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O Informador

As Flores de Lótus

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Autor: José Rodrigues dos Santos

Data: Outubro de 2015

Editora: Gradiva

Número de páginas: 688 páginas

Classificação: 4 em 5

 

Opinião: As Flores de Lótus reconta a História numa história onde o Mundo em rebuliço no início do século XX entra em confronto e ninguém consegue ficar ausente das guerras internacionais e dos conflitos internos entre o poder e o povo ou até na luta de classes e ambições pessoais.

Neste romance, que dá o mote para uma triologia onde quatro personagens centrais são o trunfo, José Rodrigues dos Santos surpreende e coloca o leitor entre o passado político do país que pode ser comparado de certa forma ao que outros povos tiveram de enfrentar mais ou menos pela mesma altura. Europa e Ásia foram Continentes que viveram com o controlo, o medo e a perseguição sempre presente em determinada altura da História e isso é recontado através da união entre ficção e realidade com recurso a personagens históricas ao longo desta narrativa que não passa no final de contas de um retrato da sociedade de outrora com grandes perspetivas perante o presente, sendo por diversas vezes um romance histórico mas com crítica na atualidade que todos enfrentamos. 

Artur, Fukui, Lian-Hua e Nadezhda são os quatro jovens que nascem no início do século para iniciarem uma vida que poderia estar encaminhada, não tivessem eles que fazer opções, ver o futuro comprometido e ficarem sem a família que teoricamente os iria amparar nos primeiros anos de vida. Quatro vidas bem distintas, em locais distantes e a viverem problemas semelhantes entre si. O planeta roda e a sociedade age em conformidade e de forma semelhante ao que vai acontecendo na terra do lado. Existirão condições para um povo sair por cima quando todos querem o mesmo e triunfar entre os mais fracos que não se assumem também como tal, enfrentando e lutando pelas suas coisas e condições?! Uma verdadeira luta de estatutos onde a política tem sempre algo a dizer e a impor junto de trabalhadores que só querem o que é seu e para o qual dão tudo para conseguirem triunfar.

Num romance explicativo e com uma linguagem simples, José Rodrigues dos Santos volta ao lugar onde sempre deveria estar, na História. É recontando factos através da ficção que o autor mais conquista, sem ter de colocar personagens em busca de um mistério científico para se aproximar do leitor. É com obras como Anjo Branco, A Filha do Capitão e As Flores de Lótus que me deixo deliciar por uma boa narrativa onde vidas são contadas de forma leve e o passado da sociedade vai aparecendo de forma subtil, servindo ao mesmo tempo para lembrar vários momentos da nossa História. 

O primeiro livro desta trilogia é totalmente aconselhado, principalmente para quem gosta de reviver e saborear o que as várias nações mundiais tiveram de passar para chegarem aos dias de hoje, com boas e más atitudes a serem tomadas pelos líderes e por um povo que viveu, tal como hoje continua a viver, com sacrifícios e a pensar no dia de amanhã.

Entre o passado e com olho no presente, José Rodrigues dos Santos nunca deixa escapar uma boa oportunidade de beliscar a atualidade com recurso às suas personagens de outros tempos! Para ler de uma assentada e ter O Pavilhão Púrpura pronto para entrar em acção logo de seguida!

 

Sinopse: Pode uma ideia mudar o mundo?

O século xx nasce, e com ele germinam as sementes do autoritarismo.

Da Europa à Ásia, as ondas de choque irão abalar a humanidade e atingir em cheio quatro famílias.

Depois de assistir à queda da monarquia, o capitão Artur Teixeira vê as esperanças da República afundarem-se num caos de instabilidade. Adere à revolução militar e recebe uma missão: convencer Salazar a tornar-se ditador.

Satake Fukui cresce num Japão dilacerado entre a tradição e a modernidade. O seu confronto com o militarista Sawa reflete um braço de ferro que ameaça mergulhar o país, e o mundo, numa catástrofe sem precedentes.

A chinesa Lian-hua nasce com olhos azuis, os mesmos que veem a China arrastada para um choque titânico entre os nacionalistas, os comunistas e os japoneses. Apanhada no fogo cruzado, é raptada por um radical comunista: o jovem Mao Tse-tung.

Os bolcheviques acabam de conquistar a Sibéria e batem à porta da pequena quinta dos Skuratov. Estaline iniciou as coletivizações e a família de Nadezhda é lançada num ciclo de medo, fome e sofrimento.

Quatro histórias. Quatro famílias. Quatro destinos.

Senhor de uma prosa lúcida e poderosa, José Rodrigues dos Santos embarca connosco e com figuras históricas como Salazar e Mao Tse-tung numa viagem arrebatadora que nos leva de Lisboa a Tóquio, de Irkutsk a Changsha, do comunismo ao fascismo. Com As Flores de Lótus nasce uma das mais ambiciosas obras da literatura portuguesa Contemporânea.