A Bilha Quebrada [Yellow Star Company]
A Bilha Quebrada é uma comédia feita de cacos onde uma linda bilha que passou de geração em geração e com história é partida numa noite trágica para a Srª Marta. A partir do momento em que a bilha da viúva é quebrada começa a história que dá vida a esta peça mundial.
Pelos Países Baixos, em pleno século XVIII, o barulho da quebra da bilha faz-se sentir no quarto da filha da Srª Marta. E quem está naquele momento ao lado da jovem solteira e prometida? O seu, também jovem, noivo, mas será que foi o rapaz a partir a bilha da sua futura sogra? Ao mesmo tempo que uma mãe preocupada com a sua bilha se dirige ao tribunal, somos convidados a acompanhar as peripécias de um juiz alcoólico e com segredos sobre uma noite mal dormida e com mazelas pelo meio. Quem terá partido a bilha afinal? Reforcei a palavra bilha até aqui porque esta peça vive muito da bilha tão bem tratada da Srª Marta e que terá sido quebrada por um homem com sede de paixão ou de vontades secretas!
No geral gostei pela história bem composta e onde facilmente o público percebe o final antecipadamente e começa desde cedo a torcer para que algo revelador aconteça para que se passe ao passo seguinte. A história está montada de forma a que se perceba o que irá acontecer de seguida para que se queiram ver as consequências e como determinadas personagens se desenrascam perante cada situação que lhe vai sendo colocada pela frente.
Um texto histórico celebrado em palco num simples cenário e com um elenco consistente que talvez precise de continuar a percorrer o país para que esta comédia ganhe outro ritmo. Do meu ponto de vista esta interpretação de A Bilha Quebrada está bem conseguida mas existem personagens que poderão ganhar outro fôlego se os atores lhe derem um toque mais cómico em diversas passagens. O talento está lá todo e existem nomes fortes no elenco, basta limar o texto para que tudo se torne mais maleável e acessível junto do público.
Sabem o que vos digo? Se encontrarem uma bilha tenham cuidado para evitarem uma grande carga de trabalhos indesejados!
Estamos no século XVIII, na pequena aldeia de Huisum, nos Países Baixos. Num incidente noturno quebram a bilha da Sr.ª Marta que por coincidência estava no quarto da filha. Atraída pelo barulho da bilha a partir-se, a Sr.ª Marta precipita-se para o aposento da filha, de seu nome Eva. E que vê ela… a pequena com o seu noivo e uma bilha partida. Este é o ponto de partida desta deliciosa comédia onde tudo se vai resolver no tribunal da terra onde, por acaso, o Juiz estava de ressaca e não só…
Kleist nasceu em 18 de outubro de 1777, na cidade prussiana de Frankfurt no Oder (hoje no estado de Brandemburgo), numa família de nobres e militares. O pai era comandante de companhia, e contratou um professor particular para lhe garantir uma sólida educação. Seguindo a tradição da família, Kleist entrou para a vida militar, como soldado numa guarnição de elite em Potsdam. Paralelamente ao treino militar, Kleist encontrava ainda tempo para estudar música, e tornou-se um virtuoso do clarinete.
Começa a estudar Direito em Frankfurt no Oder. Apercebe-se rapidamente que está no sitio errado, e começa a estudar Literatura. Lê Friedrich Schiller, Christoph Martin Wieland e os filósofos mais populares na época. Kleist costuma passar o tempo livre no Louvre, e os museus da cidade de Paris transformam-se no seu retiro pessoal. Em 1802 começa a escrever A Bilha Quebrada, que se tornará uma de suas obras teatrais mais populares. Atormentado por uma inquietação doentia, viaja por diversos países nos anos seguintes, "muitas vezes como se chicoteado pelas Fúrias" – como conta numa carta. Alterações de temperamento e problemas nervosos acabam em grave colapso criativo: Kleist queima parte de seus manuscritos. Após a esmagadora derrota do exército da Prússia na guerra contra Napoleão Bonaparte, Kleist é preso como espião pelas autoridades francesas. Preso durante meses, o autor utiliza esse tempo para escrever, o Anfitrion (uma comédia segundo Molière) e a tragédia Pentesileia. Em 14 de Agosto de 1807, é libertado. De volta a Dresden, o dramaturgo e poeta tem uma receção promissora: "Duas das minhas comédias – uma impressa, a outra em manuscrito – já foram lidas várias vezes em apresentações abertas, e sempre com aplauso reiterado". Aquando da estreia em Weimar, a sua peça A Bilha Quebrada é criticada pelos colegas e vaiada pelo público. Kleist desaparece e só volta em 1810 a Berlim devido aos problemas financeiros que o assolavam. Tenta um recomeço com o jornal Berliner Blätter, volta a frequentar os salões literários na esperança de travar contactos úteis. No entanto, entra em choque com a censura. Em março de 1811 Kleist é forçado a fechar o jornal: está arruinado, e isso provoca uma rutura dramática com a sua família. A decisão de dar um fim à própria vida que já vinha de à uns anos atrás, amadurece e juntamente com uma amiga, Henriette Vogel, vítima de doença terminal, Heinrich Von Kleist dirige-se de coche até o lago Wannsee, onde primeiro mata a sua acompanhante voluntária com um tiro de pistola, para se suicidar em seguida.
Texto HEINRICH VON KLEIST
Encenação JOÃODIDELET
Com BEATRIZ BAROSA, DIOGO GARCIA, JOÃO SABOGA, LUCINDA LOUREIRO, MIGUEL DAMIÃO, PESSOA JUNIOR, RITA LOUREIRO e FILIPA MATOS ROSA, FILIPE GOMES e SÓNIA GUERRA
Cenografia, Figurinos e Produção RAFAELA MAPRIL
Composição Musical PEDRO DOMINGOS e PESSOA JUNIOR
Assistência de Produção SÓNIA GUERRA
Assistência de Encenação PESSOA JUNIOR
Direção de Produção e Luz PEDRO DOMINGOS
Produção TEATRO da TERRA