesso que ao perceber que aquela embarcação iria sair do seu lugar para viajar em busca de uma verdade que o leitor já conhece não consegui aproveitar e saborear o momento, achando desnecessário o desapego ao local que sempre acolheu o médico literário que dá conselhos sobre que obra deve ser lida perante as circunstâncias de cada cliente. Engoli em seco, perdi um pouco de interesse e fiquei a naufragar na leitura, só que a dado momento e depois de pensar como a descrição de cada local visitado era feita de forma rápida sem revelar grandes pormenores, acontece o virar da história. De um momento para o outro tudo muda e se existem livros que podem não estar a conquistar mas que na reta final conseguem dar a volta a toda a situação, O Livreiro de Paris é um deles.
A procura de Jean pela verdade conhecida do leitor era evidente, mas que final poderia esta obra ter se já sabemos que a ilusão do pensamento não existe? Pois, ai está a grande surpresa! Entre uma viagem de conhecidos que viram amigos, aqueles que a dado momento da vida todos achamos não precisar para seguir em frente, o conhecimento e sonhos dão lugar à realidade e à mudança tanta vez necessária para se poder seguir em frente. E foi aqui que acabei por ficar surpreendido enquanto leitor, já que em algum momento desconfiei do que estava para acontecer com o aparecimento de uma história que começou no passado e que tem um presente bem especial e contado de forma simples mas verdadeira, daquelas que queremos seguir e saber um pouco mais.
O tempo congela com a dor ao longo de anos, mais de duas décadas, para Jean Perdu e quando o conselheiro literário percebe que pode dar uma nova oportunidade à sua vida opta por fugir da mudança e procurar um passado que já não existe, sem nunca esquecer o que deixa por vontade própria para trás. Só que por circunstâncias que por vezes acabam por ser inexplicáveis, aparece-lhe pela frente de forma alterada pelo tempo um presente que tinha feito uma vida parar no passado, provocando assim um revirar de página total, ajudando a quebrar com todos aqueles anos de paragem para se conseguir finalmente fechar um ciclo agora com novas perspetivas.
Um final feliz, um pouco ao estilo das histórias de encantar que começam com o «Era uma vez...» e terminam com o «... foram felizes para sempre» e que consegue ganhar pontos para com a mais fraca viagem por vários locais míticos de França. Pelo início e pelo grande final desta obra, vale a pena esquecer os momentos mais fracos pelo meio.