Anúncios enganadores
Quem já andou à procura de novo emprego, de certo que já terá reparado que muitos dos anúncios que aparecem nas diversas plataformas de busca indicam mais do que na verdade a oferta tem à disposição. Existem empresas que ainda conseguem anunciar uma coisa e no momento da entrevista apresentam uma outra bem diferente da que divulgam pelos sites de emprego e redes sociais.
Há dias inscrevi-me, via email, numa proposta que encontrei numa página de Facebook dedicada à publicação de anúncios de emprego. Nem cinco minutos passaram até que recebi uma chamada de quem publicou o dito anúncio a querer marcar entrevista e logo perguntei se as funções seriam as que eram mencionadas e se seria para trabalhar para a própria empresa. Era uma empresa de trabalho temporário, no entanto o anúncio dava indicações que seria para integrar a equipa da dita empresa e não para trabalhar através deles para os seus clientes. Questionei a situação na chamada que me foi feita e confirmaram que tinha percebido bem. Entrevista marcada para a semana seguinte.
No dia da entrevista, cheguei uns minutos mais cedo, como sempre, porque chegar na hora exata não é comigo. Já lá estava uma jovem candidata em espera. Conversamos um pouco antes de ser chamada e como as paredes de certos gabinetes são feitas para poderem ser desmontadas a qualquer momento, ouvi alto e bom som toda a entrevista e logo pensei que tinha duas opções. Ou a minha entrevista seria diferente da dela ou então seria mais um engano entre anúncio e realidade. Quando a entrevista da jovem terminou fiquei em espera um pouco para ficaram em reunião por uns minutos e deu para falar com a candidata que logo me disse que não tinha sido aquilo que estava no anúncio a que respondeu e que não iria aceitar.
A porta volta a abrir-se e começa a minha entrevista. Tudo a correr bem, fazendo que não sabia o que viria a seguir. Até que quando começam a levar a questão para a função logo pergunto se seria para o mesmo que a candidata anterior porque infelizmente tinha sido obrigado a ouvir. Disseram-me que sim e a resposta seguiu com um «não foi isso que estava anunciado e que me confirmaram ao telefone», tendo sido uma das minhas entrevistadoras a ligar, por sinal. Expliquei a razão de não aceitar a proposta e de nem pensar nela sequer e a entrevista terminou nesse exato momento.
As empresas de trabalho temporário acham mesmo que é por tentarem atrair as pessoas para funções que não são as reais que conseguem alguma coisa? Existe sempre quem caia, mas e aqueles ordenados irreais durante meses que dizem ser de formação? Pode ser legal mas é uma vergonha o que ouvi sobre uns 300,00€ que a rapariga ia receber nos primeiros dois meses até começar a poder receber comissões que mesmo assim não eram garantidas.
Primeiro quando nos candidatamos não era para as funções que indicavam e depois quem acha que alguém vive com 300,00€ por mês quando tem de ir trabalhar, gastar em deslocações, alimentação e outros gastos? Será que não existe alguma entidade, a Deco, que faça um aperto maior aos anúncios de emprego que andam por ai e que na verdade só podem ser apelidados por enganadores do principio ao fim?!
O anúncio não tinha mesmo nada a indicar o que nos foi apresentado na entrevista, bem pelo contrário. Só assim conseguem levar as pessoas a certas entrevistas, porque para certos trabalhos só mesmo enganando para depois tentarem dar a volta de forma pessoal e através do contacto frente-a-frente.