Desempregado sem vontade
Pensei que ao estar com mais horas livres de forma diária que iria ter uma maior atenção ao blog e vontade para me dedicar um pouco mais à escrita. Até agora o que deteto é que a vontade que achei que iria surgir ainda não apareceu, tendo mesmo um bloqueio mental quando tento pensar em algo mais elaborado para escrever e publicar por aqui.
A pessoa quando se vê de um momento para o outro com o seu dia-a-dia vazio, sem a rotina de anos, fica quase sem chão, sentindo-se como se não tivesse nada para fazer. É assim que me sinto, uma vez que com tanto tempo livre achei que conseguiria fazer e dar maior atenção ao que por vezes fazia de forma rápida e mais esporadicamente, podendo-me dedicar a tanta coisa, não tendo é a vontade que sempre achei que iria surgir. Acordo mais tarde, durmo mais ou menos o mesmo número de horas que o habitual de quando andava a trabalhar, e depois ao abrir os olhos penso... «tenho isto, isto e aquilo para fazer». Disse bem, penso, porque no final do dia percebo que não fiz nada do que tinha planeado porque me sinto vazio neste momento e a precisar de estabelecer regras para esta vida de desempregado que ainda não o é porque estou agarrado à antiga empresa ainda sem poder procurar novo emprego por enquanto.
Primeiramente tive duas semanas de férias, depois três semanas que não sei como as posso descrever porque não trabalhei, não fui pago mas também não posso arranjar outra coisa para fazer e agora continuo a aguardar que tudo se resolva para poder respirar e pensar que tudo terminou e que há que começar de novo, finalmente. E acho que é sem esse recomeçar, que se encontra pendente, que parece que ando a fazer equilíbrio numa corda presa entre dois postes e que tento atravessar sem cair num poço bem fundo. Sinto-me um pouco assim, sem saber ainda por onde seguir e como ocupar os dias de forma a sentir-me útil para comigo para o poder fazer para com os outros também.
Tenho lido muito mais, descansado à sombra da relva no jardim com este bom tempo, vejo séries com temporadas que tinha em atraso, faço mais companhia em casa e acompanho mais quem me pede para ir aqui ou acolá fazer alguma coisa. Não me tenho afastado de casa mas saio todos os dias há rua porque sou daquelas pessoas que começa a bater mal do cérebro se não sair um pouco para ver pessoas e arejar a mente.
Neste momento não me consigo dedicar a nada por sentir que tenho todo o tempo do mundo e que o ciclo não está fechado. Anteriormente tinha um horário, chegava a casa e tinha coisas para fazer dentro das horas que me sobravam. Agora esse horário escapou e o tempo que passava a trabalhar, oito horas mais uma de almoço, é-me aparentemente inútil por me sentir livre e não ter um verdadeiro projeto para o alterar.
Que se feche esta etapa para que possa sentar-me e pensar o que acontecerá a partir daqui, poder estabelecer objetivos e metas e aos poucos voltar a organizar uma nova vida e esquecer os dez anos que ficaram em termos profissionais para trás.
Até por aqui, pelo blog, ando meio atordoado sem perceber porque me faltam ideias logo agora que tenho horas e horas para poder escrever, publicar, partilhar, escrever, publicar, partilhar, escrever...