O Caderno de Maya
Há uns anos, talvez aí uns dois, li A Casa dos Espíritos, a obra mais vendida e bem comentada de Isabel Allende, e posso afirmar que não gostei nem um pouco da sua história, tendo colocado a autora de lado pelas minhas preferências, agora resolvi dar uma segunda oportunidade através de O Caderno de Maya e a minha opinião melhorou substancialmente!
Fazendo a história decorrer na época da ditadura chilena, Isabel Allende retrata através de Maya, a protagonista inspirada nos filhos do seu companheiro devido aos problemas com as drogas, como o sistema político do país massacrou o povo ao longo de quase duas décadas. Descrevendo o Chile através de lendas e presságios, anões e bruxas, visões, suposições e astrologia, coincidências e espíritos, a autora retrata a vida difícil de uma adolescente que foi optando por seguir caminhos indesejados pela maioria. Da cidade do caos à calma da aldeia, Maya percorre o mundo com vivências que a transportam num elevador de rotação máxima!
As drogas e a vida boémia que mudam o futuro através das suas dependências e alteram as verdades com o sofrimento dão o mote para esta história narrada de forma perfeita, com as descrições essenciais para cativarem os leitores e sem esconderem as verdades, tal e qual como elas acontecem pelos recônditos ou locais mais luminosos do mundo.
Gostei da mensagem que foi sendo partilhada ao longo do livro, tendo tido uma surpresa no final, o que não gostei assim tanto porque existem histórias pelas quais torcemos para acabarem em bem, só que também existem vidas ficcionadas pelas quais o desenrolar dos acontecimentos e as atitudes fazem com que o leitor acabe por querer que as mesmas personagens tenham o final menos digno da literatura, o que não aconteceu neste caso.
O Caderno de Maya não é uma história onde impera a felicidade, só que os altos e baixos da personagem transformam esta jovem numa pessoa boa pelo final, parecendo que foi perdoada por tudo o que fez e também sofreu. É ficção bolas, podemos também relatar finais infelizes ou não? Pelo menos assim o esperei e isso não aconteceu! Não, a Maya não acabou como desejava, parecendo que encontrou um mundo florido e colorido onde o seu passado foi completamente esquecido.
Um livro bom, com um desenrolar bem conseguido e um final patético! Bem acima de A Casa dos Espíritos, mas sem me conseguir surpreender totalmente!