Leituras de Agosto
Agosto, mês quente e mês do emigrante, foi para mim um mês de surpresa e desilusão literária! Se por um lado tive a companhia do bom Depois de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas, por outro deixei-me levar pelo sucesso do autor de Inferno e senti-me enganado.
Depois de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas
Ricardo Adolfo era até aqui um autor desconhecido para mim, mas com esta agradável surpresa deixou de ser um homem que escreve uns livros para poder ser apelidado de um dos melhores autores nacionais com quem já tive contacto através do seu bom trabalho. Com base nos portugueses que partem para outros países em busca de uma melhor vida, Adolfo cria uma família onde mil e uma peripécias acontecem porque simplesmente perdem o ponto de referência sobre o local onde se encontram. Através de uma escrita bem atual e desdramatizada consegui chegar a esta tripla vida constrangedora com picos de humor à mistura numa criação simples e do melhor que já li. Uma mensagem que me ficou na memória com este livro… Fugir dos problemas não é a solução porque quando isso acontece outros entraves vão aparecer pelo nosso percurso, acabando por barrar as ideias de salvação que começaram a aparecer.
InfernoDan Brown habituou os seus leitores a bons livros, agora com este Inferno a fama de bom autor foi abalada porque no lugar de ter criado uma boa obra deixou-se levar pelo seu sucesso e apresentou aos seus leitores uma corrida de várias personagens que se cruzam e descruzam em busca de um vírus prestes a atacar o mundo. Só que o problema deste Inferno não está no tal vírus, mas sim na forma como o super herói de Brown, Robert Langdon, corre até encontrar o que tanto procura. Não consigo perceber todo o desenrolar que foi criado neste livro porque as coisas parecem não fazer sentido, e só vejo personagens que tão depressa estão do lado do bem a passar-se para o outro lado e vice-versa, a ponto de ter pensado se o herói também estaria do lado contrário ao pretendido. Com uma boa ideia, este novo sucesso sem glória poderia ser um bom livro, mas perde-se nas corridas contra o tempo onde não existe espaço para comer e dormir, e tudo o que interessa é deixado para trás.