Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Informador

Bom Crioulo | Adolfo Caminha

Guerra e Paz Editores

bom crioulo capa.jpg

Título: Bom Crioulo

Autor: Adolfo Caminha

Editora: Guerra e Paz Editores

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2018

Páginas: 160

ISBN: 978-989-702-376-7

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: O romance que o Brasil recebeu com escândalo.

Uma história de amor entre dois homens: Amaro - o Bom Crioulo - e Aleixo. Um marinheiro negro sente-se atraído por um jovem grumete branco. Na trama, surge ainda D. Carolina, ou melhor, Carola Bunda, portuguesa e ex-prostituta, desejosa de entregar o seu corpo maduro a um amante jovem como Aleixo. Assim se constitui um triângulo amoroso fatal.

Uma singular e improvável história de amor entre dois homens, a que não falta a traição, a diferença de idades, a culpa, o medo. Eis uma situação que pode sair fora do controlo: se uma paixão violenta causa cegueira, será inevitável um final trágico?

Adolfo Caminha, duramente atacado pela crítica, ficou para a História como um autor «maldito». Votado ao esquecimento na primeira metade do século xx, Bom Crioulo é hoje traduzido em todo o mundo, e é considerado o primeiro romance da literatura em língua portuguesa a abordar a homos-sexualidade e logo numa relação inter-racial.

 

Opinião: Considerado um clássico e o primeiro livro a retratar a homossexualidade no Brasil, Bom Crioulo podia ter agitado as águas na altura em que até foi condenado e retirado de circulação, no entanto em pleno século XXI, este romance é apenas mais um, mesmo que no momento em que o li me tenha deixado recuar até 1895 para entrar no contexto histórico em que é inserido.

Nesta narrativa fui convidado a presenciar os pecados cometidos pelo negro Amaro, o Bom Crioulo, que o levaram até à marinha onde conheceu o jovem de pele e olhos claros, de 15 anos, Aleixo, por quem rapidamente se apaixonou. Num romance homossexual onde a pedofilia e o racismo também são notados, a vida dos marinheiros de alto mar é colocada aqui em destaque, mostrando como por vezes o pecado está mesmo ao lado quando se passam temporadas sem avistar terra. Do amor entre estes dois homens aos desaires levados pela força da reação para proteger os reais sentimentos e também pela entrada de um terceiro elemento pelo meio, a portuguesa e ex-prostituta D. Carolina, que se apaixona pelo jovem, esta é uma história com um final trágico.

A Rapariga do Lago Silencioso | Leslie Wolfe

Alma dos Livros

a rapariga do lago silencioso.jpg

Título: A Rapariga do Lago Silencioso

Título Original: The Girl From Silent Lake

Autor: Leslie Wolfe

Editora: Alma dos Livros

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Outubro de 2022

Páginas: 352

ISBN: 978-989-570-044-8

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Quando um crime abala a comunidade de Mount Chester, a detetive Kay Sharp vê-se obrigada a voltar à sua terra natal, de onde partira há muito tempo e prometera não mais regressar.

Uma mulher de fora da cidade tinha sido encontrada morta, coberta pelas folhas das árvores e envolta num cobertor, perto de um lugar conhecido como o Lago Silencioso.

Kay reconhece imediatamente os sinais de um assassino em série – a natureza dos rituais que está presente no cenário do crime revela que é apenas uma questão de tempo até que ele ataque novamente...

Alison Nolan é mãe solteira e decide partir de férias com a sua filha Hazel, para aproveitarem um tempo precioso juntas. Quando chegam aos arredores do Lago Cuwar, onde as montanhas estão cobertas de neve e iluminadas pelos maravilhosos tons do outono, percebe que é exatamente aquilo de que precisavam. Porém, poucas horas depois de lá chegarem, as duas desaparecem misteriosamente.

O instinto de Kay diz-lhe que aqueles dois casos podem estar ligados. Enquanto lidera uma busca frenética para encontrar o culpado, Kay tem de lutar contra a população da cidade que protesta por ela estar a fazer demasiadas perguntas. Conseguirá ela encontrar o assassino antes que seja tarde demais?

 

Opinião: Leslie Wolfe lança uma nova série com A Rapariga do Lago Silencioso e dá a conhecer Kay, uma ex-agente do FBI, ao leitor. Com memórias dolorosas perante a sua infância e com a dor de ter o irmão atrás das grades, esta mulher retoma angustiada à vila que a viu crescer para encontrar um refúgio e ao mesmo tempo perceber os motivos que levaram à condenação do seu irmão.

Já instalada, Kay começa a perceber que jovens mulheres estão desaparecidas, e mesmo sem ter o distintivo das autoridades locais, coloca o seu papel de investigadora em marcha seguindo contra as regras, interferindo nas investigações em vigor, dando dicas e seguindo os seus instintos na procura da verdade. O seu trabalho paralelo às investigações oficiais levam o detetive Elliot a procurar o seu contributo e a coloca-la no centro de toda a ação como um bom recurso na procura do assassino em série que tem atormentado a população. A partir daqui presente e passado começam a revelar ligações profundas perante o que vai sendo descoberto e o que levou Kay a deixar as suas raízes antes acaba por voltar à tona e a criar múltiplos sentimentos de frustração e indignação.

Leme | Madalena Sá Fernandes

Companhia das Letras

leme.jpg

Título: Leme

Autor: Madalena Sá Fernandes

Editora: Companhia das Letras

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2023

Páginas: 168

ISBN: 978-989-784-959-6

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias.

Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo de obsessão, desequilíbrio, solidão, desamparo, poucas certezas e muitas dúvidas. Leme é um golpe de escrita para regressar à vida. Uma cintilação plena de vida e um soco no escuro que nos engole: eis um livro que aponta diretamente aos limites do bem e do mal.

 

Opinião: Lamento as vozes que se fizeram levantar a aplaudir o romance autobiográfico de Madalena Sá Fernandes, Leme, mas aqui desde lado não surgem boas notícias para vos serem contadas após esta leitura.

De capítulos curtos e uma escrita demasiado simples, este auto romance é focado no tema da violência doméstica e o que tais comportamentos provocam no momento e para a vida futura de uma pessoa. Leme invoca as memórias de uma mulher que sofreu enquanto jovem vários momentos de violência, a maioria psicológica, do parceiro da sua mãe que ao mesmo tempo fechava os olhos a tais comportamentos. O tema é duro, pesado e lastimável, no entanto a forma como a autora o conduziu não correu da melhor forma, desfiando rápidas memórias sem conseguir esmiuçar os momentos para levar o leitor a ficar preso às suas trágicas e pesadas vivências, como se só quisesse apresentar factos para se livrar ela própria do que ficou para trás, sem se lembrar que quem está desde lado necessita de criar ligações com a história de cada personagem. O tema está lá só não foi bem desenvolvido e ao ser uma autobiografia tinha tanto a obrigação de ter corrido melhor.