A Minha Querida Rose Gold | Stephanie Wrobel
Planeta Manuscrito
Título: A Minha Querida Rosa Gold
Título original: The Recovery of Rose Gold
Autor: Stephanie Wrobel
Editora: Planeta Manuscrito
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Julho de 2020
Páginas: 336
ISBN: 978-989-777-380-8
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Durante os primeiros dezoito anos da sua vida, Rose Gold acreditou que estava muito doente. Era alérgica a tudo, usava uma cadeira de rodas e vivia praticamente no hospital. Os vizinhos faziam o que podiam para ajudar. Organizavam angariações de fundos, ofereciam consolo, mas, por mais médicos que consultasse, exames e cirurgias que fizesse, ninguém conseguia perceber o que se passava com ela.
Acontece que afinal Patty, a mãe de Rose, é uma exímia mentirosa.
Depois de cumprir cinco anos de prisão, Patty não tem para onde ir e pede à filha que a receba em sua casa. A comunidade fica chocada quando Rose Gold aceita. Patty insiste que a única coisa que quer é a reconciliação. Garante que perdoou Rose por a ter denunciado e testemunhado contra ela em tribunal. Mas Rose Gold conhece a mãe, Patty Watts acerta sempre as suas contas.
Infelizmente para Patty, Rose Gold já não é a sua débil e querida menina... E esperou muito tempo pelo regresso da mãe a casa.
Opinião: Patty Watts deixa, após cinco anos de prisão, o sistema onde cumpriu pena pelo crime de abuso infantil agravado para com a sua própria filha, Rose Gold. Após os primeiros anos de costas voltadas pelos erros praticados, Rose começa a visitar a sua mãe na prisão, mesmo tendo sido testemunha contra os atos praticados pela sua progenitora. Enquanto isto Patty continua a culpar a imprensa, o júri e juiz de tudo o que a culparam, querendo a própria ser vista como a vítima de crimes que cometeu contra uma criança inocente. A questão que se coloca logo nos primeiros capítulos de A Minha Querida Rosa Gold é mesmo sobre o facto de após todas as maldades cometidas, Rose Gold ainda perdoar, ao ponto de visitar e após os cinco anos de prisão, receber a sua mãe em casa. Quais os reais motivos para esta reviravolta nos comportamentos desta jovem mulher para desculpar e aceitar Patty perante as suas condições impostas de convivência entre mãe e filha na mesma casa?
Numa narrativa que se divide entre o passado perante os encontros de mãe e filha na prisão e o presente onde o convívio entre as duas acontece na mesma casa o leitor é convidado a perceber cada artimanha elaborada individualmente por ambas para se tramarem mutuamente num presente a pensar no futuro rápido. Passado e presente e com os pontos de vista de Patty e Rose, neste romance percebemos como mãe e filha se enganam e magoam mutuamente no presente para resolverem de vez os problemas e mágoas do passado. Patty que de tudo faz para tirar Rose do jogo da vida, roubando-lhe de certa forma o lugar obtido por si. Já Rose, de forma surpreendente e inesperada no final, consegue provar que o último a rir é mesmo quem ri melhor.
De leitura difícil e lenta, existem capítulos que acabam por se arrastar pelo próprio sentido de mudança que fornecem a este romance psicológico com pontos de claustrofobia, obsessão, vingança, reconciliação e terror, pela forma como as descrições são feitas a ponto de criarem uma certa separação entre o que poderia ser ficção e comparando com uma realidade que não consegui visualizar por ser demasiado inacreditável de acontecer.
Gostei da história base em si, onde mãe e filha se tentam vingar de mágoas do passado sem que a outra se aperceba que existe um ponto final a ser colocado de ambas as partes nesta relação familiar. No entanto a forma como a autora desenrolou certos momentos acabou por me bloquear em certos capítulos por perceber cedo o que estava a acontecer de parte a parte, não detetando o final mas entendendo que a passividade de Rose para com o controlo de Patty da sua vida após todo o mal feito anteriormente teria de revelar um final inesperado, tal como aconteceu.