Arguidos do Sporting
A nossa justiça por vezes toma decisões que nem sempre compreendo e um dos casos que alguma confusão me tem feito nos últimos meses são as prisões preventivas de dezenas de pessoas arguidas no caso da invasão da Academia de Alcochete do Sporting, isto quando pessoas que espancam menores e matam pessoas andam à solta enquanto não são julgadas.
Todos erraram, a investigação continua para se encontrarem os principais cérebros do ataque aos jogadores leoninos, no entanto todos aqueles homens estão presos para não existir comunicação e evitar novos incidentes, segundo o que é partilhado publicamente. Mas coloco a questão de outro ponto de vista. Se aquelas mesmas pessoas tivessem invadido um balneário de um pequeno clube de futebol e tivessem cometido exatamente os mesmos atos mas com vítimas não conhecidas como nomes fortes do futebol o que lhes teria acontecido? Acredito que estariam em liberdade, até serem chamados a julgamento, continuavam as suas vidas e nada se passava. Neste caso são presos preventivos só mesmo porque atacaram jogadores do Sporting, como estariam se tivessem feito o mesmo com rostos do Benfica ou do FC Porto.
A justiça mostra em vários pontos que uns são filhos e outros são enteados. Há umas semanas todos conhecemos o caso de um padrasto que espancou uma criança de ano e meio. Foi ouvido pelo Ministério Público e foi libertado para esperar julgamento. Existem casos de quem tenha morto, ainda sem terem sido julgados, mas no mesmo dia foram soltos. Então? Seria necessário ser um filho de um político ou de um famoso da nossa praça ser morto para o culpado ficar preso? E quem mata um cidadão estrangeiro não tem de ter os mesmos castigos de quem poderá matar um dirigente futebolístico por acidente?
São factos reais que os nossos tribunais mostram das diferenças entre casos. Atacar os jogadores do Sporting parece ser um grande crime, mas deixar marcas num menor parece não ter importância para a nossa justiça.
Estes são os pensamentos de um mero cidadão que tenta perceber as decisões de quem bate com o martelo e tenta impor respeito a uma sociedade em agonia, mas sem explicações plausíveis torna-se complicado qualquer um de nós entender decisões tão dispares em casos que não são comparáveis mas onde os problemas existiram de igual forma, mas onde o contexto social tudo alterou.