Literatura | Preferidos de 2017
2017 foi o ano em que um maior número de obras literárias me passaram pelas mãos e pelos olhos. Li quarenta livros de forma completa, e quem segue o blog regularmente já deve saber que mesmo que não goste não deixo uma leitura a meio. Além de continuar a acompanhar vários autores de que gosto, percebi que é na novidade e desconhecido que tenho também de fortalecer a leitura, ganhando novos conhecimentos através dos diferentes estilos cada vez mais usados pelas obras lançadas. Agora que 2017 termina, faço um balanço literário, elegendo os três livros que mais me chamaram a atenção entre as quatro dezenas que me fizeram companhia.
Em primeiro lugar tenho a destacar, sem qualquer dúvida no momento da escolha, um livro documentário que me fascinou do início ao fim. É Isto que Eu Faço, de Lynsey Addario, onde uma foto jornalista conta através de imagens e através de uma escrita fluída e sincera a realidade que enfrentou ao longo de anos em que viveu entre destroços de guerra por vários continentes, enfrentando inúmeros contratempos e colocando a sua própria vida em risco. Este é dos melhores auto retratos que li até hoje, percebendo a crua realidade que é descrita pela autora que não se deixou levar por palavras bonitas como forma de embelezar o que verdadeiramente quis contar. É Isto que Eu Faço é a realidade que muitos viveram pelos quatro cantos do Mundo, entre batalhas e o que restou após os grandes conflitos gerados pelas grandes potências. Esta obra marcou-me, sendo um verdadeiro prodígio literário para quem gosta de perceber quem está do outro lado da barricada e vive os momentos dramáticos pelo amor à profissão.
Numa segunda posição coloco Confissões de Inverno, da autoria de Brendan Kiely, onde a pedofilia no seio da igreja centra toda a ação da história. Retratando a vida de um jovem adolescente de 16 anos, esta obra revela de forma comovente os conflitos interiores do crescimento e a descoberta do amor. Uma aparente calma sociedade onde os rostos religiosos mostram grande presença junto da comunidade, mas que no interior do seio católico acabam por cometer crimes em busca do prazer carnal através do envolvimento e engano de mentes que estão em desenvolvimento e que necessitam de amparo. Uma história surpreendente e que gera um conflito de sentimentos pelos atos e suas repercussões no futuro de cada um.
Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen, aparece como terceiro elemento literário que me conquistou em 2017. Centrado num seio familiar do século XIX com duas jovens com idades para casarem, toda a ação é centrada em duas irmãs, Elinor e Marianne, tão distintas entre si que acabam por causar o contraponto que dá o nome ao livro. Se em Elinor a calma e o pensamento racional são notórios, já com a sensível Marianne tudo é vivido à flor da pele, não existindo tempo para pensar em cada ação tomada. Sensibilidade e Bom Senso acaba por ser uma obra onde um retrato da sociedade é feito sobre o momento mas onde os contornos conseguem ser tão visíveis perante os tempos modernos que agora vivemos. Uma obra que acolhe o leitor desde o início através de descrições concisas e perfeitas onde o desenvolvimento com cada personagem acaba por acontecer, dando um bom fio condutor para o desenvolvimento que é feito. Não fiquei totalmente satisfeito com o final que a autora deu a determinadas personagens, no entanto a riqueza de toda a obra acaba por fazer com que o desfecho seja um ponto ínfimo numa grande obra. A esperança sobre um futuro melhor onde «o Amor acontece» é uma das bases deste romance que todos, em alguma altura da sua vida deverão ler.