Encontros inesperados
O tempo vai passando e por vezes acabamos por nos afastar das pessoas, mesmo que sem intenção, mas porque a vida assim o decide. No entanto quando existem reencontros os anos que passaram sem conversar a sério transformam-se em dias, horas ou mesmo minutos, mostrando que o tempo nada alterou entre antigos colegas de escola e que não se sentavam a uma mesa na conversa há anos.
Aconteceu-me uma situação do género há uns dias, quando num jantar com uma das melhores amigas encontramos um antigo colega de escola no mesmo restaurante com a família. Cumprimentos rápidos de início porque o momento era para jantar, algumas conversas de circunstância porque as crianças faziam por isso e no final, com o restaurante já meio vazio e a refeição feita, acabamos por nos reunir à mesa para matar conversa. Conhecendo os novos membros que se juntaram do outro lado, sendo apresentados à família e assim ficamos um bom bocado, em conversa, bem dispostos, a recordar memórias e a perceber que existem pessoas que nunca mudam e que embora nunca tenhamos sido amigos próximos, fomos colegas de escola, passamos a conhecidos, mas daqueles que sempre ficam nas boas relações que fomos mantendo ao longo do tempo. E foi assim que sem planear percebemos que estávamos, uns bons dez anos depois, a desfiar conversa como se a mesma fosse a continuação da do dia anterior. São estas pessoas que acabam por sempre ficar, mesmo que não as vejamos muitas vezes e quando nos encontramos é o «olá, tudo bem» porque o dia-a-dia não permite por vezes mais, que depois nos acabam por ajudar a perceber que por vezes não é necessário ver alguém constantemente para saber que estão lá, porque quando se tem respeito pelo que o outro é, sempre existe oportunidade de voltar a estar em convívio como se esses momentos nunca se tivessem perdido.
Conclusão, jantamos, ficamos na conversa, o restaurante fechou, o frio fazia-se sentir na rua e nós continuamos a conversar no passeio junto à estrada como se o tempo que passava tivesse estagnado. Não querendo ir a algum local porque as crianças não o permitiam e porque o dia também não era convidativo, ficando no entanto a promessa para novo encontro.
Quando reencontramos pessoas boas fica a vontade de não as perder de vista e em alguns casos não existem dúvidas que o antes e o depois não alteram o que fomos e somos porque no fundo quando não existem más memórias mas sim afastamentos pelas diferentes escolhas de vida que cada um foi tomando, torna-se bem mais simples agarrar em algo bom de antes e continuar agora.