Grease | Yellow Star Company
Passado na Califórnia, no final dos anos 50 e começo dos anos 60, tem como pano de fundo o comportamento dos jovens dessa época. Grease é a história de um casal de estudantes, Danny e Sandy, que trocam juras de amor no verão, mas separam-se, pois ela voltará para a Austrália. Entretanto, os planos mudam e Sandy acaba por se matricular na escola de Danny. A partir desse momento, tudo poderá acontecer e o amor irá imperar, mas não sem antes os jovens andarem desavindos.
O final feliz derrete corações e o humor insólito, próprio de jovens na flor da idade, faz deste argumento um clássico que tem atravessado gerações e que continua em cena em inúmeras salas de teatro, nos USA.
Já estreou pelo Salão Preto e Prata do Casino Estoril o musical que tem suscitado a curiosidade do público ao longo dos últimos meses. Grease, o espetáculo inspirado no filme com o mesmo nome e que em 1978 colocou John Travolta e Olivia Newton-Johnson a dançarem através da grande tela. Um sucesso cinematográfico dos finais dos anos 70 que se transformou há uns anos num outro sucesso pelos palcos mundiais. Agora Grease, o musical, chegou a Portugal através da Yellow Star Company e promete igualar o sucesso de outros países.
Diogo Morgado e Mariana Marques Guedes comandam um elenco de jovens atores num espetáculo de duas horas onde a magia acontece. Ana Queirós, Beatriz Barosa, Carlota de Bastos Carreira, Catarina Siqueira, Diogo Faria, Diogo Velez, Emanuel Almeida, João A. Guimarães, Joana Oliveira, Jorge Rosa, Luísa Salgueiro, Maria Sampaio, Ricardo Trêpa e Samuel de Albuquerque incorporam assim o leque de atores dirigidos por Paulo Sousa Costa, neste musical que vive muito da memória e recordações do filme.
Com textos intercalados com momentos musicais que não foram traduzidos para manterem, e bem, a originalidade das letras tal qual como são conhecidas, esta versão nacional de Grease tem nos momentos musicais e de dança o destaque. Através de coreografias bem ensaiadas, que para mim são o grande forte deste espetáculo, na interpretação dos temas conhecidos conduzidos principalmente pelas melhores vozes em palco que ganham destaque em determinados momentos quando agarram certos temas para mostrarem que nem todos conseguem atingir determinadas notas. O que notei nesta fase inicial em que vi Grease, pela segunda sessão, foi o melhor desempenho a nível de canto do núcleo feminino que em grupo ou a solo tem vozes com um maior potencial, embora no geral o grupo esteja coeso, bem ensaiado, com boas interpretações e exibições. Existem claramente personagens, como sempre, que vão ganhando protagonismo sem qualquer intenção, mas em todos os espetáculos isso acontece e quando o elenco é maior que o geralmente normal, e com personagens que são levadas do principio ao fim, é perfeitamente aceitável que cada um eleja os seus preferidos, tanto pelo que a personagem dá como mesmo pela prestação de cada um em palco e isso aconteceu-me e consigo reter quatro prestações dentro deste elenco que se de início estão bem, quando tiverem mais umas sessões em cima ganham o destaque e os aplausos gerais do público.
Através de um cenário mexido onde se faz uso do palco na sua totalidade e também da sala com personagens a surgirem de vários pontos sem estarem restritas ao palco, facilmente se consegue fazer a transição entre cenários sem existirem os tempos mortos que ainda existem por alguns espetáculos do género. O palco que roda, a varanda com pequenos apontamentos, o fundo a transformar-se em sala de cinema, o surgimento do famoso carro...
Em Grease a magia acontece e temas como a amizade, a inveja, as diferenças, o amor e a traição, a ingratidão, a sexualidade, o álcool e o tabaco, a educação e a formação são debatidos por um grupo de jovens que vive no limiar de diversas regras, com grandes diferenças entre si mas onde o todo sai valorizado.
Grease estreou em grande e promete levar as gerações mais velhas e saudosista a recordar certos momentos, talvez mais os musicais, do grande filme. Os mais novos terão certamente pontos de interesse para assistirem a este musical além de um elenco bem distinto, com rostos mais conhecidos e os menos famosos mas que se conseguem destacar pelo seu talento. Vale sempre a pena perceber o que foi feito com êxito a ponto de marcar uma geração há umas décadas atrás e uma ida ao teatro para ver um espetáculo que entretém do início ao fim ao mesmo tempo que toca nas diferenças e problemas sociais, só nos pode ajudar a ser um pouco melhores.
Se tiverem a oportunidade de assistir, passem pelo Salão Preto e Prata do Casino Estoril porque nunca se sabe até quando esta oportunidade irá ficar à vossa espera sem partir para outras paragens.