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O Informador

Chamavam-lhe Grace | Margaret Atwood

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Título: Chamavam-lhe Grace

Título Original: Alias Grace

Autor: Margaret Atwood

Editora: Bertrand Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2018

Páginas: 480

ISBN: 978-972-25-3634-9

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Corre o ano de 1843 e Grace Marks foi condenada pelo seu envolvimento no brutal homicídio do dono e da governanta da casa onde trabalha. Há quem julgue Grace inocente; outros dizem que é perversa ou louca. Agora a cumprir prisão perpétua, Grace diz não ter qualquer memória do crime. Um grupo de clérigos e espíritos que lutam para que Grace seja perdoada contrata um especialista em saúde mental, uma área científica em expansão na época. Ele escuta a sua história, fazendo-a recuar até ao dia que ela esqueceu. O que encontrará ele quando tentar libertar as memórias de Grace?

 

Opinião: Chegou a Portugal o livro que inspirou a série da Netlflix, Alias Grace. Com o título de Chamavam-lhe Grace, da autoria de Margaret Atwood, o leitor é conduzido para o Canadá em pleno século XIX. Inspirado em factos reais mas com muitos pontos de ficção, esta história retrata a vida de Grace, uma jovem que chega da Irlanda e começa a servir em casas particulares. Só que nem tudo corre na perfeição na vida desta criada doméstica e o futuro idealizado acaba por se tornar em tragédia. 

Um duplo homicídio faz com que tudo na vida de Grace seja alterado e a partir do momento em que é condenada e presa como responsável pela morte do seu patrão, Thomas Kinnear, e da governanta e amante, Nancy Montgomery, que o seu mundo é totalmente virado do avesso. De condenada à morte passa a entrar no regime de prisão perpetua graças à boa vontade de muitos que não conseguem ver numa jovem a assassina que outros tantos descrevem. Quem terá cometido o assassínio e o que Grace tem em comum com esse individuo? Inveja? Ingratidão? Medo? O que levará uma jovem criada a alinhar com um louco num crime que nada tem de perfeito?

O leitor é convidado ao longo de quase quinhentas páginas a conhecer a verdade contada por Grace aos especialistas que tratam de si e de quem se vai tornando próxima. Desabafando, silenciando, sofrendo e suplicando, esta jovem vê os anos passarem, perde uma vida e acaba por encontrar em Jordan, um psicólogo, um amigo a quem revelar tudo o que foi passando e como as coisas foram acontecendo até que foi colocada atrás das grades e viu o seu parceiro de crime condenado à morte. 

Uma história de sofrimento e paixão, que debate comportamentos e pensamentos sociais para se percorrerem diversos temas que sempre foram e continuam a ser difereciadores sociais. Através do recurso à verdade de Grace, mostrando a imprensa sensacionalista da altura, o debate social entre estatutos e os interesses de quem sempre tem algo a dizer nos momentos de decisão. Chamavam-lhe Grace é bem mais do que a história de uma jovem condenada por um crime para o resto da vida. É sim um retrato de uma sociedade com bastantes diferenças, onde o poder reina perante quem se deixa governar e parece nascer condenado a servir quem já está num berço de ouro. 

Pausado mas descritivo, Chamavam-lhe Grace tem o toque necessário para deixar o leitor a refletir sobre o que vai lendo, absorvendo a história de forma calma, sem conseguir pegar e levar em diante de uma vez. Esta é daquelas obras que só fazem sentido se forem conhecidas de forma lenta, deixando cada momento fazer sentido, debatendo cada mudança de circunstância, percebendo cada razão por detrás de atos e interpretando os dados lançados por cada envolvido nesta história.

Com uma escrita romântica e suave, sem cansar mas com algum peso que levam a várias pausas, Chamavam-lhe Grace é mais do que um livro, é a descrição de quem passou, pela ingenuidade da época, enfrentou, percorreu o seu caminho e no final vem a surpresa, como quase sempre acontece quando uma luta pessoal ou de comunidade tem objetivos comuns e concretos, o da felicidade e da verdade, mesmo que cheguem tarde e sempre com o passado bem presente. A vida colocou Grace à prova e Margaret Atwood colocou o leitor no centro da intriga onde se pode descobrir a vitima numa vilã ou vice-versa. Uma leitura que será interpretada por diferentes perspetivas pessoais.

 

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