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O Informador

Lidar com a Morte

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A morte é sempre um peso que surge na vida de quem fica e se vê confrontado primeiramente com o sofrimento, depois com a dor da perda. Existindo vários estados que antecedem a morte onde o sofrimento lento e devastador magoam, causando bastante dor a quem mal está e a quem trata, mas existindo também a perda rápida em que de forma quase súbita tudo termina. Onde o choque é maior?

Mais uma vez e não de forma familiar, fiquei confrontado com a morte de quem me viu praticamente nascer e crescer. Andou comigo ao colo, praticamente todos os dias me dava os bons dias quando ia para o trabalho e passava junto ao seu quintal. Há menos de uma semana fiquei sem o sorriso fácil, a disposição diária e senti essa falta. A doença levou-a para o interior de casa, descaindo de dia para dia, até que a escuridão surgiu numa madrugada.

Fui acordado quando o sol ainda mal espreitava, o INEM já estava na rua, percebi o fim, fiquei sentado na cama a refletir no que naquele momento parece não estar a existir. Aconteceu, de forma rápida, a queda vertiginosa para um poço sem fundo e onde o regresso já não acontece. Um dia começou mais cedo que o habitual, já não consegui dar a volta ao peso que logo senti e a perceção que a rua ficou mais pobre foi incrível. Quem me dá agora os bons dias quando saio do meu espaço e entro na rua? Não existe agora a vizinha, tudo se altera, ficamos mais pobres, vazios e sós. 

Existem pessoas que sempre fizeram parte de nós, mesmo não sendo família estavam e sempre estiveram lá, e agora não estão, deixando lugares vazios e sem sentido. A perda causa sofrimento, magoa e deixa tanto para pensar sobre quem somos e acima de tudo o que andamos a fazer nesta passagem viva por uma civilização com principio, meio e fim. Hoje estou magoado, sentindo o vazio que cada partida deixa no espaço dedicado a cada um.

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