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O Informador

Esta Noite Branca | Cláudia Benedy

Falar de Esta Noite Branca é uma verdadeira tempestade por não querer misturar a obra com a amizade, é ficar com as emoções à flor da pele, encontrar passagens conhecidas de uma Carolina que podia ser qualquer mulher que passou por um processo de divórcio doloroso e que teve nas suas crianças um dos pilares e preocupações para conseguir dar a volta de forma a sair vencedora. 

Este romance é um autêntico grito de angústia perante uma luta constante de superação para com a separação, uma guerra interna para se conseguir enfrentar o que parece estar num autêntico caos. Uma traição perante a família feliz, como dar o passo e dizer que chega, olhar para o seu interior, perceber que existem pequenos seres que precisam acima de tudo de amor de ambos os lados, mesmo quando tudo parece perdido.

A Cláudia estreia-se com este romance que necessitei de dar colo, saber que me tinha de sentar bem sossegado para o desfrutar, voltar a um momento que também foi meu e por isso a Cláudia ser muito para mim. Uma partilha honesta, dura e bastante intensa de uma mulher com a mágoa bem vincada no seu perfil, um romance que deve ser acarinhado e que muitas mulheres, e não só, poderão olhar como um grito de ajuda, já que após várias noites de desalento, a vida mostra que é feita de grandes surpresas para se começar de novo.

As Sete Carruagens | André Fernandes

Manuscrito Editora

René é a representação de muitos que vivem em silêncio e de mãos dadas com a depressão, um tema tão debatido e que tanta vez nos passa ao lado por ser do outro, por não dedicarmos um pouco do nosso tempo a perceber que é necessário dar a mão, ajudar a enfrentar um problema que acaba por ser de todos e que nos pode bater à porta a nível pessoal a qualquer momento.

As Sete Carruagens de André Fernandes é um livro que leva um homem solitário a conhecer vidas com quem se cruza todos os dias, acreditando que estas vidas existem mesmo, dia após dia, como se nada mudasse. René encontra cada ser no seu caminho de forma monótona, sempre nos mesmos locais, sempre nas mesmas circunstâncias, mostrando que cada história que conhece em cada uma das sete carruagens em que vai entrando são autênticos alertas para o que precisa a favor da sua própria mudança. Onde começa a realidade e a manipulação do pensamento na vida de quem não está bem é uma das questões em destaque nesta narrativa tão bem conseguida.

Num real apelo perante a depressão, esta história contada em vários atos tem um simbolismo enorme, levando o leitor a conhecer vidas com ensinamentos onde os erros e os transtornos existem perante a necessidade de mudança para se acreditar que o futuro será sempre melhor. René perdeu a capacidade de lutar, deixando a mensagem para que outros não se deixem abater e sejam levados pelo mesmo caminho.

Dia | Michael Cunningham

Gradiva

Michael Cunningham colocou as fragilidades e os desafios de uma vida familiar em destaque com Dia, um romance que podia ter tudo e que não me levou a lado algum. Contado em três fases, com início em Abril de 2019 quando o Covid19 atingiu a vida de todos nós, conhecemos o casal Isabel e Dan a iniciar uma fase de afastamento, com cada um a criar a sua rotina sem contar com o outro. Com Isabel e Dan encontramos também Robbie, o irmão dela, convidado a deixar o lar que têm partilhado por existir algum mal estar entre o convívio dos três. Colocados em quarentena quando o que queriam era estar distantes, estes três adultos enfrentam os seus problemas e têm de lidar com o que lhes bate de frente, sem poderem fugir numa fase tão complicada pela qual o Mundo passou. Mais tarde percebemos como cada um foi reagindo às alterações, entre afastamentos e desabafos que os acabam por afastar através de novos rumos que os levam a enfrentar o que vem após os tempos complicados de pandemia. O amor e a perda são a grande base de Dia que ao ser contando num período da História pela qual todos passamos podia ter conseguido ganhar algum carinho por me sentir a olhar para algo que fosse meu, mas não foi isso que senti, uma vez que não consegui nutrir qualquer afeto por estes personagens que parecem ter sido construídos para um vazio sem me conseguirem alcançar como um bom romance tem como finalidade.

Quando os Rios se Cruzam | Rita da Nova

Manuscrito Editora

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Título: Quando os Rios se Cruzam

Autor: Rita da Nova 

Editora: Manuscrito Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 240

ISBN: 978-989-9181-17-5

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Para Leonor, ir de Erasmus significava começar de novo. Onde ninguém a conhecesse, poderia ser quem quisesse.

Na cidade italiana, ela descobre partes de si que ignorava existirem, muitas delas novas e entusiasmantes. Mas há um outro lado de si que se revela, uma parte que a envergonha e amedronta — atitudes em que não se reconhece e cujas consequências vão ficar consigo para sempre.

Dez anos depois, mais uma vez a adiar o reencontro com o passado, Leonor dá por si a revelar a uma estranha tudo o que aconteceu naqueles meses — e de que forma o fogo, até então tão inofensivo, acabou por lhe deixar marcas eternas.

 

Opinião: Leonor é a estudante que parte para Erasmus livre, pronta para viver a experiência fora do seu país, dando espaço a uma total liberdade, num local onde ninguém a conhece e onde para além de encontrar uma cidade nova e que vai conhecer, tem também as expetativas em alta com tudo o que o processo desta experiência trás consigo. Novos conhecimentos, amores, noitadas e muita diversão a par dos estudos que tendem a ficar para segundo plano na sua lista de afazeres durante este período de tempo.

Com Leonor conheci vários recantos de Turim e nesse campo Rita da Nova está de parabéns por me ter levado para fora do país sem me fazer sair do sofá. No entanto Quando os Rios se Cruzam não é de todo aquele romance que possa dizer que me tenha arrebatado do início ao fim. Aqui é contada a história de Leonor com tudo o que esperava do seu plano para os tempos de Erasmus, no entanto senti que o fio condutor que devia ter sido criado de início não existiu, tendo sim encontrado uma história que foi feita ao sabor da corrente, talvez entre as correntes de rios e vidas que se cruzam, começando a história central na protagonista, passando por um romance mal conseguido e terminando com a perda de uma pessoa importante para si, mas onde o ego acabou por falar sempre mais alto. Senti ao longo desta leitura uma incapacidade de unir os três pontos que destaco num só, como se as coisas tivessem a ser contadas por partes e não fazendo parte de uma história corrida e como um todo. 

O Quinto Pescador | José Rodrigues

Porto Editora

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Título: O Quinto Pescador

Autor: José Rodrigues

Editora: Porto Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 240

ISBN: 978-972-0-03759-6

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: No dia do seu aniversário, a tragédia bate à porta de Francisco, levando-o a questionar o sentido da sua própria existência.

Longe de casa e em agonia, parece encontrar o lugar e a coragem de que precisa para pôr cobro ao desespero que lhe preenche os dias.

Entre a saudade insuportável e as memórias de tempos felizes, Francisco é surpreendido por uma criança de 8 anos, Pedro, e por Rafa, o seu fiel companheiro de quatro patas, que lentamente lhe devolvem a vontade de viver. Na pacata aldeia costeira para onde se mudara após a tragédia, encontra novas pessoas e redescobre sentimentos que pensara perdidos para sempre no seu passado.

De forma inesperada, aquilo que seria o fim transforma-se numa fantástica jornada de reconstrução, onde a amizade e o amor se assumem como salvação.

 

Opinião: É através de uma escrita poética, emotiva e de aconchego que José Rodrigues apresenta Francisco ao leitor. Em O Quinto Pescador encontrei um homem que perdeu os seus grandes pilares, ficando a partir desse momento sem rumo, ausente e num completo estado de eloquência onde o sentido da vida lhe deixou de fazer qualquer sentido e fica quase perdido para sempre. Neste romance onde a perda anda de mãos dadas com a força da amizade e do amor, é possível encontrar uma autêntica montanha russa de emoções, do receio de acreditar numa possível reviravolta ao surgimento de novas conquistas. Em tudo existe a possibilidade de existirem segundas oportunidades, sendo somente necessário saber acreditar e abrir os horizontes pessoais para que as boas novas possam aparecer a qualquer momento e trazer consigo promessas de um futuro melhor. Nesta narrativa é possível encontrar verdade no resurgimento de um coração amargurado em cinzas perante o poder da bondade e da vontade em acreditar que nada nem ninguém nos aparece por acaso pela frente. Acreditar que sempre é possível fazer acontecer, partilhando e dando aos outros o que queremos para nós! O Quinto Pescador mostra o poder da mudança e da conquista, da partilha e acima de tudo do grande elo entre a amizade e o amor que une cada um de nós a quem nos quer bem.

 

O Rapaz | Cláudio Ramos

Alma dos Livros

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Título: O Rapaz

Autor: Cláudio Ramos

Editora: Alma dos Livros

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 320

ISBN: 978-989-570-239-8

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Sou dos que acredita que se pode amar uma pessoa a vida toda e toda a vida pode até ser pequena para tanto amor. Não temos de amar todos na mesma medida, nem tomar o pulso ao que os outros sentem. Vamos aprendendo com a idade que o amor é só isso e nada mais. Não o devemos exibir, complicar, humilhar, amachucar de forma a chamar a atenção para outra coisa qualquer. O amor é só amor e qualquer história de amor conta isso mesmo. 

A história deste livro é a de uma paixão vivida fora de tempo, talvez fora de horas, por duas pessoas que se encontram no lugar certo, mas no tempo errado.

Quando me perguntam porque escrevo sobre o amor, é porque não acredito que exista força maior. O amor é agarrar em coisas boas e transformar a vida, colando-as umas nas outras de maneira que fiquem poucos espaços para outra coisa que não seja o amor. É amar um lugar, um cheiro, uma lembrança, um animal, uma música, é gostar de andar na rua, é ter vontade de sentir a chuva, o vento, de aproveitar o sol.

O amor é vida que cada um de nós tem de aproveitar se nos bater à porta. Nunca percam de vista a vossa pessoa certa. Vale sempre a pena tentar. Sempre!

 

Opinião: O Amor é o principal aliado de O Rapaz, o romance onde Cláudio Ramos entrega a sua liberdade perante a escrita de uma obra que afirma ser de ficção mas onde se vê tanto do seu autor em cada página onde de menino a adulto apaixonado, dos confrontos e das transparências, se encontra um homem que acredita que é possível amar, mesmo com todos os entraves que por vezes as relações trazem consigo. 

Um romance gay, que vive entre memórias da criança que este rapaz foi e do rapaz que se tornou perante a vida que lhe foi colocando entraves em paralelo com as conquistas com que sempre sonhou.

 

 

Quando o Vaticano Caiu | Pedro Catalão Moura

Saída de Emergência

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Título: Quando o Vaticano Caiu

Autor: Pedro Catalão Moura

Editora: Saída de Emergência

Edição: 2ª Edição

Lançamento: Janeiro de 2024

Páginas: 320

ISBN: 978-989-773-526-4

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Há muito que se sabe que Hitler pretende invadir o Vaticano. A esperança de que não ousasse fazê-lo foi mantendo a cúria em Roma. Até que uma carta misteriosa chega ao Papa e este não consegue acreditar no que lê.

Sua Santidade,

O plano de Hitler vai avançar! O Vaticano será invadido em poucas semanas, talvez dias! O Santo Padre está em risco!

Um amigo

Pio XII terá de reagir depressa para salvar a Igreja das garras dos nazis. Na sua secretária tem convites de Roosevelt, Franco e Salazar para receberem a cúria nos seu  respetivos países. Aceitar o convite de Roosevelt significa escolher um lado no conflito. Como o regime de Franco é demasiado repressivo, resta apenas Portugal. Ainda assim, para se afastar de Salazar, o destino da cúria não será Lisboa, e sim Fátima: «Se serviu para receber a Mãe de Cristo, servirá para receber os cardeais!», clama o Papa.

Pio XII tem mais uma surpresa: renuncia ao papado e opta por ficar no Vaticano. Quer lá estar quando as botas dos nazis pisarem a Basílica de São Pedro. Então, começam as conspirações em Fátima para eleger um novo Papa, com tantas intrigas e conluios que quase fazem esquecer a violência no Vaticano. Este é um thriller arrebatador, inspirado em acontecimentos verídicos: a intenção de Hitler em capturar o Papa, e o convite de Salazar para ele se refugiar em Portugal.

 

Opinião: Encontrar-me com Quando o Vaticano Caiu é perceber que Pedro Catalão Moura fez um excelente trabalho de pesquisa para que cada apontamento sobre o interessante mundo por vezes obscuro do Vaticano estivesse totalmente descrito de forma a fornecer uma aula de História religiosa ao leitor ao mesmo tempo que o entretêm ao longo das horas de leitura.

Neste thriller encontramos os membros da cúpula em autêntico grau de pavor quando percebem que Hitler pretende invadir o Vaticano e derrubar várias figuras de destaque da Igreja. A partir daqui, o Papa que sente que é um alvo a abater toma decisões com os seus aliados mais próximos para que consigam deixar o Estado e ao mesmo tempo manter toda a cúria numa regime de proteção num outro país, escolhendo Portugal de Salazar para serem acolhidos em Fátima onde importantes decisões são tomadas a partir do momento em que quase todos pisam o território religioso nacional.

 

 

Nini, de Ticas Graciosa

Cultura Editora

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Título: Nini

Autor: Ticas Graciosa

Editora: Cultura Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2024

Páginas: 224

ISBN: 978-989-577-011-3

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Quando Nini era criança, o pai, atormentado por um transtorno obsessivo, matou-lhe a mãe e suicidou-se — ou, como a mulher em que Nini se tornou viria a aprender, «morreu de suicídio».

Inspirado num único acontecimento real da vida da autora, justamente a morte dos pais, Nini é um romance que mergulha na construção literária de uma criança que cresce num ambiente preconceituoso e violento, e no esforço que faz para o compreender e superar ao longo da vida.

Um entusiasmante romance de estreia de Ticas Graciosa, que, com espantosa riqueza de imaginação e surpreendente habilidade, ficciona uma dor talvez há muito esquecida, mas que lhe tem imposto uma constante aprendizagem, quase uma luminosa missão para a vida: alertar.

E Nini? Terá ela compreendido, terá ela perdoado?

 

Opinião: Nini não é um romance que faça companhia ao leitor sem o questionar. Esta narrativa de estreia de Ticas Graciosa é um verdadeiro alerta sobre o peso que a saúde mental tem na sociedade, perante quem somos e quem nos rodeia representa. Esta é uma história onde a ficção se mistura com factos reais, de onde a autora partiu da sua própria história de vida pela perda dos seus pais, para criar uma realidade que tantas vezes é ignorada e negada por quem está mesmo em confronto com a mesma. Acrescentando ao debate da saúde mental oprimida pelos mais próximos pela vergonha, existem ainda aqui vários pontos de preconceito a serem comentados e revelados, como se tudo tivesse de ser abafado por seguir contra as normas da sociedade do politicamente correto. 

Em Nini acompanhamos a história de uma criança que desde cedo convive com contrastes sociais, onde se auto questiona sobre a instabilidade e dureza com que os pais se confrontam e como os mesmos são tratados pela restante família que parece ter tudo mas pouco gosta de partilhar. Numa estrutura familiar frágil e instável, onde os receios e o constante medo que algo aconteça existem, Nini é a criança que vai crescendo e que perde os pais por culpa de vários adultos que sempre tentam não dar valor ao drama de um casal que precisa de ajuda para sair do vazio com que se encontra e perante o qual não consegue pedir «socorro».

Páscoa de chuva, Páscoa abençoada!

Como se costuma dizer algo deste género mas nos casamentos, não é? «Boda molha, boda abençoada», no entanto e porque os nossos santinhos assim o quiseram, esta Páscoa de 2024 está a ser bem molhada, logo por aqui que tirei estes dias de férias e tenho ficado mais pausado, ajudando ao mesmo tempo para descansar, namorar e simplesmente existir sem ter muito que pensar, o que também é necessário quando se sente que corpo e mente estão a precisar de relax total após mais de seis meses sem paragens e com muito a acontecer. 

Férias, escrita e leitura...

Hoje e somente porque vim de férias e trouxe comigo o portátil novo que comprei para ver se ganho finalmente alento para começar a escrever, decidi também publicar algo novo por aqui, já que tenho andado bem ausente por estes lados e quero ver se volto a ganhar rotina no blog para não me ficar somente pelas redes sociais com as publicações habituais. 

Esta semana comecei a escrever um romance, sim, é verdade, tudo parecia que estava a seguir no bom caminho quando pensei que não, não será aquela história que quero continuar a desenrolar, estando neste momento a criar novas ideias para iniciar o processo de arrumação de algo novo que deverei iniciar em breve mas tudo com calma que não tenho ninguém a correr atrás para fazer as coisas com metas a atingir. 

Ao mesmo tempo que estou a iniciar este processo de escrita, mais criativo, comecei a ler uma narrativa que me foi enviada, mas não está publicada, e que só vos digo que com alguns ajustes e com uns acrescentos de forma a tornar tudo um pouco mais ficcional, aquela seria uma boa história com que muitos se iriam conseguir rever a dados momentos e que vos faria querer saber um pouco mais sobre o que vai sendo contado. Uma história bastante pessoal e que logo pelo início me deixou rendido, valendo se o seu autor assim alterar o seu pensamento, seguir com a ideia para a frente para ver a sua publicação acontecer.