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O Informador

Em Fuga [Peter May]

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Autor: Peter May

Editora: Marcador

Lançamento: Fevereiro de 2017

Edição: 1ª Edição

Páginas: 392

ISBN: 978-989-754-298-5

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Em 1965, cinco amigos, todos adolescentes, cansados da rotina e temerosos de uma vida previsível, fogem de Glasgow com destino a Londres e o sonho de serem estrelas e de transformar a sua banda de música num sucesso. No entanto, antes do final do primeiro ano, três deles regressam á sua cidade natal na Escócia - e voltam diferentes, danificados, sem que ninguém perceba a razão para tal. Cinquenta anos mais tarde, em 2015, um brutal homicídio na capital inglesa obriga esses três homens, agora com quase 70 anos, a regressar a Londres e a confrontar, por fim, a mancha escura do seu passado da qual tentaram fugir durante toda a vida.

Porém, como perceberá Jack Mackay, eles já não são os rapazes de 17 anos que ambicionavam a fama, e, após terem passado meio século entre o falhanço e a mediocridade, está na altura de recuperar as memórias dos eventos aterradores de 1965 e, em vez de fugir, de as enfrentar de uma vez por todas.

 

Opinião: Em Fuga marca a minha estreia para com Peter May, supostamente um dos melhores autores de thrillers mas que não me conseguiu conquistar assim tanto como previa. 

Percorrendo dois períodos temporais com cinquenta anos de diferença e com dois tipos de narração também distintos entre 1965 e 2015, Em Fuga distingue assim o presente das memórias marcantes de um passado que alterou a vida de um grupo de jovens sonhador que não tiveram a sorte do seu lado. Primeiramente partem em busca de um objetivo que em união com a fuga da vida atual os leva a percorrerem caminhos onde a sociedade não é assim tão hostil como pretendiam e acreditavam encontrar. Mas é quando tudo se parece encaminhar após vários percalços pelo caminho que as suas vidas voltam a dar a volta perante um acidente que os leva a recuar com as suas ideias de independência longe do ambiente familiar e da cidade que os viu crescer, isto sem que o leitor perceba ao certo o que se terá passado. O que levará jovens adolescentes que acreditam nos seus objetivos, mesmo que para isso passem por situações desconfortáveis a alterar os seus planos de um dia para o outro? Ao mesmo tempo que somos convidados a voltar ao local dos acontecimentos no presente vamos acompanhando o mesmo percurso e experiências do passado e as situações vão-se conjugando de forma a que a noção temporal seja colocada perante o leitor que vai tentando resolver todo o mistério.

Sinceramente quando comecei a situar-me na história gostei da premissa que me prometeu mais do que o desenvolvimento me deu. Gosto de perceber a explicação do centro da ação com as passagens temporais e isso correu bem, no entanto detetei que muitos dos momentos que surgem como recordações do passado podiam ter sido contados de outra forma, com recurso a outro tipo de criação porque todos podemos ter azar na vida, mas ao longo de poucos meses tudo correr assim tão mal? Desculpem mas não acredito em tantos problemas juntos que vão surgindo em catadupa como se não desse tempo para respirar. 

Um outro fator que detetei foi a falta de capacidade descritiva do autor. Onde estão as características dos locais por onde o nosso grupo de jovens e posteriormente idosos passaram? Ficamos com uma ideia muito vaga sobre cada lugar, não dando para criar uma noção dos locais por onde vai passando a trama. 

Esta obra toca, em modo fugaz sem tentar sequer dar um toque mais relevante, em vários problemas sociais como a obesidade, sexo sem proteção, drogas, alcoolismo e o abandono para com os idosos mas também tem na amizade um bom ponto de sedução para acreditar em personagens que num ambiente bem cru se tornam reais perante o leitor.

Esperava e acreditava de início que Em Fuga seria um dos melhores thrillers do momento, mas perante o que tenho andando a ler pelos últimos tempos, acabei por me ficar com uma opinião razoável e longe do extraordinário sobre a obra.