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O Informador

O Filho, no Teatro Aberto

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As fragilidades da saúde mental na adolescência são colocadas em debate através do novo espetáculo do Teatro Aberto, O Filho, de Florian Zeller.

Estreou no passado Sábado, 15 de Abril, na sala lisboeta, a peça O Filho que conta com Cleia Almeida, Paulo Oom, Paulo Pires, Pedro Rovisco, Sara Matos e Rui Pedro Silva num elenco encenado por João Lourenço e com coreografia do Cifrão.

A peça O Filho relata o confronto com que Nicolau, um adolescente de 17 anos, se debate quando os seus pais Ana e Pedro se separam e este segue para uma nova relação, com Sofia, de onde tem um outro filho. Pedro resolver recuperar o filho para a sua nova família a partir do momento em que percebe que Nicolau entra num estado depressivo, de profunda tristeza, faltando à escola e sem conseguir definir o seu caminho por não estar bem consigo próprio. Entre a dor de Nicolau e o desespero de Pedro por se sentir culpado pelas marcas físicas e psicológicas do filho existe Sofia que teme pelo bem estar do seu pequeno filho quando em convívio com o irmão, tal como de Ana que se sente impotente perante o estado de Nicolau. Este espetáculo convida assim ao debate dos problemas mentais tão presentes na nossa sociedade perante o sentido da vida de cada um de nós. 

Chega aquele momento...

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No percurso profissional existem momentos em que é necessário refletir e perceber que é necessário procurar novos pontos para seguir em frente.

Estou com trinta e seis anos de idade, com mais de dez anos numa empresa que encerrou por incêndio, um ano em outra que sai por vontade própria e agora quatro anos e meio no terceiro empregador, no entanto está a chegar o momento de dizer chega. É isso mesmo, muito ligado ao atendimento comercial com trabalho administrativo pelo meio, agora sinto que preciso de algo mais, entrar num projeto onde me sinta valorizado e que ao mesmo tempo onde consiga olhar para os meus horários e perceber que tenho uma vida normal. Tenho trabalhado aos fins-de-semana, deixando muito da minha vida pessoal de lado por isso e existem alturas em que é necessário perceber que para além de precisar de me sentir útil junto do empregador também tenho de perceber que sou valorizado e consigo ter uma vida dentro do normal, com horários definidos e onde possa ter planos a longo prazo sem ter de esperar para saber se estou de castigo a trabalhar quando a grande maioria da população está de pausa. Não me importo de trabalhar mais horas que o habitual, não me importo de fazer dias extra, não me importo de levar trabalho para casa, desde que tudo seja recompensado e me sinta ao mesmo tempo valorizado por isso. 

 

Ai Coração, Mimicat

Ao contrário de outros anos, desta vez não acompanhei a lista de canções e cantores candidatos a representarem Portugal no Festival Eurovisão da Canção, mas rapidamente e ainda antes da final, comecei a perceber que a Mimicat estava lançada com o seu Ai, Coração. Um tema bem interpretado que fala muito mais do que da paixão aparente quando se ouve pela primeira vez. Esta música leva-nos pelos caminhos da ansiedade e da depressão que a par de outros remédios, podem ser combatidos com a ajuda do canto e dança como um hino ao amor com alegria.

 

Tudo é Rio | Carla Madeira

Particular Editora

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Título: Tudo é Rio 

Título Original: Tudo é Rio

Autor: Carla Madeira

Editora: Infinito Particular

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2023

Páginas: 194

ISBN: 978-989-8860-87-3

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Lucy é a prostituta mais concorrida da cidade. Dalva, por contraste, é de origem familiar e muito tradicional, mulher de Venâncio, senhor de uns ciúmes doentios.

Lucy e o casal, Dalva e Venâncio, protagonizam um triângulo amoroso que se afasta dos lugares-comuns dos romances e nos faz questionar, sob formas surpreendentemente originais, quais os verdadeiros limites do perdão, até onde pode ir a intensidade de um amor, de que valores se reveste a importância da família e, acima de qualquer outra coisa nesta história, quão forte ou fraca pode ser a afeição entre mulheres.

Neste seu impressionante primeiro livro, a escritora brasileira Carla Madeira socorre-se de uma linguagem sem pudores ou complexos, com uma narrativa madura, mas ao mesmo tempo poética e imagética; e dessa forma incorpora todos os extremos, sem ideias básicas de certo e errado, apresentando-nos o extraordinário mundo de mulheres fortes, fracas, com problemas e soluções, com sentimentos e desejos reais.

 

Opinião: Lucy, a prostituta que desde cedo começou a aprender, por si, a arte da sedução, enfeitiçando os homens que se colocavam no seu caminho sem rodeios e dando uso à sua beleza pela vontade de brilhar. Ao mesmo tempo somos convidados a conhecer Dalva e Venâncio, um casal forçado onde a submissão dela perante a violência dele acabam por provocar danos irreparáveis. O que terão estas três pessoas em comum na história de Tudo é Rio? A julgar pela descrição acredito que seja fácil chegar aos dados certos para o arranque da narrativa que Carla Madeira criou com este seu romance de estreia.

Tudo é Rio é uma história em bruto, relatada de forma crua e sem qualquer controlo com a arte do disfarce das palavras sem filtros, uma vez que todas as descrições feitas levam o leitor ao desconforto mas ao mesmo tempo deixa a vontade por se conhecer até onde vai Lucy com os seus comportamentos doentios e de obsessão para com quem lhe faz frente e não segue as regras auto estabelecidas. 

As Coisas Que Faltam | Rita da Nova

Manuscrito

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Título: As Coisas Que Faltam

Autor: Rita da Nova

Editora: Manuscrito

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Fevereiro de 2023

Páginas: 256

ISBN: 978-989-9087-58-3

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais.

Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. A convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário.

É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa.

As Coisas Que Faltam, o tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo.

Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração.

 

Opinião: Ana Luís cresceu sem a presença da figura paterna e quando somos convidados a conhecer esta figura solitária encontramos uma história de tristeza que consegue partir corações. É através da procura do que nos faz falta e que acreditamos que possam ser pontos essenciais para atingir a felicidade que percorremos o caminho desta jovem mulher, do seu passado conturbado a um presente onde várias respostas acabam por ser dadas pelas piores razões.

Em As Coisas Que Faltam a procura da verdade revela toda a essência que Rita da Nova colocou na sua escrita quando deixou que a simplicidade das palavras cresça perante a emoção que vai sendo relatada num enredo vulgar valorizado pela dimensão que é criada em torno dos sentimentos de perda e frustração pela procura de respostas de uma criança que se tornou mulher e que sempre se sentiu diferente de quem tinha mãe e pai presentes.

Convites duplos | O Filho

Teatro Aberto | 19 de Abril, pelas 19h00

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O Teatro Aberto estreia a 15 de Abril uma nova produção, O Filho, de Florian Zeller, com encenação a cargo de João Lourenço com elenco composto por Cleia Almeida, Paulo Oom, Paulo Pires, Pedro Rovisco, Sara Matos e Rui Pedro Silva. Um novo espetáculo com o selo de qualidade que a direção da sala lisboeta já habituou o seu público fiel e que de certo continuará a mostrar o bom trabalho realizado ao longo dos últimos anos. 

Pedro e Ana separaram-se. Nicolau, o filho adolescente, cai numa profunda tristeza, falta à escola, sente-se perdido, não está bem consigo próprio nem com ninguém. Pedro tem uma nova mulher, Sofia, e um filho bebé. Confrontado com os problemas de Nicolau, Pedro dispõe-se a acolher o filho na nova família e a dar-lhe atenção e apoio. No entanto, a experiência de vida, a boa vontade e os bons conselhos dos adultos não chegam para ajudar Nicolau a sair da depressão em que se encontra.

De onde virá tanto sofrimento? Quem poderá compreendê-lo e apaziguá-lo? Os pais? Os médicos? O filho? Ou será que não há explicação nem remédio para um mal tão obscuro? Na sua peça O filho (2018), o dramaturgo e realizador francês Florian Zeller centra-se na teia complexa das relações familiares para reflectir sobre os mistérios insondáveis da mente e a dificuldade em crescer e encontrar um sentido para a vida.

FICHA ARTÍSTICA

VERSÃO João Lourenço | Vera San Payo de LemosDRAMATURGIA Vera San Payo de LemosENCENAÇÃO E CENÁRIO João LourençoFIGURINOS Lia FreitasVÍDEO João Lourenço | Nuno NevesCOREOGRAFIA CifrãoCOM Cleia Almeida | Paulo Oom | Paulo Pires | Pedro Rovisco | Sara Matos | Rui Pedro Silva

SESSÕESQuarta-feira e Quinta-feira - 19hSexta-feira e Sábado – 21h30Domingo 16h

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E como os bons espetáculos são para serem partilhados, tenho convites duplos para sortear destinados à sessão das 19h00 de Quinta-feira, 19 de Abril. Para te habilitares a um dos convites tens de seguir O Informador no Instagram, e partilhares no teu InstaStories a imagem do cartaz do espetáculo que se encontra disponível nos Destaques e mencionares O Informador e três amigos nessa mesma partilha. De seguida basta preencheres o formulário - AQUI - onde só é permitida uma participação por endereço de e-mail. Esta oportunidade irá estar disponível até às 18h00 do dia da 18, e nesse dia serão revelados os nomes dos vencedores nesta mesma publicação, sendo o sorteio feito através de sistema automático. Os premiados serão contactados via email com as recomendações para o levantamento dos bilhetes acontecer nas melhores condições.

Somos todos Marias e Cristinas

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Alexandre Pais é o jornalista, sem categoria, que achou por bem criticar o corpo de Cristina Ferreira e Maria Botelho Moniz na sua crónica no menos conceituado jornal Correio da Manhã. O senhor sem tento na língua achou que estaria no direito da razão ao escrever que a diretora da TVI insiste em usar roupas "de mangas à cava" que exibem "os braços tomados pela flacidez do tempo e da falta de ginásio", comparando Cristina a rostos como Catarina Furtado e Sónia Araújo, exímias na sua forma física, ao que parece. Nessa mesma crónica o senhor consegue ser tão decadente que afirma que Maria Botelho Moniz, a apresentadora do programa Dois às 10, ao lado de Cláudio Ramos, é uma "mulher simpática mas robusta, com tendência para aumentar de peso e raramente usando roupa adequada às suas características".

Isto são somente meros excertos do que este tal Alexandre proferiu no seu espaço no jornal diário, deitando abaixo as muitas Marias e Cristinas do nosso país. Existe para este senhor um corpo perfeito para se estar a conduzir um programa de televisão ou para se estar a preparar os almoços no restaurante da principal avenida da cidade? Afinal de contas, o que tem maior relevância na contratação de bons profissionais nas mais diversas áreas, o seu talento ou o seu corpo perfeito? Em pleno século XXI, quando tanto já se falou sobre a diversidade e liberdade de cada um continuamos a assistir a estas saídas de ratos de esgoto com opiniões degradantes e de carácter execrável quando ao mesmo tempo defendem o seu lugar de jornalistas conceituados. 

 

Canções para o Incêndio | Juan Gabriel Vásquez

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Título: Canções Para o Incêndio

Título Original: Canciones para el incendio

Autor: Juan Gabriel Vásquez

Editora: Alfaguara

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Fevereiro de 2023

Páginas: 240

ISBN: 978-989-784-865-0

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Uma fotógrafa de renome apercebe-se de algo que teria preferido ignorar. Um veterano da Guerra da Coreia confronta-se com um segredo do passado durante um encontro que parecia inofensivo. 

Um escritor depara-se com a história apaixonante de uma órfã da Grande Guerra. Na Colômbia, em Espanha, Paris ou Hollywood, as histórias deste livro irradiam a estranha luz das coisas que ferem. Juan Gabriel Vásquez dá prova, uma vez mais, de mestria narrativa e profundo entendimento da existência humana. 

Um livro belo e cru sobre a força do acaso, que declina temas como a memória, o poder e significado da violência, e a relação complexa entre literatura e verdade.

 

Opinião: Canções para o Incêndio coloca num só livro várias personagens e histórias independentes que permitem a Juan Gabriel Vásquez percorrer particularidades do seu país e da sua própria vivência. Com contos distintos entre si, nesta narrativa onde a análise de uma sociedade é feita através da descrição da perda, derrota e trauma, o autor percorre cenários reais onde cada personagem, no seu tempo e espaço definidos, luta para conseguir dar sentido a situações que acabam por estar fora de controlo, uma vez que na vida nem tudo consegue acontecer dentro do planeado. Em Canções para o Incêndio o leitor encontra relatos de histórias comuns e relatadas de forma real e com grande sensibilidade através de um fio condutor bem desenvolvido para quem gosta de se ficar pela leitura de contos, o que não é o meu caso que sempre preciso de um desenvolvimento mais prolongado para conseguir conhecer quem está do outro lado e as suas histórias com permanência no tempo.

Noite de Domingo em casa

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Domingo sempre foi aquele dia para ficar em casa após o jantar. Posso sair todos os dias da semana, mas o Domingo é geralmente aquele dia, que mesmo que trabalhe durante o dia, quando chego a casa é para não sair mais, gostando de vestir o pijama e ficar a descansar como se fosse o dia de reflexão para fazer a pausa e preparar por umas horas a semana que logo está prestes a começar.

Este é aquele hábito que sempre me tem acompanhado ao longo dos anos, que mesmo com boas temperaturas, mudanças de rotina ou férias, gosto de manter como se se tratasse de um ritual. As noites de Domingo são para ficar em casa, mesmo que esteja a «não fazer nada» ou apenas a existir até o sono surgir. 

Foi Assim Que Aconteceu, de Marisa Liz

As músicas entram na nossa vida como um apego da partilha de emoções que muitas trazem consigo. Encontrei pela primeira vez Foi Assim Que Aconteceu, da grande Marisa Liz, numa das curtas viagens entre casa e o trabalho e que sentido este tema faz na minha vida neste momento. Cada palavra e cada pausa sentidos, a verdade e a descrição da magia dos acontecimentos, a viagem entre emoções e a partilha para deixar que a surpresa da paixão nos invada o coração sem existir procura como se o universo tratasse de tudo para que a conjugação seja perfeita. 

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