Autor: Christian Gálvez
Título original: Matar a Leonardo da Vinci
Editora: Clube do Autor
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Março de 2018
Páginas: 388
ISBN: 978-989-724-367-7
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Século XVI. Os conflitos pelo poder nos Estados Italianos crescem ao mesmo tempo que as artes prosperam. A Igreja e famílias como os Médici e os Sforza detêm o domínio do território e das riquezas. Savonarola ganha seguidores. Verrocchio, Botticelli, Miguel Ângelo e Rafael são artistas respeitados.
Florença é casa dos Médici e berço desta ebulição cultural. O criativo e genial Leonardo da Vinci finalmente começa a criar nome, tem o seu próprio ateliê e clientes e liberdade para desenvolver a sua arte e as suas invenções. Mas uma acusação anónima de sodomia obriga-o a abandonar os seus planos e a cidade das artes.
Invejas e medos, ignorância e corrupção, sofrimento e perseguição. Quando Leonardo percebe que nada do que parece ser é e que os inimigos podem estar em qualquer lugar, debate-se entre a vontade de triunfar e o desejo de vingança, entre o homem pecador e o génio inventivo, entre o passado e o futuro.
Este é um romance histórico com uma extensa pesquisa por trás, em que as descrições e os grandes nomes da época criam o ambiente perfeito para conhecermos melhor o homem por trás de toda a genialidade.
Opinião: Um verdadeiro thriller histórico onde Christian Gálvez dá a conhecer ao leitor um pouco mais sobre Leonardo da Vinci, o homem por detrás do génio que criou, inventou e deixou marca.
Com base numa forte investigação histórica por parte do autor, As Sombras de Leonardo da Vinci tornou-se numa obra que alia a ficção com a realidade por onde o poder político e religioso ganham fortes contornos na vida do criador que foi definindo assim a sua forma de estar e agir consoante os contratempos que lhe foram colocados pelo caminho.
Uma narrativa sobre a vida de Leonardo da Vinci que muitos desconhecem para além da obra criada e dos seus últimos anos de existência. Nascido através de uma relação clandestina entre o seu pai e uma escrava, criado somente pela mãe e pelo seu companheiro, rapidamente Leonardo ambicionou mais para conhecer o mundo para além do que lhe era permitido. Traído desde o início pela sua própria família paterna e pelos seus amigos mais próximos, o jovem de Vinci lutou pelo conhecimento próprio e pelo reconhecimento perante quem não o aceitou, estudando, interpretando e amando, de um modo não muito bem visto pelos outros, mas que o deixou bem ao longo de uma vida aparentemente solitária e de lutas constantes com poderes perseguidores e geradas por conflitos onde as ambições não andaram durante a maior parte do tempo de mãos dadas com a política das grandes instituições. O poder da influência e as movimentações de bastidores sempre estiveram no caminho de Leonardo, ajudando a criar a sua personalidade onde a inconstância, os receios e medos sempre persistiram perante uma vida onde se ansiava pelo sucesso mas ao mesmo tempo pelo sossego e liberdade.
Com uma escrita nem sempre fácil e onde as explicações podem baralhar pelos saltos temporais e de localização existentes, Christian Gálvez usa o poder dos factos históricos para recriar uma vida baralhada pelo tempo, tal como me senti enquanto leitor de As Sombras de Leonardo da Vinci. Percebi a sequência lógica que foi criada, no entanto senti várias vezes a necessidade de voltar atrás, rever alguns nomes e situações que me pudessem explicar o presente da leitura. Existe fluidez na escrita, no entanto os saltos que são dados entre épocas e locais acaba por quebrar a narrativa, parecendo que o leitor é presenteado com situações avulsas acerca da vida de Leonardo e não com uma história contínua que teria sido servida de forma bem mais atraente onde toda a ação teria ganho outro destaque.
No geral não posso dizer que não tenha gostado, no entanto senti-me perdido pela falta de ligação entre cada momento contado. Nota-se que a intenção era mostrar os momentos fortes da vida do homem de Vinci, no entanto se tudo tivesse sido melhor aprofundado, nesse campo falo também da parte romanceada da obra, tudo teria ficado com um maior interesse para um leitor que não gosta de ler somente factos e seguir em frente. Gostaria de ter criado uma maior ligação tanto com Leonardo como com determinados nomes importantes que se foram cruzando no seu caminho, ajudando a que o mestre se tivesse transformado num dos maiores e eternos artistas, o que infelizmente não foi possível pela forma como tudo é contado.
Para os fãs de Leonardo da Vinci, neste livro podem saber um pouco mais sobre o mestre. Para quem aprecia e quer conhecer o homem por trás do artista, encontrarão na narrativa uma oportunidade.