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O Informador

Crianças ignoradas

Não sou pai, é um facto, mas acredito que se fosse não lidaria com as crianças como se por vezes fossem completos inúteis. No passado fim-de-semana vi uma situação que me deixou a pensar sobre este tema por um simples facto. Dois miúdos, percebi que estavam com dez e oito anos de idade, estavam entregues em férias escolares aos seus avós. Foram os quatro a um café onde os amigos dos avós estavam ou iam passando e faziam questões que geravam conversas sobre os pequenos como se eles não estivessem ali e não compreendessem o que se estava a dizer. A sério mesmo? Sério!

Será que aqueles dois senhores já adultos e os seus amigos e conhecidos do chá das cinco esquecem-se que as crianças ouvem e percebem o que é dito sobre si ou os seus pais? Já são grandinhos e não gostam de perceber que estão a ser comentados por pessoas que nem conhecem e a que são forçados a cumprimentar. Os avós queixam-se dos seus comportamentos, dizendo qual era o pior e que já estavam cansados e a desejar que as férias escolares terminassem para poderem voltar ao descanso. Será que isto é mesmo verdade? É e a alegria dos menores deve ter ficado em altas por perceberem que estão a mais na casa dos pais dos seus pais que se queixam a todos os que passam, contando as tropelias próprias da idade que cada qual foi fazendo por esses dias de descanso escolar. 

O que me fez verdadeira confusão foram as conversas sobre os mais novos que se tiveram com eles presentes, sem medir palavras e expressões. Será que as pessoas se esquecem que as crianças percebem e não são surdas quando estão a ouvir as suas vidas a serem desfolhadas publicamente? Enfim, os avós diziam que os «tempos são outros» e parece mesmo que os tempos mudaram mas que eles ficaram no passado, achando que a educação que deram aos filhos é semelhante há dos miúdos de hoje.