A Coisa | Livro II | Stephen King
Título: A Coisa - Livro 2
Título Original: It
Autor: Stephen King
Editora: Bertrand Editora
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Novembro de 2018
Páginas: 568
ISBN: 978-972-25-3568-7
Classificação: 3 em 5
Sinopse: A segunda parte do clássico de King sobre sete adultos que regressam ao lugar onde cresceram para enfrentar um pesadelo que todos eles lá viveram… algo maléfico e sem nome: a Coisa.
Na segunda parte daquela que muitos consideram ser a grande obra de Stephen King, regressamos ao Maine e à pele dos sete amigos que, uma vez mais, terão de enfrentar o mal que se agita bem no fundo da memória de todos e emerge de novo trazendo o pesadelo e o terror ao presente.
Opinião: A leitura do segundo volume de A Coisa tinha de surgir logo após terminar o primeiro volume desta aclamada obra de Stephen King que me conseguiu conquistar. No entanto, e após a surpresa inicial, fui perdendo o fôlego nesta continuação do clássico que gerou um dos filmes de terror mais conhecidos.
A leitura de A Coisa - Livro 2 revelou-me inteiramente o que comecei a perceber anteriormente. Stephen King acaba por cansar por incluir muitas notas, criando histórias dentro da história que são absolutamente desnecessárias para a continuação da narrativa. O autor consegue cansar por elaborar demasiado, saturando o leitor que após a primeira parte da história só pensa que tudo vai continuar a ser retratado da mesma forma mas isso não acontece porque a dose de paciência para enfrentar páginas e páginas de «enche chouriços» tem de existir.
Na primeira fase, no Livro 1, o leitor é convidado a conhecer o grupo de sete crianças que ganha contacto com A Coisa que pelos túneis e nos recantos da cidade fictícia lhes aparece pela frente como forma de tormento. No Livro 2 a ideia que surge logo ao leitor é que iremos continuar o debate destas crianças mas enquanto adultos que após 27 anos regressam ao local para ajudarem as novas gerações e enfrentarem de vez o mistério que atormenta a cidade. Mas não, ou melhor, isto acontece mais ou menos. Continuamos a acompanhar as crianças, com o arrastamento e criações de teorias desnecessárias e o desenvolvimento pouco vai sendo adiantado, parecendo faltar a capacidade de sair do passado para um presente que seria perfeito para terminar com todo o impasse criado.
O tratamento que é dado a personagens que se ligam entre si mas que depois acabam por não sair do mesmo patamar quando os anos passam, um final que demora a chegar mas que por fim surge de forma rápida, deixando escapar pormenores que podiam ficar melhor desenvolvidos, ao contrário de grande parte do meio da narrativa que não faz falta e marca presença.
Sabendo de início que estava perante uma história de fantasia virada para o lado do terror, Stephen King conseguiu conquistar pela cidade criada e mesmo pela forma como criou cada personagem central, dando-lhe vida, criando história e conteúdos suficientes para se querer seguir em frente. O que estragou mesmo esta extensa narrativa que se estende mais que o necessário é mesmo o prolongamento e a falta de conteúdo nos tempos de adultos destes sete seres que enfrentam o que nem os próprios conhecem realmente.
Debatendo o medo, a religião, a raça, os maneirismos, a violência doméstica, o bullying, os problemas de concentração, a inferioridade infantil e vários temas que continuam atuais no dias que correm, King coloca num só trabalho todas as bases consistentes para conquistar, fazendo o seu trabalho de agitação social através de uma história totalmente ficcional e que acaba por se passar num universo quase paralelo. Ao mesmo tempo que envolve o enredo com temas sempre atuais e que acabam por dar o exemplo, cria cenas completamente fora de contexto e como se fossem normais acontecerem. Falo das várias situações de sexo entre menores, em grupo, feita de forma intencional, com descrições pormenorizadas e um texto tresloucado, revelando a forma doentia com que A Coisa envolveu aquele grupo de crianças, mas ao mesmo tempo revelando talvez um certo devaneio de um autor que acreditou ser possível colocar tudo o que lhe passava pela cabeça num livro que visivelmente cria que chocasse, mexesse e agitasse.
Iniciando-se a história nos anos 50, mas já com um passado por trás, com Bill, o irmão do miúdo que ao morrer logo no início acaba por dar o mote para todos os desenvolvimentos que se sucedem na altura e anos mais tarde, quando todo o mistério pretende ser resolvido em momentos onde as vidas de adultos tomam lugar com algumas semelhanças entre si, mesmo tendo seguido caminhos dispares.
Entre finais felizes e infelizes, altos e baixos, muitas cenas chatas e momentos mais corridos, A Coisa começou por conquistar e acabou por cansar, parecendo que o próprio autor foi perdendo o sentido do que estava previamente estabelecido, acabando por se empolgar para escrever mais e mais sem seguir somente a linha necessária de condução base da história.
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