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O Informador

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Maria João Costa, a autora da novela de sucesso da TVI, Ouro Verde, aceitou o meu convite e partilhou um pouco da aventura que foi escrever a sua primeira trama para televisão. Com formação além fronteira e com uma carreira onde sempre deixou que as suas ideias e sonhos falassem mais alto, Maria João revela-se nesta longa entrevista onde para além do seu trabalho em televisão falamos do passado e do futuro, das amizades e das paixões de um nome que conquistou Portugal e não só com a novela que logo ao primeiro episódio apaixonou o público. 

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Ouro Verde foi a sua primeira novela. Alimentar um projeto de sucesso do início ao fim foi um trabalho árduo?

Bom, na prática a novela ainda não acabou pois vai continuar no ar por mais uns meses, apesar de eu ter a terminado de escrever. Faço figas para que essa sua frase esteja certa e este consiga manter-se como um projeto de sucesso do início ao fim. O trabalho foi árduo sim, como suponho que seja sempre o de qualquer novela. Tendo em contra o número de episódios de que estamos a falar, este acaba por ser um desafio que vai muito para além da nossa capacidade intelectual. Diria mesmo que há um momento em que o tema é mais físico do que mental. Pelo menos no meu caso que sou obsessiva com o trabalho: escrevo todas as grelhas detalhadamente, edito todos os episódios, releio-os sempre que posso mais do que uma vez, apesar de admitir que se chega a um momento em que torna impossível olhar para trás... Aí já estamos a falar de uma espécie de trabalho de circo em que temos de continuar a manter várias bolas no ar, mas agora de olhos tapados. Como digo sempre, este é um trabalho absolutamente “braçal”, onde não há muito por onde fugir: esteja-se bem ou mal disposto, inspirado ou não, os episódios têm de aparecer feitos dia após dia, o que nos obriga a uma grande disciplina física e mental.

 

Já com o final escrito, como resume este projeto na sua vida?

O balanço parece-me naturalmente positivo e importante. Por outro lado, e tal como já escrevi algures, por se tratar de uma primeira novela, o processo foi vivido por mim como se de uma primeira grande paixão se tratasse, com direito a todo o tipo de excessos no caminho. Será sempre marcante por isso também, pelo tipo de emoções que conseguiu despertar em mim.

 

Terminada a escrita desta produção, qual a sensação com que o autor fica ao despedir-se das personagens?

Sinceramente?... Toda a gente me dizia que depois de terminar algo assim ficaria um vazio enorme dentro de mim; diziam que me ia custar imenso a desapegar deste universo e destas personagens, mas, curiosamente, aconteceu-me exatamente o contrário. Depois de, confesso, cinco minutos de nostalgia após a escrita da última cena, já a altas horas da madrugada, durante os quais não resisti a mandar uma mensagem de despedida com um tom quase “amoroso” para a minha equipa de escrita talentosa e dedicada (Mª João Vieira, Roberto Pereira e Sebastião Salgado), fiquei felicíssima por ter terminado. Acho que o cansaço físico falou mais alto, ou então talvez a enxaqueca que não me largava há dias e que me deu, finalmente, descanso. (risos) Agora a sério: fiquei sobretudo feliz por ter conseguido levar esta história com ritmo até ao final. Acho que o público vai notar que a tensão se mantém até ao último momento. E diria mesmo que os três últimos episódios são imperdíveis.

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Uns bons meses após o início do projeto Ouro Verde e já com o final escrito, como é o dia-a-dia de um autor que está constantemente a criar a trama que não pode parar por tudo estar a ser gravado muito em cima da fase de escrita?

O dia-a-dia, na verdade, acaba por se revelar muito simples e desinteressante, especialmente nos últimos três meses de escrita: no meu caso passava por escrever, comer e dormir (aliás, dormir tornou-se vital, mais do que comer para alguém como eu que dorme pouco. Descobri que todos os momentos se podem revelar bons para tirar uma sesta. Nem que seja de 15 minutos apenas e com direito a despertador). Além disso, e ainda no meu caso, com isso encadeava apenas umas idas ao ginásio, ao osteopata e à acupunctura, todos necessários para conseguir manter a energia e saúde necessária até ao final. De resto... Vida social e cultural muito próxima do zero, o que foi bastante redutor. No momento tenho mil coisas para pôr em dia (entre filmes e séries que quero ver, livros que venho acumulando para ler, espetáculos que tenho perdido, amigos que mal tenho visitado, viagens que quero fazer, novos cursos). Em resumo, estou a precisar de renovar o meu stock de conhecimentos, emoções e vivências. Na minha opinião, um autor tem de viver mais do que escreve.

 

Muito do sucesso da novela acontece não só pela escrita mas muito também pelo elenco. Poderemos dizer que Ouro Verde tem o elenco certo para o projeto líder que é?

Eu acho que uma novela é, antes de mais, um enorme projeto coletivo onde o talento de cada uma das peças desta enorme engrenagem, faz toda a diferença. Ouro Verde teve o mérito de conseguir reunir um elenco de luxo que funciona muito bem entre si e onde todos tentam dar o seu melhor. É muito bom ver os atores felizes com os seus papéis, dos mais pequenos aos maiores. Muda totalmente o empenho com que trabalham. E isso é interessante de assistir pois quando vemos algum ator agarrar o que escrevemos e fazer aquilo crescer percebemos a importância que um bom elenco tem, para além de uma boa história, para o sucesso de uma novela. Também acredito, ao contrário, que um ótimo elenco com uma má história, não convence.

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Ter Diogo Morgado, Joana de Verona e Ana Sofia Martins como protagonistas foi uma surpresa ou existia uma vontade sua junto da produtora em conseguir algum destes nomes no elenco?

Este projeto sempre foi tratado como uma grande aposta do canal, por isso sempre foram pensados nomes relevantes para Ouro Verde. O caso do Diogo Morgado é um bom exemplo disso. Eu mesma me atrevi, uma vez, a dizer em voz alta ao José Eduardo Moniz que “bom, bom, era se conseguíssemos ter o Diogo a fazer o papel de Jorge”. Pensei que tal seria difícil, tendo em conta o percurso internacional que o ator tem vindo a fazer, mas quer dizer... o não está sempre garantido. Por que não tentar? Fiquei feliz quando soube que ele aceitou. Assim como estou muito feliz com o trabalho que a Joana de Verona tem feito, muito credível, acho-a uma atriz muito talentosa, assim como a Ana Sofia, que se tem revelado muito no papel da Vera (o seu ar louco às vezes mete-me medo, de tão bem feito que está). Mas além desses nomes que referiu temos outros que se têm revelado grandes surpresas e que eu adoro ver, tais como Dina Felix da Costa, como Rita, Nuno Pardal como Antonio, Vitor d’Andrade como Lucio, Ana Saragoça como Laurinda. E depois temos pessoas como Manuela Couto que faz de Amanda, que é uma atriz excepcional, José Wallenstein que parece ter nascido para inspetor corrupto da PJ (de tal modo encarnou bem a personagem), temos a Sofia Nicholson como Judite, assim como Luis Esparteiro como Miguel (que tem sido um excelente vilão) e vários outros atores em outros papéis que dão peso e credibilidade ao elenco, como o Rui Mendes, o Nuno Homem de Sá. E ainda temos o elenco brasileiro que, especialmente com Zeze Motta e Silvia Pfeiffer vieram dar uma consistência ao todo interessante. Mesmo em papéis pequenos temos tido atores muito bons, como foi o caso do Gracindo Junior, Cassiano Carneiro e da Mafalda Vilhena. Na verdade, acho que foi uma sorte enorme poder contar com um grupo de atores tão talentosos e empenhados.

 

 

Nota-se que existem atores com quem a Maria João foi criando uma certa cumplicidade ao longo do tempo, estarão esses nomes como atores chave para tentar manter em novos projetos?

Quem me conhece sabe que para mim trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Não é a proximidade com os atores que me faz sugeri-los para algum papel, é o facto de achar que podem funcionar nesse papel. Para mim, a história está sempre em primeiro lugar, logo até poderíamos estar a falar de um ator com quem não simpatizo, mas se eu achasse que ele seria a pessoa competente e indicada para o papel seria a primeira a sugeri-lo. Isto explica-se pelo facto de me render muito facilmente ao talento individual e talvez seja justamente isso que me faz ligar-me a certos atores, o facto de admirar, antes de mais, o trabalho que fazem. Quando se junta ao talento de um ator, uma personalidade cativante e um bom carácter, corro o risco de dizer que se podem arranjar amizades para a vida. Mentiria se dissesse que não gostaria de manter alguns nomes com quem trabalhei num futuro projeto.

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Ainda faltam uns meses até o final da novela ser apresentado ao público. O que se pode esperar da história nestes meses?

Ritmo. Quando o público pensa que sabe tudo o que se está a passar, acontece algo novo que vem virar a história mais uma vez. Acho que as personagens não têm de estar numa novela do início ao fim apenas porque sim. Ou fazem sentido nela, e a fazem crescer, ou têm de abrir espaço para outras histórias e conflitos crescerem. Não gosto de ver tramas arrastarem-se sem sentido só porque os atores têm um contrato.

 

Por agora é tempo de férias, mas existe alguma ideia de um regresso à ficção na TVI daqui a uns tempos ou o futuro está totalmente em aberto?

Neste momento, estou a pensar apenas em férias, o que faz com que seja um pouco cedo para falar sobre isso. Mas no meu caso, pelo menos, o futuro é sempre um lugar em aberto que nos tem de manter felizes e estimulados, foi isso que me fez mudar de profissão mais do que uma vez na vida. Para mim é muito importante divertir-me enquanto trabalho, estar envolvida em projetos que me desafiem. Nunca repetiria a fórmula de Ouro Verde. Por isso se voltar a fazer uma novela é porque se trata de um projeto que me anima e que eu acho que vai ser bom e diferenciado. Acredito que este é um trabalho demasiado exigente a todos os níveis para se fazer pelas razões erradas. Infelizmente vejo demasiadas pessoas a escrever novelas com o entusiasmo com que estariam numa linha de montagem de uma fábrica. Como se fizessem pão de forma ou virassem frangos, dia após dia. Eu seria incapaz.

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É sabido que os anos em que viveu no Brasil serviram de inspiração para a criação de Ouro Verde. Se tivesse de começar agora mesmo a escrever uma nova produção, já existem ideias e sinopses prontas a avançar se tiverem luz verde do canal?

Como eu disse atrás já, é fundamental viver para criar. Tudo se aproveita para a ficção, das boas às más experiências. Considero que ter mundo nos dá uma perspetiva mais abrangente sobre a vida, permite-nos sair da nossa zona de conforto e arriscar ir mais longe. Nesse sentido, viver fora do país foi importante, não apenas por estar exposta a um lugar diferente, mas por tudo o que isso despertou em mim a vários níveis.

Sobre novas ideias... Bom, ideias são coisa que eu tenho a mania de acumular na vida, incluindo enquanto escrevia Ouro Verde, por mais doido que pareça pois mal tinha tempo para nada, mas havia momentos em que isso se impunha, e tinha de as registar antes que me esquecesse delas. Escrevi vários esboços de sinopses para projetos de diferentes tipos. Agora vou ter o tempo que me faltava para lhes poder dar corpo.

 

Primeira novela está feita, existirá vontade de criar produtos de ficção para além de novela?

Óbvio que sim, até porque estudei intensamente o processo de criação de séries, formato do qual sou fã.

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A Maria João apareceu de surpresa como autora de Ouro Verde. De desconhecida perante o público para o sucesso e páginas da imprensa nacional. A curiosidade existe sobre o seu percurso profissional antes de escrever a sua primeira novela…

Bom, era uma desconhecida para este público que acompanha novelas, mas na minha anterior atividade já era, modéstia à parte, muito bem sucedida. Nos dez anos anteriores a Ouro Verde, eu dediquei-me ao mercado editorial, onde era Publisher, e fiz muitos dos livros de grande sucesso comercial em Portugal e foi isso que acabou por me levar até ao Brasil, para abrir a sucursal do grupo Leya no Rio de Janeiro. A verdade é que ainda trabalho com a Leya como consultora editorial, se bem que dedicando-lhe muito menos tempo do que gostaria hoje em dia. Mas sempre me especializei muito na análise de tendências, que fui traduzindo em projetos editoriais. Acho que tentei fazer o mesmo com Ouro Verde, trazendo a atualidade que me pareceu pertinente para as tramas que quis contar. Mas a verdade é que comecei por estudar Direito (contra a minha vontade, diga-se, pois queria era estudar Cinema), área em que nunca fiz nada pois foi ainda durante o meu tempo de estudante que comecei a trabalhar como jornalista. Primeiro na imprensa escrita e depois na TV. Primeiro na RTP, depois na TV Globo (no GNT Portugal). Daqui seguiram-se os livros. Na verdade, uma carreira variada, mas sempre ligada à produção de conteúdos. Foi pouco antes de ir para o Brasil que surgiu esta vontade de fazer uma novela. Na verdade em 2011. Mas só em 2016 assinei o contrato de Ouro Verde. Não foi fácil passar a rebentação como digo sempre, é necessário algum sentido de resiliência, mas acho que aproveitei bem o tempo. Enquanto não conseguia vender as minhas ideias, aproveitei para estudar e praticar muito. O Brasil foi ótimo para isso, pois fiz mil e um cursos de guião, tanto de novela como de séries. E tive a sorte de ter professores excepcionais, brasileiros e americanos, com quem mantenho ótima relação até hoje.

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Como assiste ao atual panorama televisivo com a aposta da ficção nacional nos três canais generalistas?

Acho que a ficção veio para ficar em todos os géneros. O português, como o brasileiro, sempre gostou de novelas, mas acho que o gosto das pessoas se vai começando a virar mais para as séries, até porque são de consumo mais rápido, o que nos dias que correm facilita muito o consumo, apesar disso ainda não se traduzir nas audiências, nem necessariamente na qualidade do que se faz. Acho que temos um longo caminho pela frente, ainda, pois falta-nos escala. Sermos um país pequeno acaba por prejudicar o que se faz em termos de conteúdo sobretudo por restrições orçamentais. A tentação de prolongar histórias normalmente não beneficia o resultado final. Por outro lado, acho que temos ainda demasiados guionistas que apesar de trabalharem para canais generalistas se esquecem disso, e que acabam por criar produtos genericamente pretensiosos que afastam o público, em vez de o cativar para as produções nacionais. Um bom guionista tem de colocar o seu ego de lado, assim como os seus gostos pessoais. E tem de entender que fazer ficção para um canal generalista é diferente de escrever ficção para um canal fechado e eu acho que esse tem sido o grande erro da RTP, que é quem tem apostado mais em séries (tendo em conta a liberdade financeira que tem, quando comparada com as estações privadas). É evidente que há exceções e coisas bem feitas (até porque alguns dos seus produtos não são originais e têm reconhecimento internacional, como é o caso de Sessão de Terapia), mas quando se olha para o todo do que tem sido feito, acho que deixa muito a desejar. Eu, pelo menos, sinto o nosso dinheiro muito mal investido na maioria das coisas que vejo.

 

Como se descreve enquanto autora junto de outros nomes que dão vida e criam personagens de novelas, séries, cinema e literatura?

Ainda não interiorizei muito bem a ideia de ser autora, na verdade. Durante anos e anos, trabalhei com autores, do outro lado, e ainda me custa ver-me como tal. Além de que tenho no ar apenas um único trabalho. Não sei se conquistei ainda esse título. Talvez mais à frente possa sentir isso, quando um outro trabalho vier consolidar essa ideia. De qualquer modo, vou ter sempre imenso a aprender com os autores que admiro das diversas áreas. Acho que o estudo e a apreensão de conhecimento são um trabalho que nunca se esgota. Nesse sentido, pode-se dizer que sou, pelo menos, uma pessoa dedicada ao que faz, que quer sempre fazer mais e melhor. Acho que o pleno nunca se atinge, mas podemos e devemos tentar conseguir uma versão melhorada do que nos propomos a fazer.

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Além da escrita, que paixões existem para ocupar o dia-a-dia?

Os meus cães foram os meus grandes companheiros de jornada enquanto escrevia Ouro Verde. São uma paixão permanente e muito vivida. Já a leitura é uma grande paixão que abandonei parcialmente enquanto escrevia por falta de tempo. Mas já consegui devorar vários livros seguidos desde que terminei Ouro Verde, e isso tem poucos dias, logo, já me começo a sentir bem melhor: os livros são como alimento para a alma. Na verdade, gosto de histórias. Para além dos livros, o cinema e as séries de TV. E o kitesurf, que tem a capacidade de me desligar completamente o cérebro. Agora, a minha maior paixão na vida é viajar. Troco tudo por um país novo. O último ano também não foi bom para isso, mas pretendo recuperar o tempo perdido. Tenho já vários planos para os próximos meses. Não há nada melhor do que conhecer novas culturas, pessoas diferentes de nós, maneiras totalmente distintas de viver. Nada nos enriquece mais do que isso.

 

Quem é a mulher por detrás dos guiões?

Isso agora... Diria talvez apenas que sou aquele tipo de pessoa que acredita que o impossível é apenas o que não se tentou.

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