Cláudia Cruz Santos lançou o seu primeiro romance, Nenhuma Verdade Se Escreve no Singular, após a publicação de várias obras jurídicas, mas manteve nesta nova área literária o gosto pelo Direito, tendo criado em Amália, a personagem central desta narrativa, uma juíza que concretizada profissionalmente mas com várias questões sobre os caminhos que a justiça tem tomado. Amália tem na sua vida pessoal a solidão e embora rodeada de amigos, conhecidos e interesseiros, a determinado momento percebe que é necessário mais para seguir em frente, necessitando de alguém para apoiar e sentir ao mesmo tempo o pilar que recusou ao longo dos anos em que a profissão ficou com todo o papel principal dos seus objetivos. É nesse ponto que enquanto leitor encontramos Marta, a jovem adolescente que surge na vida de Amália para a alterar para sempre.
É esta a minha atual leitura, num livro lançado pela Bertrand Editora e que à primeira vista parece querer mostrar que ninguém consegue ser feliz sozinho. Dentro de dias revelar-vos-ei um pouco mais sobre esta história de aprendizagem e amor.
A vida pessoal de Amália encolhe ao mesmo ritmo que a atenção prestada à sua vida profissional se expande. Na sua sala de julgamentos entram homicidas, ladrões, traficantes de droga, jogadores de futebol corruptos, deportados ou vítimas de crimes sexuais. Em sua casa, deixou de entrar o homem que ama, e Marta, a menina que acolheu, sonha regressar ao bairro social onde vivia antes de ser institucionalizada.
Amália passa as noites acordada, presa nas suas muitas perguntas sem resposta, a olhar para um quadro misterioso onde uma mulher engaiolada segura, inerte, as chaves que poderia usar para se soltar — até que resolve, ela própria, ir à procura do que significa a palavra liberdade.