Leituras de Setembro
O Vendedor de Histórias, A Verdade sobre o caso Harry Quebert e O Fim da Inocência formaram o meu trio literário do mês de Setembro e se o primeiro foi bom, o segundo não lhe ficou a dever nada e o terceiro então quis suplantar os seus antecessores. Cada qual com o seu estilo, Jostein Gaarder, Joël Dicker e Francisco Salgueiro foram os meus autores do último mês e que tão boa companhia me fizeram!
Com uma escrita fluída e que dá vontade de continuar a querer saber mais, Jostein Gaarder surpreende com a criação de um maravilhoso romance em O Vendedor de Histórias. Através da sua característica forma filosófica e sem pensar nas grandes massas, o autor criou um romance onde revela os pensamentos de um jovem autor, que sonha, torna real e transforma as suas vontades e crenças na realidade dos outros. Um ser raro, que consegue criar histórias para dar e vender aos autores que procuram o sucesso através das mentes brilhantes que se escondem por trás dos grandes holofotes. Contando várias histórias, em jeito de contos espalhados por um sublime romance, Gaarder transporta o leitor por uma escrita fluída que mostra o outro lado dos verdadeiros autores, os que tudo concretizam e que nem sempre anseiam pelo sucesso.
A Verdade sobre o caso Harry Quebert
Tirando o facto deste romance relatar a história de um sublime escritor e depois mostrar pequenos trechos sem nada de grandioso sobre essa mesma escrita, A Verdade sobre o caso Harry Quebert é um bom livro! Um crime de anos, um romance proibido e um amor relatado são os principais ingredientes desta obra da autoria de Joël Dicker, que através de Marcus conta a história sobre o verdadeiro culpado de vários crimes que foram acontecendo numa pacata vila, mostrando que a aparente verdade acaba por ser desfeita através de pequenos pormenores onde a amizade e a crença prevalecem. Uma longa investigação e vários suspeitos que levaram milhares de leitores a ficarem agarrados a este romance que tem feito furor pelos tops europeus nos últimos tempos, tendo sido um livro premiado em várias frentes. Mesmo com alguns deslizes, eu gostei e fiquei rendido ao género criado e a prova disso é o facto de ter ficado agarrado a esta história da mesma forma que Harry se viu envolvido com Nola, contra tudo e todos.
Sim, eu peguei em O Fim da Inocência e pensei que este seria mais um livro sobre adolescentes e que não iria passar disso, chegando até a gozar com quem o andava a ler. No final posso dizer que Francisco Salgueiro não recriou uma história real, mas além de usar todos os argumentos que teoricamente lhe foram contados, ainda criou alicerces para formar, através de uma história de vida, um grande livro que prende o leitor do início ao fim, tanta a vontade de se querer saber mais sobre o percurso da Inês. Droga, sexo, risco, confronto, mentira… São alguns dos alicerces desta história que mostra como nos dias que correm tudo começa a acontecer de forma bem precoce na vida dos miúdos e as descobertas acontecem quando e onde menos se espera e se por um lado uns podem descobrir e ficar-se por aí, existe sempre quem queira mais, influenciados ou não pelas companhias que procuram as mesmas experiências, querendo crescer e viver como adultos despreocupados. Neste diário secreto de uma adolescente portuguesa, o autor transforma-se na jovem e conta como tudo aconteceu, desde a sua primeira vez sexual, com rapazes e raparigas, a dois e em grupo, com drogas ou sem as mesmas, com e sem preservativo. O limite é a palavra que melhor descreve a vida desta Inês e que me levou várias vezes a pensar, isto não é real porque é para lá da realidade, mas pelos vistos acontece!