Guerra pelas audiências continua...
As audiências televisivas em Portugal têm estado envolvidas em grandes polémicas nos últimos meses e agora deu-se a rotura total de um dos canais, com outro com as mesmas intenções, para com a Comissão de Análise e Estudos de Meios, mais conhecida por CAEM.
Desde que o serviço audiométrico começou a ser prestado pela GfK que o consenso entre os vários canais televisivos não tem existido e depois de várias batalhas entre a coligação RTP/TVI e a SIC, eis que as primeiras romperam com a empresa responsável pela regulação.
Pois é, a TVI já comunicou o seu abandono para com a CAEM por esta «ignorar os pedidos da TVI e da RTP de realização de uma auditoria final ao funcionamento do serviço de audiometria prestado pela GfK, atuou de uma forma contrária à prossecução do seu fim social, conforme delimitado pelos respetivos estatutos e demonstrou não ter a capacidade para ser representativa de todos os interesses do mercado». A TVI deixou assim de se reger pelo seu regulador por falta de confiança, estando a RTP também a ponderar seguir o mesmo caminho... A «última decisão que veio confirmar tal incapacidade foi tomada na assembleia-geral do passado dia 30 de Abril quando foi recusada sem qualquer fundamentação, a validação final do painel e das correções ao sistema audiométrico . Ou seja, ambos os canais estão bem conscientes da falta de rigor que existe no mercado neste momento e querem o corte total com o que se tem passado nos últimos tempos.
Por outro lado está a SIC que tem visto a sua vida facilitada através dos valores que lhe têm sido atribuídos pelo sistema de medição, mas como isto não vai poder continuar assim, as próximas semanas prometem porque este tema não terminou, o que aconteceu agora foi a rotura e a previsível entrada num novo ciclo que vai continuar a gerar muita discórdia.
Se RTP e TVI têm afirmado que a amostra que consta na medição não é representativa do nosso país, a SIC têm-se mostrado contente por ter o seu público alvo em maioria nesta amostra por ganhar assim uns pontos. Agora com este rompimento, os três canais irão ter que chegar a um consenso para encontrarem um novo auto-regulador que defenda um sistema funcional, consensual, equilibrado e transparente.
Não percebo porque foi preciso tanto tempo para se perceber que a situação que estava a ser abafada entre a GfK e a CAEM não tivesse este desfecho mais cedo, uma vez que o mercado televisivo sofreu com o impacto que as oscilações audiométricas têm tido, tendo os canais já afirmado várias vezes que estão a perder dinheiro devido a este mau desempenho das duas empresas, a prestadora de serviços e a reguladora dos mesmos. Esta situação já se tornou polémica há mais de um ano, não percebo então porque se teve que prolongar por tanto tempo, ainda não tendo o seu final previsto para os próximos meses.
Continuará a existir a guerra entre a SIC e RTP/TVI, mas desta vez com os dois canais praticamente de fora de uma ideia, tudo o que for feito que envolva a GfK e a CAEM perde toda a sua credibilidade, visto que já só tem um canal do seu lado, não servindo para muito então. Mas mesmo que se encontre uma nova entidade de regulação, a guerra entre canais vai continuar porque alguém vai ficar a perder face aos atuais resultados que têm sido obtidos e aí continuarão a existir as indecisões e a quezílias para se procurarem outras formas para se obterem os resultados que sejam melhores para cada canal.
Espera-se que o nosso governo olhe para esta situação, no lugar de andarem a pensar na privatização ou não da RTP que agora até dá lucro, vale mais colocarem os olhos nestes erros que deixam passar sem atuarem nas devidas alturas para que se possa dar uma ajuda às finanças através da publicidade televisiva.