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O Informador

Conclave | Robert Harris

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Autor: Robert Harris

Editora: Editorial Presença

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Janeiro de 2018

Páginas: 272

ISBN: 978-972-23-6148-4

Classificação: 5 em 5

 

Sinopse: O Papa morreu.

Por detrás das portas trancadas da Capela Sistina, cento e dezoito cardeais vindos de todo o planeta preparam-se para votar na eleição mais secreta do mundo.

São homens santos. Mas têm ambições. E têm rivais.

Ao fim das próximas setenta e duas horas, um deles tornar-se-á a figura espiritual mais poderosa da Terra.

 

Opinião: Robert Harris não para e com cada obra que lança surpreende pela sua fantástica capacidade de criação e elaboração de histórias que cativam pelo seu conteúdo mas também através da forma como são contadas. É assim que do início ao fim me senti rendido a Conclave, a surpresa que o autor me fez numa narrativa que explora o ato da escolha do próximo Papa após a morte de outro. 

A Igreja na literatura, geralmente, é um dos temas que não me consegue atrair, no entanto todo o mistério criado através dos olhos de Lomeli após a morte do Papa e perante a organização do próximo conclave onde a eleição do próximo responsável pela Igreja será feita cativou-me de forma total, não existindo margem para dúvidas sobre esta excelente obra de Harris. 

O cardeal Lomeli, próximo do agora anterior Papa é surpreendido pela notícia de que o ciclo terminou e o próximo Conclave terá de ser marcado. Assim começa esta narrativa que junta cento e dezoito cardeais, de todo o Mundo, na Casa de Santa Marta para que ao longo de três dias seja eleito, por votação sigilosa, pessoal e segundo as regras, o próximo responsável da Igreja. Lomeli com esta repentina notícia fica encarregue de tomar as rédeas sobre a preparação do Conclave, fazendo as convocatórias necessárias e recebendo na véspera do primeiro dia de votação os nomes que irão eleger e entrar na disputa pelo lugar. Um a um ou acompanhados, os cardeais chegam para descansarem, conversarem e reunirem ideias para que pela primeira vez que tenham de escolher um nome tenham a certeza sobre em quem vão votar. Uma votação feita, duas votações e a eleição tarda em acontecer e será a partir daí que as intrigas ocorridas ao longo do período de isolamento surgem, ficando segredos do passado a descoberto com mistérios revelados e vidas paralelas a serem colocadas em questão, gerando várias mudanças súbitas nas votações seguintes onde é necessário eleger um nome. 

Este é daqueles livros onde apetece contar tudo o que se vai passando, desde a chegada de um nome desconhecido para todos os restantes que acreditam que o elenco está completo e reunido até à descoberta de um pecado físico que se acaba por juntar a várias listas de dinheiro passado de mão em mão para que os votos num momento importante como o de um Conclave sejam dirigidos a determinado nome. Os pecados da Igreja vão passando de século em século e nem num dos momentos mais importantes os factos obscuros de alguns são deixados de lado, já que a intriga e a verdade deve andar de mão dada para que o lugar seja ocupado pelo melhor, o que realmente merece e tem poderes para honrar o que deverá ser a Igreja perante os fiéis. 

Uma narrativa brilhante onde além da eleição do novo Papa existem os confrontos políticos e territoriais a mexer com tudo o que tem sido feito em rigoroso secretismo. Com a criação de inúmeras personagens que dão vida aos cardeais mais representativos ao longo da história e onde a ficção se pode confundir um pouco com a realidade, esta criação está tão bem elaborada que a vontade é a de continuar a ler, querendo saber como cada momento de votação é encerrado após as alterações que vão acontecendo devido a descobertas e confrontos diretos e indiretos ao longo dos momentos de pausa, onde as conversas de almoço e jantar dos grupos que se vão unindo para fazerem as suas combinações e os vários acontecimentos inesperados vão moldando cada votação que no momento final não termina como poderia parecer à partida. 

Conclave é um thriller surpreendente e inesperado, que me agarrou na sua totalidade por querer saber o nome eleito após vários elementos secretos serem desvendados para surpresa de muitos. Um enredo intenso, emotivo e onde os favoritos vão sendo atirados aos lobos para que o desfecho seja, tal como muitos dos que têm acontecido na realidade, com um Papa que não estava na suposta lista criada sobre os principais candidatos ao lugar. 

Um texto único, credível e descritível onde se alia uma escrita fluída e intemporal numa criação que deixa o leitor entretido até ao final, já que as surpresas e alterações de rumo são uma constante neste Conclave que fica para a história como um dos melhores livros que li em 2018.