A Coisa | Livro I | Stephen King
Título: A Coisa - Livro 1
Título Original: It
Autor: Stephen King
Editora: Bertrand Editora
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Outubro de 2018
Páginas: 704
ISBN: 978-972-25-3567-0
Classificação: 4 em 5
Sinopse: O clássico de King sobre sete adultos que regressam ao lugar onde cresceram para enfrentar um pesadelo que todos eles lá viveram… algo maléfico e sem nome: a Coisa.
Bem-vindos a Derry, no Maine. Uma cidade vulgar: familiar, ordeira e, na maior parte das vezes, um bom sítio para viver.
Mas há um grupo de crianças que sabe que há algo de tremendamente errado com Derry. É nos esgotos da cidade que a Coisa se esconde, à espreita, à espera… e às vezes sobe ao solo, tomando a forma de todos os pesadelos, do maior medo que se encerra dentro de cada um de nós.
O tempo passa, as crianças crescem e esquecem. Mas a promessa que fizeram há vinte e oito anos exige-lhes que voltem à cidade da infância para enfrentarem o mal que se agita bem no fundo da memória de todos e emerge agora, uma vez mais, trazendo novamente o pesadelo e o terror ao presente.
Opinião: It, traduzido para Portugal mais de três décadas após o seu lançamento Mundial, finalmente chegou até nós com o nome de A Coisa, dividido em dois volumes pelo seu peso. Este é daqueles clássicos que muitos já ouviram falar, transformado também em película cinematográfica que tenho a confessar, nunca vi, mas irei ver. Com um sucesso absoluto por onde foi lançado em termos literários, A Coisa sempre suscitou entre nós a curiosidade por não ser lançado mais cedo, uma vez o sucesso de outras narrativas de Stephen King. Agora a Bertrand lançou It e poucas semanas após a sua publicação comecei a conhecer a velha história da criatura que vive nos esgotos preparada para atacar crianças de vinte e sete em vinte e sete anos.
As expetativas estavam em alta, a capa logo conquistou por ser bem apelativa e reveladora do que esconde no seu interior e a leitura começou. Pouco sabia ao que ia, somente que esta história tem conquistado os leitores que lhe colocam a vista em cima. E assim foi a partir do momento em que as primeiras páginas começaram a ser deixadas para trás na leitura. Primeiramente confuso para se entrar até se perceberem os vários núcleos e tempos, A Coisa consegue mesmo assim fazer com que quem comece não queira parar por existir a vontade de saber, descobrir e apanhar quem ou o que está por detrás de desaparecimentos e mortes. A real chatice e dificuldade que senti para com esta história é o facto de King seguir uma linha que tanto segue na história como recua no tempo, colocando personagens de um momento para o outro em fases que já haviam sido contadas mas onde existe algo a acrescentar, baralhando um pouco e exigindo uma maior capacidade de concentração para não se perder o fio à meada. Determinadas personagens têm capítulos só seus, no entanto só mais para a frente na história voltam a ser chamadas, baralhando e criando cansaço quando se começa a entender que tudo é contado mas o que começa tarda em ter um fim para se iniciar um novo ciclo.
Concentrando-se fundamentalmente em sete crianças de Derry, no Maine, a cidade onde quase toda a ação se centra nos anos de 1957/58 e em 1984/85, King criou um bom núcleo de amigos que se protegem numa fase em que existe necessidade de andar com atenção para não se ser uma das vítimas de A Coisa. Tudo começa com a morte de George, irmão de Bill, que vai brincar com um barquinho de papel e numa valeta é interpelado pela figura de um palhaço que o ataca até à morte. Daí em diante a ação desenrola-se com vários desaparecimentos e assassinatos a acontecerem enquanto a vida de medo se sobrepõem numa sociedade assustada que começa a querer esquecer todos estes problemas súbitos.
Anos mais tarde, concretamente vinte e sete, todos são chamados a regressarem a Derry num momento em que têm de agir para terminar com um pesadelo que volta a assombrar a cidade. Através do apelo de Mike, o único que se manteve na cidade, o grupo é chamado a regressar, fazendo com que cada um remexa nas suas memórias bem arrumadas após as vidas de sucesso que conseguiram criar longe de tudo e afastados entre si. Como na altura conseguiram parar a Coisa, a questão que se impõe agora é voltarem a resolver o problema como o fizeram no passado, para que este flagelo deixe as novas crianças de Derry.
O grupo reúne-se, os problemas surgem, as comparações entre as vidas que cada um seguiu são expostas e as semelhanças sobre conquistas e derrotas dão que pensar. Afinal de contas o sucesso profissional esteve do lado deles e o resto? A Coisa voltou e agora que todos estão de volta também ao local indesejado as manifestações desta criatura são deveras surpreendentes. Com o recurso a balões com mensagens de aviso e aparecendo das mais diversas formas e somente na linha de visão de quem a enfrentou no passado, a Coisa mostra a estes adultos que todos podem ter o seu caminho traçado perante a morte que lhes escapou há décadas atrás. Aparecendo quando quer e onde bem lhe apetece na vida destes seres, esta Coisa consegue alterar os seus percursos e tudo fica em espera quando este Livro 1 de A Coisa termina e é tempo de começar de imediato a sua continuação porque a curiosidade pode matar mas também leva a que se queira arriscar para se saber um pouco mais sobre como tudo terminará numa narrativa que se distribui pelo terror mas que ao mesmo tempo consegue abordar temas como o bullying, a homossexualidade, a violência doméstica e as diferenças sociais quando a amizade entre crianças se faz mesmo que as situações de cada vida possam levar a acreditar que nem sempre isso é possível.
A continuação avizinha-se e o pensamento é só mesmo um... Que seja tão boa como tudo o que foi relatado até aqui!