A Escuridão | Ragnar Jónasson
Título: A Escuridão
Título Original: Dimma
Autor: Ragnar Jónasson
Editora: Topseller
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Maio de 2019
Páginas: 288
ISBN: 978-989-8917-90-4
Classificação: 4 em 5
Sinopse: Abrangendo as ruas geladas de Reiquiavique, os fiordes isolados e as Terras Altas da Islândia, A Escuridão é o novo romance de um dos nomes mais entusiasmantes do policial nórdico atual.
Aos 64 anos, a inspetora Hulda Hermannsdóttir, da Polícia de Reiquiavique, está prestes a ser forçada a reformar-se, mas antes quer levar a cabo uma última investigação: Elena, uma jovem refugiada proveniente da Rússia, foi encontrada sem vida numa enseada rochosa em Vatnsleysuströnd, na Islândia.
Assim que começa a fazer perguntas, Hulda não demora muito a perceber que não pode confiar em ninguém. Elena não foi a única mulher a desaparecer naquela altura, e ninguém parece estar a contar a história toda. Quando os próprios colegas tentam pôr um travão na investigação, Hulda tem muito pouco tempo para desvendar a verdade, mas está determinada a descobrir quem é o assassino. Ainda que isso signifique colocar a própria vida em risco.
Opinião: Tendo a Islândia como pano de fundo e Hulga como protagonista, é tempo de começar a entrar no mundo obscuro e sombrio de A Escuridão, o primeiro volume de uma nova série de Ragnar Jónasson que apresenta este seu livro através de um enredo bastante elaborado e de forma a prender o leitor de página a página.
Primeiramente é apresentada Hulga, que aos sessenta e quatro anos percebe que está a dias de se aposentar, mesmo contra a sua vontade, e ver o seu lugar a ser rapidamente ocupado por um novo membro de energia renovada. Sem vontade de ficar no vazio de forma solitária, sem o dia-a-dia a que se habituou ao longo dos seus anos de trabalho esta mulher é o exemplo bem retratado por parte do autor de que nunca é tarde para arregaçar as mangas e continuar com o espírito de confiança e capacidade de fazer mais e melhor. Recusando o convite para se aposentar sem nada fazer, Hulga é convidada de forma ilusória pelo seu diretor a pegar num caso já arrumado de processos judiciais antigos que não foram resolvidos. O que resulta daqui é que este convite é mesmo levado a sério e esta mulher que não quer parar pega num processo que não viu o seu fim anunciado da melhor maneira e recomeça a investigar o que os seus colegas deixaram em tempos para trás. A partir daqui o desenrolar da ação ganha vários contornos bem promissores para um policial recheado de suspense e mistério em torno da morte de uma jovem russa que pedia asilo à Islândia.
Com recurso a capítulos que vão sendo alternados entre um passado de uma jovem que é mãe bem cedo e contra as opiniões familiares, a vida de uma criança deixada e que conquista o seu lugar na sociedade e o presente na vida de Hulga que tem nesta sua última investigação como profissional o seu trunfo para mostrar que ainda está de boa saúde física e psicologicamente para continuar a fazer o seu trabalho por mais uns tempos, o leitor é convidado a encontrar três estados distintos que dizem respeito a um só ser humano para se entender como o passado interferiu no presente.
Servido a frio como são tipicamente conhecidos os policiais nórdicos, em A Escuridão tudo é descrito sem entraves e apontamentos supérfluos, com toda a exigência necessária num embrulho muito bem conseguido para prender o leitor para que chegue ao final rapidamente porque parar esta leitura é quase impossível porque existem desfechos para descobrir, segredos por revelar desde bem cedo e pessoas desonestas em todo o lado.
Afinal de contas o que na vida de cada um é verdade ou uma grande mentira desde sempre? Esta é daquelas histórias que revelam descobertas, nos colocam a pensar sobre as pessoas em quem confiamos por parecerem os melhores seres do mundo e o quanto nos iludimos com o que nos é colocado pela frente.
A Escuridão foi o primeiro livro que me fez companhia da autoria de Ragnar Jónasson e como correu tão bem só existem motivos para voltar a querer ter novas obras do autor deste lado. Que venha o próximo!