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O Informador

A roupa infantil da discórdia

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Nos últimos dias a discórdia surgiu entre pais e educadores quando a marca de roupa infantil Zippy lançou a sua nova coleção sem género para crianças entre os 3 e os 14 anos. Quando anunciada esta futura nova coleção logo se sentiu um certo azedume pelas redes sociais, mas agora que a mesma foi lançada para o mercado as reações foram mais que muitas. 

Neste momento e após perceberem que parte da nova coleção disponível da Zippy para crianças não tem género, muitos anunciaram boicote à marca de que eram consumidores porque, segundo inúmeros comentários deixados pelas redes sociais, esta ideia das peças poderem ser utilizadas de forma indiferenciada entre rapazes e raparigas não faz sentido nos tempos que correm. 

Para a marca pertencente ao grupo Sonae, este lançamento aconteceu com o objetivo de «celebrar a individualidade e liberdade de expressão de cada um», pretendendo quebrar barreiras e estereótipos com uma coleção onde a cor é a estrela maior para todos. A Zippy não é pioneira com esta ideia, existindo mesmo marcas mundiais que somente lançam coleções sem género como é o caso da britânica John Lewis e de marcas mais pequenas como a Tootsa e a Claude & Co.

Infelizmente e em Portugal a sociedade pelos vistos gosta de estar no passado, onde as roupas infantis também já passaram por uma fase onde não existiam diferenças entre rapazes e raparigas. Mas agora e quando se fala na igualdade de género, existem núcleos que defendem que meninos têm as suas roupas especificas e as meninas outras. Muitos têm sido os comentários deixados nos murais das redes sociais da marca mostrando algum descontentamento por muitos e até tenham criado a hashtag #DeixamAsCriançasEmPaz. «Como não pactuo com a agenda ideológica, a Zippy acaba de perder uma cliente assídua, com vários filhos. Não voltarei a fazer compras nesta loja», afirma uma, pelos vistos, ex-cliente. Ao que outro acrescenta, «Não sei qual foi a intenção desta campanha, ainda, para mais nesta altura, onde não se fala de outra coisa. Terá sido intencional? Ou um infeliz acaso? Independentemente, de sim ou não, a Zippy neste momento está fora das minhas escolhas para os meus filhos». A sério mesmo? Olho para as imagens desta nova coleção e não vejo mal algum entre as peças lançadas. São thsirts, polos, casacos e afins de cor que tanto raparigas como rapazes podem vestir e já outrora vestiam, só que a marca os dividia entre duas coleções e agora estão uniformizados. 

Do lado oposto e do apoio a esta iniciativa também existem os defensores, «É difícil e desconfortável, mas o caminho certo é mesmo assim», «Só é pena que os que estão aqui a reclamar não percebam que não há aqui imposições nenhumas, ao contrário das posições que leio». Isto é a verdade. A Zippy apostou e agora compra quem quer, porque o que não faltam por ai são marcas. Será que se derem uma oportunidade a esta nova fase não irão até sentir que além de apostarem no caminho certo a seguir ainda irão, quando existem crianças de ambos os sexos em casa para vestir, poupar algum dinheiro com roupa que consegue ser vestida por ambos?

A marca, em comunicado à imprensa, já se fez ouvir como forma a se defender, o que não seria necessário. «a coleção Happy não tem qualquer associação a ideologias ou movimentos, sejam eles quais forem», sendo que as novas peças «podem ser usadas tanto por meninos como por meninas». 

Afinal de contas o que está a ser colocado em causa nestes comentários contra esta nova coleção da marca? Do meu ponto de vista além de não se estar a impor nada a ninguém, as peças não estão a colocar em causa a feminilidade ou masculinidade, sendo artigos com cor e que podem ser vestidos por todos, não existindo aqui uma tentativa de levar um dos géneros a vestir a roupa do outro. A visão maldosa neste caso, e como na maioria das coisas na vida, está mesmo na mente de cada um que ao olhar no ato da compra para uma coleção infantil unisexo já não vão comprar porque não querem ver a sua filha com um casaco igual ao do miúdo dos vizinhos do lado e vice-versa. Poupem-se a esses pensamentos retrógrados e pensem na quantidade de peças que já vestiram aos vossos filhos e que podiam perfeitamente ser de uma criança de outro género. 

Mais uma vez a discussão sobre a igualdade de género e a descriminação são colocadas em prática porque existem núcleos sociais que não conseguem andar para a frente e encontram mal em tudo o que possa ter algum sinónimo de diferença para um futuro melhor. Que mal tem esta coleção que até transmite boas energias? Sou mesmo defensor que pais e educadores que defendam esta uniformização que deem o exemplo, comprem e vistam os seus filhos de igual, promovendo que uma peça de roupa não faz a diferença nas escolhas e caminhos que ao longo do crescimento irão seguir. 

 

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