Emily in Paris, dos estereótipos à ficção
Netflix
Estreada nos primeiros dias de Outubro e em Portugal a série Emily in Paris, da Netflix, logo alcançou o primeiro lugar dos lançamentos mais vistos da plataforma. Quanto a mim vi e percebo o sucesso da produção que não tem muito de original mas conta com uma protagonista muito bem defendida por parte da atriz Lily Collins, que só por sim já ajuda a prender o espetador nos minutos iniciais desta romântica e sonhadora série.
Podem afirmar que o modelo do argumento é básico, estereotipado e já muito usado em outros formatos, no entanto quem não gosta de passar uma tarde a ver uma série sem se andar a questionar sobre o que irá acontecer dentro de uma pesada história de mistério, desavenças e complicações? Emily in Paris é daquelas comédias românticas mesmo ao estilo francês, retratando o sonho de uma jovem de Chicago formada em marketing que vê Paris ao seu alcance quando é convidada a integrar a equipa de uma empresa adquirida pela sua. Deixando família, namorado e todas as conquistas em Chicago para trás, Emily inicia a sua inesperada montanha russa de emoções em Paris e os primeiros sonhos e também inúmeros imprevistos acontecem.
Com argumento e produção a cargo de Darren Star, mentor dos sucessos O Sexo e a Cidade e Younger, a primeira temporada de Emily in Paris conta com dez episódios de aproximadamente trinta minutos cada, mas tudo acontece de forma tão natural e despropositada na vida desta jovem que cada episódio passa num ápice para quem se deixar levar pelas trapalhadas no trabalho, no amor e mesmo com os afazeres diários desta jovem que tudo quer, alguns enfrenta e parece conseguir levar as suas ideias em diante. Já no amor, será que com tantas cartas a serem atiradas consegue chegar a um fim que tenta evitar?
É mais que sabido que este estilo de produções, pensadas e idealizadas para serem consumidas de forma rápida têm sempre os seus entraves junto do público. Eu, enquanto espetador que apanhei Emily in Paris para me entreter de forma leve, adorei, mas percebo que muitas das mensagens que são passadas não sejam as reais sobre as relações em França, por exemplo. Quem se apaixona e deixa levar em poucos dias por sucessivos encontros que podem resultar em futuras relações? Quem entra numa nova equipa de trabalho, ainda para mais tão jovem, a querer impor as suas regras logo nos primeiros dias e seguir contra a liderança mesmo sem conhecer os hábitos e costumes do país e sem falar minimamente a língua francesa? Será que em França não se respeitam horários de trabalho, anarquias laborais, amizades e relações amorosas? Todos falhamos é certo, mas esta série vai muito aos problemas que um pequena parte dos parisienses possa ter, não demonstrando certamente a realidade.
Tudo isto é ficção e os exageros podem acontecer, como tal e porque também quis ver uma série de ficção e não um documentário, Emily in Paris, primeira temporada, chegou, vi e convenceu, como tal espero que a Netflix comece a pensar em dar luz verde a uma segunda temporada para estrear em 2021, com o mesmo perfeito elenco, com os croissants e os influencers em destaque, tal como a moda e o amor.