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O Informador

Há que concordar...

Confesso que não gosto e que também não sou assim um apreciador do trabalho do ator Jorge Corrula, talvez pelos seus comportamentos tantas vezes relatados para com a imprensa e fãs e também por não o achar com um talento assim tão bom como muitos afirmam. No entanto, ao ler uma recente entrevista que deu à revista GQ tenho que confessar que estou plenamente de acordo com várias respostas dadas, sobretudo com a que passo a citar sobre o estado do mercado das contratações de atores.

Está difícil porque há dez anos surgiu um número de pessoas insuportável para o mercado. E são sobretudo pessoas com pouco talento, deslumbradas pela televisão e que acham que ter olhos claros serve para serem atores. Isso é também culpa das produtoras, que privilegiam algumas caras que sabem que vão vender, independentemente da sua performance. Isso faz com que muitas pessoas talentosas, que investiram na sua formação e talvez não tenham o tal palmo de cara, não consigam trabalho há muito tempo. Neste momento as próprias produtoras estão a perceber que o público se tornou mais exigente e precisa de mais qualquer coisa.

Sim, concordo do início ao fim com a resposta dada por Jorge Corrula ao jornalista Manuel Arnaut! Com a fase Morangos com Açúcar, muitos foram os rostos que apareceram sem formação, tendo a sua escola passado pela série da TVI onde foram tendo alguma formação com os atores com quem contracenavam dia após dia e também com as várias horas que tinham livres para aulas específicas oferecidas pela produtora para colmatarem as suas maiores falhas. Muitos dos rostos das primeiras temporadas da série continuaram a integrar as seguintes produções e se por um lado alguns, poucos, optaram por seguir com a formação para conseguirem seguir os passos certos como atores, já outros deixaram-se guiar ao sabor da maré, seguindo o caminho que os canais e produtoras lhes foram dando até hoje. 

Existem de facto caras larocas que conseguiram chegar ao estatuto de atores cedo demais, sem estudos para tal e muitas vezes sem o fator certo para seguirem as linhas retas da representação, mas na altura a televisão vivia muito da aparência e de quem aparecia pela imprensa, como agora ainda acontece, mas com a tendência para a diminuição de tal situação a acontecer. Não podemos dizer que certos atores que estão no topo das preferências do público e que apareceram através da série juvenil que vão perder o seu lugar, passados todos estes anos, em detrimento dos outros, o que digo é que existe uma possibilidade de maior escolha e o público já quer ver o talento impresso nas cenas que vão para o ar, existindo cada vez mais uma união entre os atores com bastante formação e talvez poucos dedos bonitos de cara com os meninos bonitos que foram adquirindo conhecimentos pelos seus trabalhos e sem pensarem realmente em adquirirem numa fase inicial conhecimentos para seguirem a carreira da representação.

O mercado do audiovisual está a mudar, estando o público com uma maior exigência sobre o que lhe é servido de manhã à noite pelo ecrã com cada vez mais escolhas também. Ser ator não é debitar palavras bonitas e fazer poses sensuais com um bom corpo para mostrar, ser ator é ter o conjunto perfeito consigo para daqui a uns anos conseguir manter-se pela profissão e também poder passar aos mais novos o que realmente importa na arte de representar que, tal como todas as outras especialidades, tem e terá sempre os seus «sssss» com podres, mal achados e caídos em graça pelo meio!