Citações de No Meu Peito não Cabem Pássaros
O livro No Meu Peito não Cabem Pássaros não é mais um que se lê e esquece... É uma obra de Nuno Camarneiro que marca e que me fez destacar várias partes ao longo das horas de leitura que lhe dediquei. Como gosto de partilhar as coisas boas da vida, aqui vão algumas da citações deste romance apaixonante e inspirador sobre três grandes nomes da história mundial.
«Portugal é assim, diminutivo e manso. O que foi chegando fez-se à escala e por cá ficou, as Indiazinhas, a Americazinhas, os pretitos, pobrezinhos. Os portugueses não querem nada que não possam meter no bolso. Como é que esta gente descobriu tanto mundo?»
«A capital é um país de boca aberta para o rio, uma cidade a cantar modas de outro tempo, sempre de outro tempo.»
«O pior é que as cabeças não sabem distinguir o que interessa nem esquecer o que não querem. Para lá fica tudo amontoado, tão cheio e sem arrumo que nada se encontra que sirva.»
«Um quarto é um espaço vazio com coisas dentro. Muito como um homem é. Algumas coisas entram porque são levadas: mobília, roupas, livros, quadros. Outras entram sem o querer de ninguém: ar, luz, pó, insectos. De todas estas coisas e da sua interacção faz-se um lugar a que se chama quarto. Quando lá vive alguém tudo se torna mais complexo e o espaço transforma-se num organismo que respira e dorme tal como outros.»
«Quantas vezes serão os sentimentos a adequar-se às palavras, e não o contrário?»
«É muito negra a morte, um buraco para onde cai tudo e de onde nada se resgata.»
«Deus, a morte e o diabo não comem à mesma mesa.»
«Como pode alguém domar a poesia? Um poeta é apenas um lugar por onde o poema passa. Se um escritor inventa mundos é porque há mundos que querem ser inventados.»
«Não sejas demasiadamente mau, nem sejas louco, porque haverias de morrer antes do teu tempo?»
«Esta cidade é um enorme teatro, nós somos actores e autores dos dramas que vamos vivendo.»
«Apercebia-se do perigo de pôr coisas no papel, é mais difícil esquecer do que criar, e vale para tudo.»
«A primeira vez que Fernando o viu ficou assustado porque não foi capaz de se distinguir dos colegas. Quem olhasse e procurasse qualquer coisa, um olhar, um modo de trazer o corpo, fosse o que fosse, seria incapaz de o notar e de dizer que ali estava um homem único. Deste lado do retrato são todos iguais, os empregados do escritório com o patrão ao meio.»
Nuno Camarneiro