O Homem Mais Inteligente da História [Augusto Cury]
Autor: Augusto Cury
Editora: Pergaminho
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Abril de 2017
Páginas: 288
ISBN: 978-989-687-400-1
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Psicólogo e pesquisador, Dr. Marco Polo desenvolveu uma teoria inédita sobre o funcionamento da mente e a gestão da emoção. Após sofrer uma terrível perda pessoal, vai a Jerusalém participar num ciclo de conferências na ONU e é confrontado com uma pergunta surpreendente: Jesus sabia gerir a própria mente? Ateu convicto, Marco Polo responde que a ciência e a religião não se misturam. No entanto, instigado pelo tema, decide analisar a inteligência de Cristo à luz das ciências humanas. Ele esperava encontrar um homem simplório, com poucos recursos emocionais. Mas ao mergulhar na inquietante biografia de Jesus presente no Livro de Lucas, as suas crenças vão sendo pouco a pouco colocadas em xeque. Para empreender essa incrível jornada, Marco Polo vai contar com uma mesa-redonda composta por dois brilhantes teólogos, um neurocirurgião de renome e a sua assistente, a psiquiatra Sofia. Juntos, vão decifrar os sentidos ocultos num dos textos mais famosos do Novo Testamento. Os debates são transmitidos via Internet e cativam espectadores em todo o mundo – mas nem todos estão preparados para ver Jesus sob uma ótica tão revolucionária. Agora os intelectuais terão que lidar com os seus próprios fantasmas emocionais e encarar perigos que jamais imaginaram enfrentar.
Opinião: Estreei-me na leitura da obra de Augusto Cury e desde logo tive uma agradável surpresa. Primeiramente sempre achei que os livros do psiquiatra eram mais técnicos e ao desfolhar O Homem Mais Inteligente da História, antes de iniciar a leitura, logo fiquei a perceber que afinal a narrativa vive bastante do romance, existindo uma história por detrás da teologia, que neste caso é a arma forte da publicação.
Nesta obra e embora o centro esteja no nascimento e vida de Jesus e nos caminhos de Maria, ao longo de uma conversa entre dois teólogos e dois cientistas ateus o debate é aprofundado em plena mesa redonda que se torna no centro de uma assembleia mundial que aos poucos vai debatendo um tema controverso para a sociedade. Primeiro a cinco, já que são moderados por Sofia, a assistente de Marco Polo, o nosso ateu cheio de dúvidas, e aos poucos a discussão começa a ser vista com outros olhos com assistência ao vivo que palavra puxa palavra se vai juntando até que todos começam a ter a oportunidade de ver e debater de forma online esta discussão de ideias religiosas que começa a ganhar contornos bem complexos e por vezes perigosos.
Marco Polo, o protagonista que Augusto Cury adotou há uns anos para elaborar as suas histórias, circula assim por uma crença em que não acredita, mas sobre a qual e com a força dos acontecimentos pessoais começa a pesquisar e a elaborar uma outra ideia sobre a versão bíblica que é contada acerca do impulsionador do Mundo. A morte do seu grande amor, a entrada do filho num mundo perigoso e complicado de se lidar e a faltar de apoio mostram como um acontecimento consegue alterar vidas, desfazendo uma família que passa por ser um espelho social dos tempos modernos.
É com o seu próprio exemplo e pelo confronto de uma questão que Marco Polo começa a analisar a gestão de Jesus perante a sua mente. Será que o Mundo está preparado para analisar Jesus Cristo de um ponto de vista diferente e até distante do que tem sido pretendido pelo líderes religiosos? Não estaria este homem que pretendia espalhar a paz capacitado de sabedoria para circular pelo meandros dos que o enfrentavam para os conseguir moldar às suas vontades e crenças? Afinal de contas, Jesus era um homem simples e sem recursos emocionais ou essa é a imagem que a grandeza da religião pretende passar acerca de um ser que conquistou amigos mas também muitos inimigos pela sua personalidade e forma de defender o seu povo?
Ao longo da leitura fui colocando também várias questões acerca da história bíblica conhecida, sobre a qual não consigo acreditar devido à forma floreada, recheada de certezas e heróis que de certo não seriam tão lineares como é feito passar aos outros, cópia atrás de cópia, tradução atrás de tradução. Tudo foi sendo alterado com as passagens dos séculos mas a convicção permanece.
O que consegui retirar de O Homem Mais Inteligente da História foi primeiramente a visão dos crentes de acreditarem em algo para conseguirem seguir em frente, como se agarrados à crença a vontade de alterar o rumo de qualquer situação se alterasse. Sempre vi a religião como um escape para os fiéis e aos poucos, talvez mais pelos últimos tempos, através da leitura e com as presenças em locais marcantes da igreja católica, tenha alterado um pouco da visão que tinha. Não deixei de ser um descrente porque na mente existem várias questões que talvez seja complicado terem uma resposta plausível, mas já acredito que por vezes existem mistérios que nos fazem alterar as convicções e que não é impossível olhar de outra forma para um campo que agora ainda vejo com um certo misticismo e como um culto com o qual não me quero envolver.
O início de uma trilogia que não é dedicada somente a crentes que se queiram questionar acerca do que acreditam, mas sim a todos aqueles que precisam de olhar um pouco mais para si e para os que nos rodeiam porque tudo pode terminar amanhã. Tal como Marco Polo acabou por defender, Jesus lutou pelo que acreditou até ao fim, dando valor a todos, até aos seus inimigos porque todos merecem novas oportunidades para remediarem os seus erros. Viver para ser feliz com o que se acredita para poder um dia partir com o sentimento de dever cumprido.