Aos 50 anos existe liberdade para tudo?!
«Aos 50 anos já tenho o direito de fazer e dizer o que me apetece... Até na escrita.»
Inês Pedrosa
A completar 50 anos de vida e 20 de carreira, Inês Pedrosa revela numa entrevista à revista Nova Gente a frase que em cima transcrevi. E agora pergunto, aos 50 existe mesmo essa permissão de também se escrever tudo e mais alguma coisa pensando que serão os outros que irão ler, mesmo que não percebam?
É certo que com o avançar da idade se começa a pensar de outra forma, de forma mais tranquila e com menos riscos de se errar, mas quando se pensa que tudo se pode fazer e dizer sem que os outros levem a mal, é porque talvez sejamos nós que estamos mal, não?
Tenho-me reparado que além de mim, existem muitas pessoas que estão a colocar a escrita desta autora de lado pela sua maneira de querer mostrar ao mundo como entende as suas criações dos últimos tempos. Será que a autora não consegue perceber que não escreve para si própria, mas sim para os outros, tendo que explicar as razões das suas personagens serem como são? É certo que cria enredos que se desenvolvem de forma muito rápida e isso é bem atrativo, mas convém sintonizar os leitores nas palavras com que tenta mostrar toda a acção, não?
A mim, a autora não me engana mais, pelo menos enquanto me lembrar do que li seu e sentir que dos autores nacionais foi mesmo a pior que me veio parar às mãos. Ter tais anos de vida e outros de carreira não significa que se pode inventar e criar algo só para a própria pessoa entender, porque se quer ter sucesso e vender, é melhor então voltar a rejuvenescer com as suas criações literárias.
O direito é algo que todos possuímos, mas o transtorno que podemos causar nos outros não tem que andar de mãos dadas com esse direito. Não fica bem a qualquer pessoa assumir que por ter idade ou experiência se encontra capaz de dizer tudo o que quer, porque isso não é bem assim para quem vive em sociedade.