As Vantagens de Ser Invisível | Stephen Chbosky
Título: As Vantagens de Ser Invisível
Título Original: The Perks of Being a Wallflower
Autor: Stephen Chbosky
Editora: ASA
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Julho de 2018
Páginas: 264
ISBN: 978-989-23-4279-5
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Charlie tem 15 anos e ainda sonha com o primeiro beijo. Tímido, introvertido, não tem qualquer amigo. Acaba de entrar no décimo ano e já conta os dias que lhe faltam para acabar o secundário. Olha à sua volta e sabe que não pertence a nenhum grupo. É apenas um miúdo sensível, com uma inteligência superior à média, dividido entre viver a vida ou fugir dela. na dúvida, prefere ser invisível, como uma flor no papel de parede, que está lá mas em quem ninguém repara.
Não se vai manter invisível durante muito tempo. Sente a pressão do primeiro encontro, da primeira namorada. em seu redor há festas, sexo, drogas e um suicídio que o marca para sempre. Mas há também Sam, uma finalista por quem se apaixona perdidamente. e o meio-irmão dela, Pat, que é homossexual mas ninguém sabe. Os dois vão acolher Charlie, iniciá-lo num mundo de descobertas, guiá-lo ao longo dos misteriosos anos da adolescência.
As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky, é uma obra de enorme ternura, por vezes cruel, e sempre de uma sinceridade desarmante. Charlie abre-se ao leitor, revela os seus medos, angústias e o terrível segredo que o acompanha desde a infância.
Várias vezes premiado, e também censurado em algumas escolas e bibliotecas dos Estados Unidos, foi adaptado ao cinema pelo próprio autor, num filme da MTV, com Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller nos principais papéis.
Opinião: Charlie, um adolescente de 15 anos, apresenta-se ao leitor, o fiel confidente das suas cartas ao longo de um ano, de modo solitário, mostrando que tudo à sua volta parece ruir, não existindo proximidade entre este jovem e os seus pares e colegas de escola. É assim através da escrita que Charlie desabafa, contando o seu dia-a-dia e as mudanças que vão ocorrendo também perante o seu modo de estar e convivência social e familiar. Ao longo deste ano de partilha, este jovem conhece novos mundos, amando e apanhando desilusões para com as pessoas pelas quais se vai aproximando.
O primeiro amor, o álcool e as drogas, o sexo, a violência, a perda e a maldade. A vida de um jovem que percebe que afinal é fácil atrair alguém que goste de si, encontrando pares tão semelhantes que o levam a atingir uma outra maturidade com o tempo, num ano apenas. Estamos assim perante um jovem que só vê As Vantagens de Ser Invisível.
Contando histórias através de cartas que se podem traduzir num pequeno diário, Charlie conduz o leitor pela sua vida, convidando a uma reflexão sobre os comportamentos humanos em momentos de aprendizagem em pontos de transformação pessoal onde também os outros estão a sofrer alterações na sua vida. Essencialmente este adolescente encontra ao longo deste tempo o seu lugar em sociedade ao mesmo tempo que esta continua o seu ciclo, com os altos e baixos que cada um em particular vai sofrendo.
Vivendo com o seu confidente sempre por perto, o leitor que acaba por ser o seu melhor amigo, Charlie é aquele miúdo puro, sem ser inocente, que está disposto a conhecer, mas sempre com receio do que possa surgir após uma mudança perante a estrutura que tem pré-definida. Entrar nesta vida, conhecer este rapaz, é por vezes recuar no tempo e olhar para os nossos próprios receios e sonhos em determinada idade.
Fugindo do que podem pensar ser uma história infantil, este livro consegue agradar jovens leitores mas também quem já passou pela idade da descoberta e do salto para a vida real. Abordando o dia-a-dia dos jovens e os problemas que vão surgindo nessas idade, Stephen Chbosky não falha e não nos coloca a pensar somente em temas positivos e banais, colocando a escrita no caminho certo e em temas como a gravidez na adolescência, os abusos sexuais, o consumo de álcool em demasia, a violência doméstica e entre pares, tal como a homossexualidade e o abandono.
A história decorre com tempo e calma, dando para perceber as alterações que vão acontecendo para com Charlie, existindo depois um final mais rápido e com pontos que ficam por fechar, deixando a ideia de continuação porque se formos a ver a vida deste jovem continua, diferente de como o conhecemos, mas o que é certo é que tudo continua dentro de outra perspetiva e com um maior à-vontade para o que está para surgir. Um ponto que o autor toca no final é sobre uma possível doença mental do jovem, um pormenor a que tentei não dar destaque para não estragar o que foi sendo esta história. Não existia necessidade deste desfecho em branco com um assunto que vai sendo tocado mas a que prefiro não dar valor, optando por ver o valor da vida que Charlie aprendeu a perceber.