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O Informador

Citações | 45 | Pessoa «tóxica»

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Todos nós conseguimos reconhecer, ao longo do nosso percurso de vida, o surgimento de uma ou outra pessoa «tóxica». As pessoas tóxicas ou venenosas são aquelas que nunca estão contentes com absolutamente nada. Tudo é passível de ser reclamado ou contestado. Para este tipo de pessoas não há nada suficientemente bom, válido ou, até, valioso. Tudo lhes parece medíocre, fraco, pouco importante. 

Marta Arrais, em Guia para uma vida simples, editado pela Planeta de Livros

Citações | 44 | Colagem de Amor

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Nós somos pedaços e é necessário que quem nos ama nos reconstrua, como quem cola os cacos de um vaso partido. Que fazem dois amantes se não colar os pedaços um do outro continuamente pela eternidade do quotidiano? Porque continuamente nos caem pedaços e o trabalho de reconstrução jamais acaba. A cola que usamos chama-se dia-a-dia. Poderia ser o amor. Mas é o dia-a-dia. É aí que tudo se prova. O amor não é um poema de Petrarca, é apanhar as cuecas do chão. 

Afonso Cruz, em Sinopse de Amor e Guerra, editado pela Companhia das Letras

Citações | 43 | Livros no tempo

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A máquina do tempo existe: são os livros.

Irene Vallejo, em Manifesto pela Leitura

A possibilidade de viajar através dos livros é tão real como a esperança de quem a criou tem que o seu relato fictício ou real chegue ao longo do tempo e do espaço a outros. Os sentidos e os sonhos que cada narrativa trás consigo conduzem o leitor por épocas que jamais serão vividas, levando vozes de outros séculos que ficarão através das palavras como que imortais e prontas a serem lembradas para além do percurso entre a vida e a morte de cada um.

Leituras que prendem

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Simples perceber quando um leitor está totalmente agarrado à história que tem entre mãos!

Existem aquelas leituras que demoram, que se não lermos hoje passamos para amanhã e até ficamos por vezes alguns dias sem pegar no calhamaço para seguir em frente com o enredo, arrastando até mais não. E depois existem os bons livros que ao começarmos entendemos que vamos ter um amigo diário de levar connosco para qualquer local e ao longo dos dias. 

Ler enquanto se toma o pequeno-almoço, na pausa do trabalho, após as refeições, ao deitar, naqueles períodos em que se espera por alguém, nos transportes, em viagem como pendura... Estas são as leituras que nos prendem, agarram e não nos deixam tirar os olhos do livro, desfolhando página a página, marcando nomes e passagens, querendo conhecer cada personagem, pesquisando locais, acreditando na veracidade ou questionando situações. 

A grandeza de uma boa leitura é entendida quando o livro faz, durante horas ou dias, parte da nossa vida e não fica a grande distância das nossas mãos, para que sempre que possível possa ser aberto, ler uns parágrafos, regressar à vida além da literatura a pensar que assim que surja a oportunidade lá estamos com todas aquelas páginas na mão para sabermos mais um pouco sobre o que está e estará para acontecer. 

Pecados da Igreja [Secundino Cunha]

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Autor: Secundino Cunha

Editora: Saída de Emergência

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2017

Páginas: 256

ISBN: 978-989-773-020-7

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: O pecado é tão antigo quanto a Igreja pois esta é feita de homens com as mesmas tentações e fraquezas de todos os outros. E a Igreja Portuguesa não é exceção.

Com um estilo ligeiro mas sustentado numa investigação meticulosa, Secundino Cunha revela-nos os acontecimentos que marcaram negativamente a Igreja portuguesa nos últimos 20 anos, abalando populações e incendiando o país.

Casos de padres que cederam à tentação do amor, narrativas de desventuras e vinganças, histórias de revoltas populares e fugas atribuladas por paixão que deram origem a calvários sem fim. E, claro, não poderiam faltar os famosos contos do vigário.

Venha descobrir e deleitar-se com uma Igreja Católica Portuguesa que nunca imaginou, e os desafios diários que ela enfrenta na luta eterna entre a virtude e o pecado.

 

Opinião: «O santo filósofo explica que os sete pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça) não foram escolhidos pelo seu valor intrínseco, mas pelo facto de serem eficazes detonadores da prática das mais torpes maldades». É assim que se dá a forma introdutória do livro Pecados da Igreja, da autoria de Secundino Cunha, onde os pecados protagonizados por homens e mulheres que defendem e são os responsáveis pela comunhão entre a sociedade e a crença estão em destaque. 

Recorrendo a histórias reais, verdadeiras e nacionais, este livro faz uma análise sobre as notícias que ao longo das últimas décadas foram surgindo sobre os pecadores no seio da igreja. Pessoas que se formam para defender e transmitirem aos outros ideias e que se deixam levar por maus hábitos ou por tentações pelas quais deveriam estar afastados e preparados para não cederem.

Se um padre viu a sua vida ser alterada quando se apaixonou por uma jovem que o acompanhou até ao mundo da droga, outros há que conseguiram aguentar uma família em segredo durante anos até que decidiram deixar o seu lugar na igreja para viverem livremente com os seus sentimentos, tendo até que recorrer por vezes em alguns casos a fugas amorosas para alterar todo o rumo de uma história que poderia não ter acabado da melhor maneira. Se uns vivem de amores nem sempre positivos, outros há que se deixam levar pelo luxo, pedindo a católicos ajudas para a comunidade religiosa para fazerem uso desses lucros em compras de veículos topo de gama, férias em verdadeiros paraísos, noites de arromba e uma vida de ostentação, o que sempre levanta suspeitas. E como a falsidade também existe, não é que já existiu quem se tenha feito passar por padre ao longo de anos, em várias paróquias, sendo acarinhado por milhares de cristãos até ser descoberto nas próprias malhas do seu crime? E o que dizer do suposto colecionador de armas que era mais traficante que outra coisa, mas como os padres têm sempre uma boa imagem junto da população, todos acharam que as investigações não estariam corretas. Existem pois padres que recorrem aos serviços da prostituição para se sentirem de certo modo homens, só que as coisas nem sempre correm bem e mais cedo ou mais tarde são apanhados ou chantageados. O que considero o maior pecado de todas estas histórias contadas por este livro é a pedofilia na igreja e olhem que esta obra reconta vários casos de outrora, casos esses que foram por vezes ocultados pela igreja para que não se criasse grande alarido em torno do assunto, para mais com o que aconteceu há uns anos mesmo no centro do Vaticano. Prostituição, pedofilia, abusos e como não podia escapar encontramos as festas e saunas gay onde muitos padres para não darem nas vistas em Portugal recorrem a terras vizinhas para se satisfazerem. Se uns há que se protegem pelos seus pecados, outros há que se vingam dos colegas do lado, nem que para isso tenham de criar e inventar situações para terminarem com a carreira de quem menos gostam.

Larga quem não te agarra

 

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Autor: Raul Minha'Alma

Lançamento: Outubro de 2016

Editora: Manuscrito

Páginas: 264

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Este é um livro sobre o leitor. Sobre todas as pessoas que não conseguem expressar por palavras o que vai dentro delas.A missão de Raul Minh’alma é dar voz aos corações que sofrem e às mentes que sonham e não querem deixar de acreditar no amor e na vida. É fazer o leitor sentir-se ouvido, compreendido e confortado, na dor ou na alegria. Larga Quem Não Te Agarra é composto por 500 textos com os relacionamentos como tema central. Pretende expor as angústias pelas quais todos passamos mas também, e acima de tudo, invocar o amor pelo próximo e por si mesmo. Este livro tem o poder de mudar a forma como nos relacionamos com os outros e como encaramos a vida. Quem absorver cada uma das suas palavras será uma pessoa mais forte e confiante quando chegar à última página.

 

Opinião: Se falsas expetativas existissem acerca da leitura de Larga quem não te agarra, todas acabaram por cair quando após os primeiros textos percebi que Raul Minh'Alma coloca em palavras os seus sentimentos na verdade da escrita onde as relações e comportamentos que tem são desfiados de forma pessoal e reveladora de bom senso. 

Um livro onde os afetos, o amor, paixão, amizade, fraternidade e carinho tomam lugar ao longo de centenas de textos onde os relacionamentos com os outros têm lugar. Ao longo da leitura é inevitável cada leitor não se identificar com vários textos onde do riso à tristeza conseguimos seguir numa montanha russa de sentimentos, tal como acontece na complicada vida recheada de doces e pedras pelo caminho. Como não entrar na escrita de Raul quando cada palavra se identifica com casos vulgares e de sentimentos partilhados através da simplicidade de uma criação real e sem filtros?!

Mensagem

Acabei de receber uma mensagem bem sugestiva de uma leitora, que se diz assídua, do blog. É bom ter acesso a estes miminhos que nos deixam felizes ao lermos palavras que vão de encontro ao que tentamos fazer dia após dia neste canto de escrita e posterior leitura junto de todos.

Publicamente agradeço as palavras, deixando o convite a todos para que na área que se encontra na coluna lateral das mensagens deixem também a sua com opiniões, sugestões ou o que quiserem. Gostei de ser surpreendido com este pequeno mimo, ficando a promessa que a sugestão para um futuro texto será também tida em conta. 

Atual leitura... Porto Seguro

Com oito livros já conhecidos de Danielle Steel pelas estantes dos que já foram lidos, eis que mais um estará daqui a uns dias, poucos aliás, pronto para se juntar à lista. Desta vez e porque em tempo de férias a leitura é sempre a despachar, vou pegar no quarto livro em pouco mais de uma semana para o devorar literalmente. Porto Seguro foi o escolhido da autora que tão bem conheço e da qual gosto de desfrutar quando não apetece pegar em obras pesadas e com histórias mais maçudas.

Atual leitura... Um Estranho em Goa

Com os dias de férias a passarem, o bom tempo a fazer-se sentir e a praia e piscina há espera, os livros andam sempre dentro da mala. Depois de ter terminado Cem Anos de Solidão já em período de férias e ter lido À Procura de Alaska, chegou agora a vez de voltar, um ano e meio depois, à escrita de José Eduardo Agualusa através de Um Estranho em Goa. 

Do autor já li A Vida no Céu e Barroco Tropical, agora, porque na Feira do Livro de Lisboa Um Estranho em Goa estava a bom preço, lá veio um exemplar comigo como escolha literária destas férias. Expetativas? Que surpreenda tanto como A Vida no Céu, a história da cidade flutuante! 

Viagem ao Fim do Coração

Viagem ao Fim do CoraçãoViagem ao Fim do Coração foi um livro que conseguiu chegar onde as anteriores leituras não tinham entrado, nos meus sentimentos e inspiração! Ana Casaca, a autora deste romance da Guerra e Paz Editores, inspirou-se numa história bem real de uma blogger, a Rita, que sofreu com o flagelo do cancro e contou os seus dias pela sua página pessoal até ao fim, sendo uma fonte de alegria e esperança para quem vive com o mesmo problema que levou esta protagonista para longe da sua dor solitária. Ana Casaca conheceu a Rita, criou laços com a esperança e tocou nos pontos mais sensíveis da sua vida, relatando através da sua personagem Luísa os momentos pelo qual a sua inspiração passou!

Dando uma lição de vida revoltante sem perder o ânimo, Luísa, a grande heroína de Viagem ao Fim do Coração, não foge da trágica realidade que lhe aparece pela frente, depois de ter lutado pela liberdade de adolescente e jovem adulta com o seu irmão, Pedro, sempre no seu encalço! Depois de perder mãe e pai por situações diferentes e de ter enfrentado o futuro com coragem e sem baixar os braços, no momento em que tudo parece começar a encaixar, o cancro aparece, deixando antever que o mundo iria terminar, não fosse Luísa uma mulher que acredita que tudo é feito por etapas que têm de ser ultrapassadas e derrubadas!

Tendo um assunto cada vez mais comum nos dias de hoje, o cancro, como pilar do mal deste romance, o modo como a doença afecta a vida de quem a tem de enfrentar e de quem rodeia o doente é aqui descrito de forma sublime. Com a realidade estampada nas palavras e sem fugir aos grandes sacrilégios que o tema envolve, Ana Casaca emocionou-me e cativou-me através deste sofrimento silencioso e isolador de quem o enfrenta na primeira pessoa e não só!

A esperança nunca deixou de estar do lado de Luísa que sempre, até ao último momento, acreditou que iria conseguir dar o salto para a sua nova e reforçada vida, aquela que sonhou construir ao lado de Tiago, num mundo só dos dois e onde os malditos diagnósticos não tinham lugar. Num romance com personagens bem reais, com o estilo que adoro absorver num livro onde o amor é o principal atrativo e com o cancro, a palavra que todos tentamos não dizer, sempre presente. Um livro inspirador, revelador e bem real com uma história de amor que podia terminar em beleza porque os dois pilares principais estavam lá, faltou a saúde, aquela que é tão importante para conseguir seguir em frente.

Com uma escrita fluída e onde duas personagens falam na primeira pessoa e a terceira vê a sua história narrada por um outro elemento, o leitor consegue entrar na história, visitando os locais que são percorridos pela Luísa, pelo Tiago e o Pedro, sentindo-me apertado com o romance e a relação de irmãos, com todos os pesadelos que vão passando por estas três vidas ao longo de tão pouco período de tempo, aquele em que o bem e o mal conseguem aparecer de rompante para se abafarem mutuamente e só um levar a melhor.

Um romance onde a vida é descrita como a queremos e como não a queremos! Aconselho vivamente a leitura de Viagem ao Fim do Coração, uma obra que me tocou bastante!

Luísa ainda era uma adolescente. Tiago já era um jovem adulto. Conheceram-se na solidão de uma pequena praia, na margem de um rio. Tinham em comum uma relação familiar traumática. Num caso, o trauma do amor dos pais. No outro, o trauma do ódio dos pais.

Conheceram-se num dia que pareceu conter uma vida inteira. Mas teriam ficado separados para sempre, se a invisível linha de uma doença que rói o corpo e anuncia a morte não os tivesse voltado a ligar, dezasseis anos depois.

Luísa e Tiago podem até redescobrir o amor, mas apenas se a silenciosa presença das metástases não se alastrar aos seus corações.

Viagem ao Fim do Coração é mais do que uma comovente história de amor. É a recriação de um admirável mundo de pais e mães, filhos e irmãos, ódios e amores. Revela os pesadelos de um cancro injusto, mas não abdica do que é humano e essencial, o sonho.