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O Informador

Margarida Espantada | Rodrigo Guedes de Carvalho

Dom Quixote

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Título: Margarida Espantada

Autor: Rodrigo Guedes de Carvalho

Editora: Dom Quixote

Edição: 3ª Edição

Lançamento: Abril de 2020

Páginas: 288

ISBN: 978-972-20-6983-0

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Margarida Espantada é sobre família. Sobre irmãos. É sobre violência doméstica e doença mental. É um efeito dominó sobre a dor.

A literatura é um jogo do avesso. Os bons romances são sempre sobre amor, e os melhores são os que fingem que não são.

Não devemos recear livros duros. As histórias que mais nos prendem trazem uma catarse que nos carrega as mágoas, personagens que apresentam as suas semelhanças connosco.

Gosto da ficção que é número arriscado de circo, com fogo e espadas, que nos faz chegar muito perto da queimadura que não vamos realmente sentir. Mas reconhecemos.

 

Opinião: Estreei-me na leitura de Rodrigo Guedes de Carvalho com Margarida Espantada, que foi uma obra recomendada, e o que posso dizer numa rápida análise é que a montanha pariu um rato do início ao fim.

A Outra Mulher | Mary Kubica

Topseller

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Título: A Outra Mulher

Título Original: The Other Mrs

Autor: Mary Kubica

Editora: TopSeller

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Maio de 2020

Páginas: 352

ISBN: 978-989-564-033-1

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Sadie e Will Foust acabam de se mudar com os dois filhos para uma ilha na costa do Estado do Maine, deixando para trás uma vida em Chicago que lhes trouxe muitos dissabores a nível familiar e profissional. Quando a sua vizinha Morgan Baines é brutalmente assassinada em casa, o homicídio choca a pequena comunidade, mas ninguém fica mais abalado do que Sadie, aterrorizada por haver um assassino por perto.

Mas não é apenas aquele crime que aflige Sadie. É a velha e misteriosa casa que herdaram da irmã de Will, depois de esta se ter suicidado. É a problemática sobrinha adolescente, com a sua presença sombria e ameaçadora. E é o passado conturbado que continua a pesar sobre a estrutura, já frágil, daquela família. À medida que a investigação ao homicídio prossegue, as suspeitas começam a recair sobre Sadie, que se vê cada vez mais envolvida no mistério da morte de Morgan. Só que Sadie precisa de ter cuidado, pois, quanto mais ela descobre sobre a Sra. Baines, mais se apercebe de tudo o que pode perder se a verdade vier ao de cima.

 

Opinião: A Outra Mulher trás consigo um thriller psicológico recheado de altos e baixos que podem deixar o leitor a leste da história numa parte inicial que se prolonga mais que o desejado ao longo do tempo em que os acontecimentos vão surgindo.

Numa iniciação que parece meio desconectada entre os vários pontos que vão sendo explicados e inseridos pelos primeiros capítulos, esta é a história de um casal, Sadie e Will, que se muda com os dois filhos, Otto e Tate, para uma ilha perto do Maine para cuidarem da sobrinha Imogen, que ficou órfã após a morte da sua mãe, irmã de Will. A mudança acontece mas nem tudo corre como desejado e os mistérios sobre uma morte na ilha começam com suspeitas perante os novos moradores da vila quando as suposições e relatos vão precisamente ter a esta casa de desconhecidos e que aparentemente são vistos nas horas certas nos locais errados. Até um certo ponto todas as linhas narrativas levam a suspeitar de um só criminoso, embora várias falhas aconteçam entre o que o leitor é convidado a conhecer e o que parece bastante criativo por parte das testemunhas para ser verdade. Por outro lado, será que é possível alguém tramar o outro assim de forma tão convincente e perfeita? 

Leituras que prendem

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Simples perceber quando um leitor está totalmente agarrado à história que tem entre mãos!

Existem aquelas leituras que demoram, que se não lermos hoje passamos para amanhã e até ficamos por vezes alguns dias sem pegar no calhamaço para seguir em frente com o enredo, arrastando até mais não. E depois existem os bons livros que ao começarmos entendemos que vamos ter um amigo diário de levar connosco para qualquer local e ao longo dos dias. 

Ler enquanto se toma o pequeno-almoço, na pausa do trabalho, após as refeições, ao deitar, naqueles períodos em que se espera por alguém, nos transportes, em viagem como pendura... Estas são as leituras que nos prendem, agarram e não nos deixam tirar os olhos do livro, desfolhando página a página, marcando nomes e passagens, querendo conhecer cada personagem, pesquisando locais, acreditando na veracidade ou questionando situações. 

A grandeza de uma boa leitura é entendida quando o livro faz, durante horas ou dias, parte da nossa vida e não fica a grande distância das nossas mãos, para que sempre que possível possa ser aberto, ler uns parágrafos, regressar à vida além da literatura a pensar que assim que surja a oportunidade lá estamos com todas aquelas páginas na mão para sabermos mais um pouco sobre o que está e estará para acontecer. 

Não Chames Noite à Noite | Amos Oz

D. Quixote

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Título: Não Chames Noite à Noite

Autor: Amos Oz

Editora: D. Quixote

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Novembro de 2019

Páginas: 272

ISBN: 978-972-20-6910-6

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Em Tel Keidar, uma pequena cidade situada junto ao deserto do Neguev, a morte brutal de um jovem adolescente, possivelmente por overdose, vai interferir no equilíbrio íntimo do casal Theo e Noa, fragilizado pela diferença de idades, pela ausência de filhos, pelo tédio e pela incomunicabilidade.

Com um virtuosismo inexcedível, Amos Oz faz alternar essas duas vozes narrativas, a de Theo e a de Noa, juntando-lhes ainda a do narrador, cronista anónimo que por vezes cede a palavra ao «coro» dos habitantes da cidade.

Assim, como que reunindo progressivamente todas as peças de um puzzle, o autor revela-nos a intimidade mais profunda de dois seres, ao mesmo tempo que retrata as tensões de uma pequena comunidade, recheada de personagens excessivos e pitorescos.

Não Chames Noite à Noite é uma preciosa sinfonia de humanidade em que Amos Oz explora com incomparável discernimento as possibilidades - e os limites - do amor e da tolerância.

 

Opinião: Um livro sobre o amor vivido de forma diferente entre duas pessoas que se querem, com alguma diferença de idades, que se estimam, apoiam enquanto enfrentam a realidade, as perspetivas de mudança, os objetivos de cada um sem compatibilidade com o seu par, mas onde o apoio surge, mesmo que não seja de imediato. 

Theo é um arquiteto de sessenta anos, casado com Noa, professora com praticamente menos quarenta anos. Casados por amor, sem filhos e com pouco em comum, Theo e Noa são diferentes, ele mais calmo e pacifico, ela impulsiva, teimosa e com vontade de mudar o Mundo. Nesta história a morte de um jovem aluno de Noa dá o mote para se querer investir, organizar, criar e apoiar quem vive no mundo da droga, mesmo que toda uma sociedade local se oponha à ideia. Um bom argumento mas muito mal desenvolvido e contado. 

A Irmandade - Ameaça Global | Pedro F. Ribeiro

Editora Gato-Bravo

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Título: A Irmandade - Ameaça Global

Autor: Pedro F. Ribeiro

Editora: Editora Gato-Bravo

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2019

Páginas: 240

ISBN: 978-989-8938-43-5

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: No livro A Irmandade – Ameaça Global, a aventura policial criada pelo escritor Pedro F. Ribeiro, acompanhamos a história do pequeno Lucas que, aos doze anos, sofre uma tragédia em família. Todos são mortos e ele é o único sobrevivente. Quem o acolhe é Hércules, que o leva para ser treinado e para crescer dentro do rigor militar de uma força clandestina, a Irmandade. A equipa compunha-se de Hércules, Prometeus, Atlas e o seu mais recente integrante, Lucas. Todos eles eram igualmente marcados pela violência e buscavam fazer justiça com as próprias mãos. Acompanhado, em maior parte, pelo seu mentor, Lucas lutará contra as suas emoções e a sua natureza, enquanto lida com as ameaças, neste romance de sangue, suor e lágrimas.

 

Opinião: Pedro F. Ribeiro estreia-se na literatura com este seu A Irmandade - Ameaça Global e desde já posso dizer que logo pelos primeiros e curtos capítulos, fiquei convencido com a história que me estava a ser contada sobre Lucas, ou melhor dizendo, Espectro. 

Com um início bem explicativo e onde é dado a conhecer Lucas em ambiente familiar para que fique a solo no Mundo, sem mãe e irmão. Com a morte de ambos, a criança é levada por Hércules, um completo desconhecido que o recolhe para um ponto distante onde lhe dá a conhecer outros dois jovens, Atlas e Prometeus. A partir daqui, Lucas entra na Irmandade onde a grande aventura começa com treinos, sanções, aprendizagens, dedicação e um só intuito, a defesa. 

Iniciando de forma calma e explicativa, este romance funciona na perfeição, dando a conhecer o essencial sem cansar para que a ação entre na rapidez necessária que prende o leitor por conseguir cativar pelas personagens bem construídas e apresentadas, sejam elas as que estão do lado do bem e as que parecem de tudo fazer para não deixarem saudades, mesmo com o impulso que transmitem ao desenrolar da história. 

Tundavala | Paula Lobato de Faria

Clube do Autor

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Título: Tundavala

Autor: Paula Lobato de Faria

Editora: Clube do Autor

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Novembro de 2019

Páginas: 352

ISBN: 978-989-724-501-5

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Inspirado em acontecimentos reais, a memória de um tempo de guerra e segredos e a luta pela liberdade nos anos da ditadura.

Depois de uma muito elogiada estreia literária com Imaculada, Paula Lobato de Faria regressa às livrarias nacionais com uma narrativa ainda mais ousada. Tundavala decorre nos últimos anos da ditadura e viaja entre Angola, Lisboa e Londres.

Aí encontramos as personagens centrais deste livro, quase todas em lutas interiores contra um passado de mentiras, segredos e submissão. Cristiana e Lourença, próximas desde crianças, estão hoje separadas pelo destino, uma em Lisboa, outra na guerra em Angola.

Portugal encontra se na agonia do salazarismo; o país vive a censura e a repressão da PIDE, abafando escândalos sexuais, massacres e atentados aos direitos humanos nos territórios em guerra. E é neste fervilhar de acontecimentos políticos e sociais que as vidas de Cristiana e de Lourença sofrem inesperados encontros e reencontros capazes de transformar as suas vidas para sempre.

 

Opinião: Paula Lobato de Faria voltou a surpreender com Tundavala, embora tenha a confessar que esperava mais. Após a boa estreia com Imaculada, Tundavala veio para dar seguimento a um enredo familiar onde o amor e os desgostos ganham lugar entre vidas que afastaram mas que mantiveram sempre o pensamento sobre os «ses» que poderiam ter acontecido através de outros seguimentos ao longo dos percursos pessoais que se tornaram opções. Afastamentos por desgosto, amores destruídos por desaires familiares, riquezas que prevalecem perante a real paixão. Tundavala é a procura da recuperação de memórias em tempos de guerra e segredos bem guardados e que alteraram cada desenvolvimento dos protagonistas envolvidos em enredos complexos desenvolvidos por quem mobilizou marionetas ao longo do tempo a seu belo prazer.

Relembrando a época de 1966 e tocando em temas históricos reais, os medos e receios sobre os silêncios que eram impostos num país controlador, fechado e onde o pouco e aparentemente vulgar significava uma afronta familiar e social. A liberdade não existia, os exílios políticos eram uma realidade, os sacrifícios persistiam e as vidas ficavam moldadas com todos os problemas que iam surgindo e fundamentalmente os medos que acabavam por se bater com os conformismos impostos pela época. 

 

Deixa-me Mentir | Clare Mackintosh

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Título: Deixa-me Mentir

Título Original: Let Me Lie

Autor: Clare Mackintosh

Editora: Cultura Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2019

Páginas: 320

ISBN: 978-989-8979-03-2

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Depois do seu pai e da sua mãe terem acabado com as próprias vidas de maneira muito parecida, em dois suicídios brutais e com intervalo de apenas alguns meses, Anna está a tentar virar a página do passado trágico e recomeçar a sua vida.

O novo namorado e a filha trouxeram alguns sorrisos no meio do caos. Mas, mesmo com todo o esforço para superar os traumas e se entregar aos novos começos, o seu passado, de repente, volta à tona trazendo ainda maior dor e devastação.

No primeiro aniversário da morte da sua mãe, Anna recebe um bilhete anónimo e perturbador: Suicídio? Pensa melhor. Será possível que alguém possa fazer uma brincadeira dessas? Ou, de facto, há algo por descobrir por trás do suposto suicídio dos seus pais?

Deixa-me Mentir tem o ritmo avassalador das grandes obras primas do thriller internacional. Cheio de reviravoltas, deixa qualquer leitor em estado de alerta da primeira à última página.

 

Opinião: Após o sucesso de um grande enredo que foi Deixei-te Ir, acreditei que com Deixa-me Mentir teria também uma grande obra em mãos de Clare Mackintosh. Logo com o início da leitura percebi que estava completamente enganado e assim se confirmou até ao final. A questão que fui colocando enquanto arrastei esta obra comigo foi mesmo na ideia que a autora terá tido para alterar os temas base com que vinha a liderar anteriormente, mudando para pior, e criando desta vez uma história dececionante que em nada consegue acompanhar os sucessos anteriores. 

Com um estilo que agradou aos leitores através do suspense criminal, desta vez Clare decidiu baralhar demais, criando um thriller psicológico a que não conseguiu sequer dar um bom arranque para prender quem está do outro lado. Não consegui entrar nesta obra como desejado, não criando empatia com qualquer personagem por existir falta de capacidade para uma que fosse chegar junto do leitor. Todos pareciam peões armados, ora vai para aqui, ora aparece do outro lado porque alguém anda atrás de ti e tu já não devias existir. Entendi a ideia base, isso sim, mas a forma como tudo foi desenvolvido correu tão mal que senti pena deste livro por ser uma autêntica nódoa perante o que foi feito anteriormente. 

Conteúdos ou Autores?!

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No canto dos Blogs Sapo existe o espaço das Leituras onde estão inseridos os blogs que com o tempo começamos a seguir para nos surgirem de forma mais fácil com as suas novas publicações. Geralmente é esse espaço que visito quase diariamente, deixando o Explorar, Últimos um pouco de lado porque nem todos os conteúdos que por lá aparecem, na maioria dos casos de blogs que pouco ou nada me dizem, me interessam. O que acontece com isto? Um blogger acaba por ler determinados textos pelo seu tema ou somente porque é da autoria de determinada pessoa?

Olhando para a minha forma de visitar blogs e textos percebo que vou até determinado texto pelo seu autor, por estar inserido num blog que sigo e perante o qual gosto dos seus conteúdos. O mundo da blogosfera é bastante complexo com conteúdos e por vezes até conflitos sobre determinados temas que acabam por serem debatidos perante diversos prismas e em diferentes blogs, mas a mim, que já cá ando há alguns anos, a opção primordial acaba por saber a opinião de quem já sigo há algum tempo. Se sigo é porque gosto e porque geralmente deverei ter ideias que vão de encontro ao que é partilhado do outro lado. 

Três Coroas Negras | Kendare Blake

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Título: Três Coroas Negras

Título Original: Three Dark Crowns

Autor: Kendare Blake

Editora: Porto Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2018

Páginas: 328

ISBN: 978-972-0-03036-8

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: A cada geração, na obscura ilha de Fennbirn, nascem três irmãs gémeas.

Três rainhas herdeiras de um só trono, cada uma possuindo um poder mágico muito cobiçado. Mirabella é capaz de inflamar o incêndio mais violento ou a tempestade mais terrível. Katharine consegue ingerir um veneno mortal sem sentir os seus efeitos. De Arsinoe diz-se capaz de fazer florir a rosa mais vermelha e controlar o leão mais feroz.

Mas para uma delas ser coroada rainha, não basta ter a linhagem certa. As trigémeas terão de conquistar o seu direito à coroa, lutando por ele… até à morte.

Na noite em que as irmãs completam 16 anos, a batalha começa. E a rainha que sobreviver, conquistará a coroa!

 

Opinião: Inspirada em abelhas-rainhas e com ajuda da cerveja, Kendare Blake criou as Três Coroas Negras, um livro que surge da combinação entre um mundo fantástico com pontos de realidade que surpreendentemente cai nas graças de um leitor que não costuma ter neste estilo literário as suas opções. 

Com um início onde as personagens são bem apresentadas sem recurso a grandes artifícios, a história é demonstrada logo pelos primeiros capítulos tal qual se vai desenvolvendo. Mostrando do início ao fim vários pontos de ação, com um ciclo corrido entre as vivências das três personagens centrais, as rainhas, tudo é exposto. Os cuidados, as intrigas, os receios, os procedimentos para que nada falhe e os avisos são vistos através de três diferentes prismas porque cada rainha irá lutar para alcançar um só trono. Afinal de contas qual das três irmãs gémeas conseguirá aos dezasseis anos ficar com o lugar de destaque com que sempre sonhou, tendo para isso que eliminar as suas duas irmãs?

O Medo | C. L. Taylor

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Título: O Medo

Título Original: The Fear

Autor: C. L. Taylor

Editora: Topseller

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2018

Páginas: 320

ISBN: 978-989-8917-24-9

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Quando Ben, o novo namorado de Louise, a tenta levar numa viagem-surpresa a França, ela entra em pânico, sai do carro e foge. Ben não entende. Não pode entender, porque não sabe o que aconteceu a Louise da última vez que um namorado a levou pelo canal da Mancha. Ela tinha 14 anos. Mike tinha 31. E o que aconteceu deixou marcas em Louise para sempre.

Hoje com 32 anos, Louise nunca conseguiu ter uma relação estável. Guarda o seu segredo inconfessável dentro do peito e, por isso, ninguém a conhece verdadeiramente. Depois do que aconteceu com Ben, decide fugir do mundo e isolar-se. Abandona Londres, deixa os amigos e começa a procurar um novo emprego perto da casa onde cresceu, que agora lhe pertence.

Ao instalar-se, descobre que Mike, agora com 49 anos, ainda vive e trabalha na vila. Quando o vê a beijar uma rapariga de 13 anos, Louise decide que já chega.

Está na altura de Mike sentir o medo com que Lou vive desde aquela viagem.

 

Opinião: O Medo nada esconde logo quando é apresentado ao leitor. Neste thriller psicológico de C. L. Taylor o leitor é convidado a encontrar personagens que sentem o terror perante os outros de diferentes formas. 

Louise é a personagem central desta narrativa que desde cedo mostra uma mulher amedrontada e marcada por atos a que foi sujeita no passado. Enfrentando o presente e tentando seguir a sua vida ao lado de Ben, o novo namorado, Lou, como é tratada, tem consigo a dor de um romance com um homem, seu professor, mais velho, quando tinha somente 14 anos. Enganada, violada e apaixonada, Lou não conseguiu enfrentar o agressor em tribunal e nos tempos que correm percebe que os poucos anos de prisão foram poucos e que de pouco serviram para uma mudança de um homem sem escrúpulos. 

Uns bons anos depois, Lou percebe que Mike, o professor, volta a envolver-se com uma outra jovem, Chloe, que com problemas familiares se deixa levar pela amizade que a leva a cair num fosso perigoso e onde toda a história parece voltar a repetir-se. 

Esta narrativa retrata a pedofilia de um prisma diferente do que habitualmente é fornecido ao leitor. Encontramos um Mike aparentemente como um homem psicologicamente bem junto de quem o rodeia, com características que em nada indicam o que esconde por detrás de um rosto amigo e que só quer que a louca que o tramou no passado desapareça de vez da sua vida. No entanto as aparências enganam e este Mike tem os ditos comportamentos desajustados, no entanto não é o louco assassino que rapta, abusa e mata, é sim um homem que tem na adolescência o seu alvo, aproximando-se de jovens inocentes e que precisam de apoio para se aproveitar como se fosse o grande protetor e salvador. Não é simplesmente mais um livro em que a pedofilia e violência sexual são debatidos de forma extrema e com recurso a cenas bem agressivas e sangrentas, visto que por aqui as bases são as mesmas mas os contornos são demonstrados de forma diferente e de modo a mostrar que no final tudo pode mesmo acontecer.

Recorrendo a passagens temporais entre o presente e a lembranças do passado de Lou, que chega mesmo a entregar o seu diário da altura a Chloe para lhe demonstrar a semelhança entre as suas duas histórias, esta narrativa consegue prender pela forma como vai sendo descrita, de como tudo se vai passando, colocando Louise, Chloe e mesmo Wendy, a ex-mulher de Mike, em confronto pelo bom e mau que cada uma passou para superar as diversas situações que este homem as fez passar.