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O Informador

A Inglesa e o Marialva | Clara Macedo Cabral

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Título: A Infglesa e o Marialva

Autor: Clara Macedo Cabral

Editora: Casa das Letras

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2018

Páginas: 352

ISBN: 978-989-741-953-9

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Esta é a história verídica de uma inglesa apaixonada por cavalos que chegou a Portugal nos anos sessenta com o sonho de aprender a tourear. Determinada, aventureira e apoiada por famílias portuguesas importantes, Ginnie Dennistoun - que escolheria o nome artístico Virginia Montsol - não só venceu todas as barreiras como se tornou uma pequena celebridade no mundo fechado, elitista e masculino dos toiros, arrebatando o público com a sua elegância e beleza.

Na Chamusca do Ribatejo, onde passou a residir, Ginnie viveu em segredo um grande romance com o toureiro que fora seu mestre. Mas como se sentiria esta rapariga de vinte e poucos anos, alternando entre a Inglaterra dos Swinging Sixties, da emancipação da mulher, dos Beatles, da construção de uma sociedade mais igualitária, e o Portugal salazarista, pobre e marialva, onde as mulheres deviam ser obedientes e discretas e a sua relação com um homem mais velho era um escândalo?

A Inglesa e o Marialva narra a vida de uma mulher de coragem que, contra tudo e contra todos, incluindo a própria família, venceu os constrangimentos do mundo em que nascera e, nessa viagem, descobriu verdadeiramente quem era.

 

Opinião: Uma jovem inglesa apaixonada pelo mundo do toureio mudasse para Portugal para aprender a arte com os mestres ribatejanos que triunfam nas praças nacionais e dão cartas também internacionalmente. Encontramos-nos nos anos sessenta e conhecemos assim Ginnie Dennstourn, que mais tarde vem a escolher o nome artístico Virginia Montsol, a heroína de A Inglesa e o Marialva, num romance real transformado com pontos de ficção por Clara Macedo Cabral, que veio a ter acesso ao passado desta mulher através de memórias deixadas entre os mais próximos. 

Lembrando o passado de Ginnie e ao mesmo tempo fazendo uso de cartas atuais quando já se encontrava nos seus últimos anos de vida e longe de Portugal, a vida desta sonhadora que quebrou regras é colocada em destaque no meio taurino. Ao mesmo tempo que acompanhamos todo o processo de aprendizagem de Ginnie com o seu professor e eterno apaixonado Alberto, vamos visitando a história da tauromaquia dentro e fora de território nacional. Convivendo com nomes importantes do meio social na altura, como é o caso de David Ribeiro Telles e António Luís Lopes, tal como as suas respetivas famílias e amigos, Ginnie chegou e em pouco tempo entrou nas mais céleres lides pelas praças portuguesas, criando laços com quem se cruzava e acabava por conquistar. Aprendendo a punho com a ajuda de Alberto, pagando as suas contas, comprando cavalos para ensinar e poderem ser os seus companheiros de toureio, Ginnie foi aceite por uns e enfrentou muitos pelo facto de ser estrangeira e querer mudar o mundo com as suas ideias sobre a arte de cavalgar. 

Em A Inglesa e o Marialva acompanhamos vidas ao mesmo tempo que é contada a história de muitos. As invejas, os conflitos entre dinastias e casas, as rivalidades na arena, os contratos e combinações são destaque nesta obra com conteúdo mas um pouco mal conduzida por parte da sua autora. Olho para a história de Ginnie e vejo que tanto podia ter sido exprimido a favor de um romance que chegasse mais facilmente junto do leitor para que se sentisse conquistado e incentivado para saber um pouco mais sobre estas vidas entre touros e cavalos. 

Gostava de ter entrado um pouco mais na intimidade de Ginnie perante o seu passado em Portugal, chegando de forma mais romanceada ao envolvimento com Alberto, mostrando de forma mais destacada as controvérsias que este amor sofreu por parte de uma sociedade fechada entre si para que nada falhasse nas futuras gerações. Percebo que este livro possa conquistar os aficionados que já podem conhecer esta história ou não, mas para um leitor comum e fora das lides taurinas, que pretende ter um bom companheiro de leitura durante uns dias, vejo falhas de apego que podiam ter sido contornadas através de um texto mais emocional e com controvérsias que aconteceram e que são mencionadas mas que passam um pouco ao lado do enredo central que é destacado. 

 

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