Bruxa televisiva
Ao longo de uns bons minutos da manhã existe um certo canal televisivo que conta com uma senhora taróloga a lançar as cartas a quem liga para o 760 com a finalidade de saber o seu futuro. Além das pessoas gastarem dinheiro nas chamadas com a finalidade de falarem com a senhora que passa o tempo a atirar para o ar o que lhe vai saindo nas suas cartas ao mesmo tempo que vai apelando para que as chamadas sejam feitas, a mesma senhora tem uma voz que não consegue encaixar no meu cérebro logo pelas primeiras horas do dia.
Aqui por casa assiste-se aos noticiários da manhã por um dos canais, mas como os intervalos por vezes acontecem ao mesmo tempo e alguém está de frente ao televisor da cozinha, que só tem os quatro canais generalistas, a tomar o pequeno-almoço, eis que é feito zapping e ficam uns minutos a ouvir a bruxa e as histórias que vão sendo desfiadas via telefone com umas boas tentativas para que até as pedras da calçada se emocionem.
Aquela senhora, colega da outra que aconselhou uma vítima de violência doméstica a ter calma e aguentar a situação porque tudo se ia resolver, é tão insuportável com os seus anjinhos, cartas e números de telefone que ainda hoje, alguns anos depois daquele programa ter começado com a taróloga que virou estrela num canal de cabo, não consigo perceber quem teve a excelente ideia de recrutar esta Maria para fazer a substituição no lançamento do futuro de quem cai na esparrela.
Direcção de qualquer canal de televisão coloquem os olhos nestas pessoas que não deviam ter um programa nem deveriam aparecer em qualquer minuto de um formato do pequeno ecrã. É mau demais e como se não bastasse todo o bruxedo, ainda o público que passa descuidadamente pelo canal àquela hora tem de levar com uma voz irritante que pouco ou nada sabe dizer, já que a lengalenga é sempre a mesma, dia após dia!