Não empresto livros
Leio, tenho centenas de livros em casa que já passaram pela vista e umas quantas dezenas por ler, no entanto quando me pedem emprestado um bom livro a minha resposta é negativa. A razão é simples e direta... Não empresto livros por vários motivos e também porque sou chato, picuinhas e teimoso! Sim, sou, admito e não há volta a dar!
Uma das razões pelas quais não empresto os livros que já li é simples, sou controlador com as minhas coisas, podendo emprestar muita coisa, mas literatura não o faço porque além de por vezes ficarem esquecidos, ainda conseguem regressar como não foram e se não estrago não gosto que os outros o façam em algo que é meu. Tenho várias situações que me levaram a ter este pensamento e modo de agir e passarei de seguida a enumerar algumas histórias que se passaram com empréstimos que fiz e que não correram como era pretendido.
A situação mais caricata que já tive foi com um romance que li e que emprestei logo de seguida na boa fé que o mesmo me iria ser devolvido, para mais com alguém que me via constantemente. Entreguei o livro, nos primeiros dias fui tendo informações que estava a ler por me contar em que parte da história ia, mas com o tempo fez-se silêncio, não questionei mas achei estranho. As semanas passaram e como o livro não regressava resolvi perguntar se não o tinha lido para o entregar. Leu sim, mas resolveu emprestar a um familiar que ainda não o tinha entregue. No momento não reagi, tendo sido apanhado de surpresa, e devo ter proferido um «ok», deixando passar, mas os dias avançaram e o livro não regressou, voltando a questionar e obtendo resposta negativa, tendo ai sim reagido e dito que o livro tinha sido emprestado à pessoa em questão e não para andar a passar de mão em mão sem me ter pedido autorização. Não gostou e só posso dizer que aquele livro nunca mais voltou a casa! A conclusão foi que empréstimo àquela pessoa não voltou a acontecer, mesmo após anos em que voltou a pedir e me fiz sempre de esquecido. Não correu bem da primeira vez e o mal foi logo assim cortado, só tendo pena da pessoa não ter percebido para voltar a insistir.
Também tenho uma situação já com uns anos em que emprestei dois livros para umas férias na praia na boa fé que tudo ia correr bem. Mas não, claro que um leitor de Verão não estima a literatura como um leitor regular. Quando me voltou a entregar os livros, e mesmo tendo só lido um, ambos vinham com as folhas amarelas, dobradas e com areia pelo meio. Vou para a praia, levo o livro que estou a ler no momento e não dou cabo do volume, como é que numa semana conseguiram destruir dois livros em menos de nada? Falta de cuidado!
Por fim tenho aquelas situações em que emprestei e percebi que passado um mês os mesmos não foram lidos, tendo de pedir para os devolverem porque se fizeram esquecidos como quem não quer a coisa. Será que as pessoas que não leem com regularidade se esquecem que emprestar não é dar? É que existe uma grande diferença entre os dois verbos, parecendo para alguns que emprestar e dar é tudo a mesmíssima coisa!