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O Informador

Após o jantar e enquanto ainda estávamos à mesa, os meus pais começaram a falar de mortos! Ok, a sério que se tinham de lembrar de tal conversa há hora do jantar? Já tinha terminado de comer, levantei-me ao de leve, levantei também as minhas coisas e pouco ou nada fui dizendo enquanto ainda estava pela cozinha!

Sei que a conversa já tinha sido feita entre eles durante o dia e naquele momento era só mesmo para me colocarem por dentro da situação, no entanto o assunto não me interessa rigorosamente nada e por isso abalei para o quarto. Mesmo assim e porque aquilo era mesmo para ser uma conversa a três, eles continuaram a falar, mais ela do que ele, para mim como se lhes tivesse a dar respostas a tudo o que diziam. 

Uma questão que voltou ao pensamento através da leitura do livro Onde Estavas Quando Criei o Mundo?, da autoria de Artur Ribeiro, foi a eutanásia. Estará o nosso país atrasado em relação a várias comunidades mundiais sobre esta questão da morte por vontade própria e com recurso a ajuda hospitalar? Claro que sim!

A opção ao recurso à eutanásia já deveria ser de novo debatida entre a nossa classe política para que a eutanásia começasse a ser uma possibilidade num futuro próximo entre nós. Existem países em que a eutanásia é possível somente entre pessoas que sofrem fisicamente com doenças que causam dores agudas, sem qualquer possibilidade de melhoramento. Mas também existem países em que a eutanásia é feita de forma muito mais ampla e nesse caso já não consigo concordar. Aceito e sou defensor que o direito de escolha à morte programada deve e possa ser uma realidade, no entanto existem casos e casos, sempre a ser debatidos entre médicos, pacientes ou caso o paciente esteja praticamente em morte cerebral, com a família mais próxima e responsável pelo utente. Entregar uma vida à morte não é o suficiente para aceitar a eutanásia, devendo existir uma forte lei com bases e sem qualquer modo para que erros aconteçam. Pessoas que sabem que irão morrer devido a alguma doença prolongada e sem qualquer hipótese de cura têm o direito de recorrer à eutanásia mas só mesmo quando dores insuportáveis e momentos de desespero comecem a surgir. Jovens menores não podem sequer ter direito de escolha, estando nesse caso nas mãos de pais e entidades hospitalares o dever de escolha com o consentimento do menor caso esteja consciente em alguns momentos.

É impressão minha ou a imprensa nacional está a tentar mascarar o que todos sabemos sobre o Boom Festival?

Duas pessoas morreram com droga no organismo, no entanto a notícia está a ser dada de forma a que essa parte passe um pouco ao lado. 

O Boom Festival tem a fama que tem por algum motivo! Muitos dos fãs do festival que para lá vão não se destinam somente a assistir aos concertos e a beber uns copos. Qual a novidade então? Morreram duas pessoas que abusaram do consumo de drogas e há que chamar as coisas pelos nomes!

camilo de oliveira.jpg

O ator Camilo de Oliveira faleceu aos 91 anos no passado Sábado! Com uma carreira de sucesso no palco através do teatro de revista e em televisão com diversas séries, algumas com o seu próprio nome, Camilo é mais um dos nomes da arte nacional que parte neste ano de 2016. Parte assim um ator com quase 70 anos de carreira que ingressou em vários espetáculos que andaram pelo país a alegrar o seu público.

Em pequeno lembro-me das séries protagonizadas pelo ator, «Camilo em Sarilhos», «Camilo, o Pendura», «A Loja do Camilo», «Camilo na Prisão», «As Aventuras do Camilo», «Camilo e Filho Lda» e a última «Camilo, o Presidente». No entanto outros sucessos anteriores conquistaram o público televisivo ao longo de décadas, sendo que o comediante estava afastado, também devido à doença das lides da representação, há cinco anos, do pequeno ecrã e dos palcos. 

O que se passa com o programa The Voice quem em poucos dias dois dos concorrentes que já passaram pelo formato, em países diferentes, foram baleados, acabando por morrer?!

Primeiro foi Christina Grimmie que enquanto dava autógrafos no final de um espectáculo em Orlando, Florida, foi assassinada. Agora, cinco dias depois, foi Alejandro Jano Fuentes, concorrente do The Voice do México, a ser baleado quando deixava a sua festa de aniversário que foi celebrada em Chicago, nos Estados Unidos. 

As suspeitas parecem não existir, mas será que não existem coincidências nestas duas situações, para mais em tão pouco espaço de tempo?!

rodrigo.jpg

Uma mãe procura o seu filho, apresentando o desaparecimento do menor de quinze anos nas entidades competentes. Horas depois fala com a comunicação social e pouco se lamenta sobre a situação, não mostrando um pingo de dor e preocupação. Dias passam e descobre-se que o padrasto do menor tinha viajado no dia do desaparecimento para o Brasil de onde é natural, dados que foram omitidos nas primeiras confidências de uma mãe que se tem mostrado pouco ou nada destroçada. Horas depois descobre-se o corpo do menor bem perto da moradia onde a família mora. Em momentos posteriores surgem as primeiras informações acerca do estado do corpo que foi encontrado enrolado em fio eléctrico. 

Ups! Algo se passa aqui que não está a ser bem contado, não? Então a mãe não tinha de revelar que o seu companheiro tinha viajado nesse mesmo dia para o outro lado do Atlântico? Então aquela mãe que passou supostamente tão mal sempre que permanecia em sociedade parecia calma e serena como se nada fosse? Então o corpo apareceu supostamente num local que já tinha sido visto antes e onde não se encontrava há uns dias? Onde está a culpa quando uma mulher esconde factos sobre o seu companheiro para o quem sabe proteger, não se preocupando com o filho? O que existia dentro daquela casa e o que aconteceu para o menor ter sido agredido até à morte como já foi tornado público?

Mau pensar que a morte pode bater à porta em qualquer momento da vida! Pior mesmo que isso será saber que em poucos dias o final aparece e não existe mais volta a dar para que uma continuação possa surgir. Como viverão os humanos que sabem que lhes restam poucos dias para se despedirem do que sempre tiveram ao longo de anos, fazendo os seus profundos adeus, partilhando as últimas conversas e tudo o que lhes sobra até que o último suspiro se dê e tudo fique para trás?

Complicado para os saudáveis pensarem que a qualquer momento algo possa acontecer e a morte chegar sem quase nos darmos conta. Quanto mais pensar nos que sofrem anos, meses e dias e que a partir de uma certa altura sabem que esses anos, meses e dias são os últimos, percebendo depois que as horas vão passando, as fraquezas vão adensando e o que resta de uma vida muitas vezes plena até ao aparecimento de doenças fatais está prestes a terminar.

O que pensarão os mortos condenados antecipadamente quando a percepção do fim está visível? As ideias devem ser lastimáveis para com um mundo que irá ser deixado para trás porque algo falhou no rumo de uma vida!

O tema da Morte apareceu com a tag ComCanela que mensalmente realizo com os com os blogs A Mulher Que Ama Livros e o Homem Certo. Fiz o meu texto e depois pensei em como a vida por vezes nos causa partidas indesejadas para com o enfrentar de tamanha dor pelos olhos de quem cá fica. 

Já perdi três dos meus avós, eles dois e uma delas, restando a força e a que afirma com os seus quase noventa anos que os «velhos» andam por aí todos caídos. Ela rija como sempre tem estado, odiando ir ao médico e ao hospital muito menos, anda por cá, faz normalmente a sua vida, tomando conta das suas coisas sem ninguém se intrometer no que tem de ser feito e no que é necessário.

A minha avó sempre trabalhou e hoje se nos descuidarmos ainda faz alguns pratos em sua casa para uma família a quem chama dos «seus meninos» por os ter criado e sempre dando um olhinho. Adora aquela família que sempre que pode gosta de lhe dar trabalho, o que já não é aceitável por nenhum de nós, mas quando as pessoas gostam de abusar fazem dessas coisas. Ela vive, continua bem no seu canto e assim deverá continuar a acontecer. Felizmente!

O trio de estrelas que agora brilha no céu está a olhar por nós, tendo eles partido depois de meses a sofrerem, um com tantas idas ao hospital e sempre com o diagnóstico familiar de que não passava dali. Mas passou, viveu talvez mais um ano, sempre com estadias minimas em casa e prolongadas pelos quartos hospitalares. No final, naquele quarto isolado ao fundo do corredor, percebi, quando olhei para ele, que estava ali o fim. Seguidamente olhei para a minha madrinha que percebeu o que se passava pelo meu pensamento no momento. E assim foi, no outro dia de manhã fui trabalhar, a um Sábado, e quando a hora de almoço chegou o telemóvel tocou, era a minha mãe, dizendo para ir ao encontro deles porque o avô tinha morrido, assim mesmo, o meu avô tinha morrido e a mensagem foi passada tal e qual, comigo a olhar para um telemóvel, a pegar nas coisas que tinha levado comigo de manhã e sem conseguir raciocionar. A dor de quem partiu depois de meses de espera tocou-me mesmo, para mais por sempre ter percebido que aquele avô era o meu avô, aquele que sempre teve um lugar de destaque no meu coração. O meu avô era o preferido e mesmo que essas coisas não devam existir nas famílias a verdade é que existem e são sentidas por quem vive e está dentro da situação. 

A Morte, a certeza com que todos vivemos ao longo de uma vida, curta ou longa, dependendo da ideia de cada qual. A Morte existe como um final individual onde a partida e a despedida de todos tem de acontecer de forma definitiva e sem grandes alaridos. Pensar e saber que um dia tudo irá terminar dói, mas saber que existe uma quase marcada data para o final aparecer deverá ser bastante pior.

Morrer de forma inesperada ou esperar sofrendo que o último suspiro apareça? Uma questão bem relevante que só tem uma resposta aceitável mas onde nem sempre o desejo é praticado pela força que muitos acreditam tomar decisões por todos nós.

Doenças prolongadas e com prazos terminais como certezas magoam e destroem um futuro que poderia ser risonho sem pensar que naquele dia, semana ou mês o adeus em definitivo irá acontecer. Saber que se está doente e que existe um prazo para tudo terminar leva a uma morte prematura, com dor e bastante mágoa para com toda uma vida que sempre sorriu até ao momento em que a ficha começa a ser desligada por um relatório médico que dita o que virá a seguir, a Morte. 

A Morte suspensa e que causa dor aos próprios e a quem os rodeia é das piores coisas que uma vida pode ter. Saber, ou nem se dar conta disso, que estamos a caminhar por um trilho que mais tarde ou mais cedo nos levará para uma cova onde a terra cai, a chuva encharca e o vento passa é das piores coisas que poderão acontecer. Saber que existe um dia, uma semana ou um mês para se continuar a viver, dependendo muitas vezes da ajuda dos outros sem conseguir lidar com tudo o que existia antes de forma independente e útil socialmente será bastante complicado. Onde ficam os sonhos e a garra que outrora existiu num passado por vezes bem próximo e que não volta mais? Onde ficam as promessas de um amanhã feliz e onde tudo é feito para se continuar a resistir a uma sociedade que vive de lutas e pecados? Sentir que se está próximo do fim é mau, muito mau, para mais para quem sempre esteve bem e de um momento para o outro vê-se perante um futuro que não existe de inglória e sem pensamentos positivos.

Penar e sofrer esperando que a Morte ataque ou morrer num ápice e sem esperar? Muito preferivel morrer de um momento para o outro, num acidente ou por morte súbita, causando dor a quem fica, mas sem sofrer interiormente e sem levar ao sofrimento de quem ama um ser que parte de forma rápida mas que antes sempre foi feliz, vivendo em glória e partindo de bem com a vida sem causar dores demoradas e mortes prolongadas por horas infinitas de espera contínua. 

«Olá e Adeus» é doloroso mas consegue sair valorizado para com o pensamento de «O fim nunca mais chega»! Partir com hora previamente marcada é das coisas mais penosas que se poderá ter. Não será tão bom ir embora como um sopro que aparece e onde no momento seguinte já não existe? Tão bom este sonho que não faz sofrer e sobre o qual não se tem receio. Medo existe em ficar por ai a sofrer e dando bastante trabalho por se existir sem vida, deambulando sem muitas vezes se perceber onde se está e o que se diz. Não estar vivo é estar morto e quando a Morte bate à porta que seja em definitivo e não com picadas lentas que vão magoando até ao fim definitivo!

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