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O Informador

Convites duplos | Golpada no Teatro Aberto

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O Teatro Aberto repôs Golpada na sala vermelha a pedido do público, existindo assim a possibilidade de quem não viu que veja pelas próximas semanas esta produção da autoria da alemã Dea Loher e encenação de João Lourenço. 

Com Ana Guiomar, Carlos Malvarez, Rui Melo, Cristóvão Campos e Tomás Alves em palco na companhia dos músicos Giordanno Barbieri e Mariana Rosa, Golpada é aquela história que coloca em cena dois irmãos gémeos, Maria e Jesus Maria, que além de trabalharem e serem mal pagos, têm em si o sonho de atingirem a riqueza e não é que quase por milagre quase que o conseguem? Com os gémeos e os seus divertidos e excêntricos vizinhos que os alertam sobre os perigos da sociedade, como é o caso do realizador Otto-Porno e da vidente Madame Bonafide, estes destemidos jovens levam as suas ideias em diante a favor do sonho em comum. 

Golpada é uma história onde a irreverência da juventude é celebrada com vários momentos de humor, poesia e um olhar critico sobre a sociedade dos tempos modernos através da conjugação entre a representação e a música ao vivo num espetáculo teatral com concerto incluído para que se possa sonhar com alegria e liberdade num só local. 

Se quiseres ter a oportunidade de assistir a este espetáculo no próximo Sábado, 17 de Outubro, pelas 21h30, participa já nesta oportunidade para tentares a sorte e poderes usufruir de um dos três convites duplos que estou a atribuir. Este passatempo irá estar disponível até às 19h00 do dia 15 de Outubro, Quinta-feira, e nesse dia serão revelados os nomes dos vencedores nesta mesma publicação, sendo o sorteio feito através do sistema automático random.org. Os premiados serão contactados via email com as recomendações para o levantamento dos bilhetes acontecer nas melhores condições. Para a participação ser válida tens de seguir os passos que se seguem.

Sete Mentiras | Elizabeth Kay

Planeta Manuscrito

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Título: Sete Mentiras

Título original: Seven Lies

Autor: Elizabeth Kay

Editora: Planeta Manuscrito

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2020

Páginas: 368

ISBN: 978-989-777-394-5

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Tudo começou com uma pequena mentira...

Jane e Marnie sempre foram amigas inseparáveis desde os 11 anos. Sabiam os segredos mais escondidos uma da outra. E não quereriam que fosse de outra maneira.

Mas, quando Marnie se apaixona e lhe apresenta o marido, Jane conta a sua primeira mentira. Na realidade odeia Charles, o marido rico e convencido de Marnie, mas não é capaz de lhe dizer. Ao fim ao cabo, até as melhores amigas guardam qualquer coisa para si mesmas. Se tivesse sido franca, talvez o marido da sua melhor amiga ainda hoje estivesse vivo...

Porque, claro, esta não é a sua última mentira. Na realidade, foi apenas o começo...

 

Opinião: É pela voz de Jane que conhecemos a sua amizade de adolescência com Marnie. As duas jovens cresceram, dividiram casa como estudantes, muito partilharam e tudo contaram, dos desabafos aos amores, dos desaires às conquistas, tudo vivido entre as duas, numa amizade íntima e perfeita. O tempo uniu e separou para voltar a unir anos mais tarde, mas quando as vidas mudam e novas pessoas entram em definitivo nesta relação amigável as alterações surgem e a verdade direta começa a ser distorcida.

Numa relação de amizade, vivida a partir de certo ponto de formas distintas entre Jane e Marnie, a convicção e força de se terem por perto começa a ser um pouco claustrofóbica para o leitor perante os sentimentos revelados por Jane como se tivesse o direito de propriedade exclusiva para com Marnie. Ambas namoraram e criaram relações conjugais, o tempo deixou que a amizade não terminasse mas ganhasse novos contornos quando se formaram dois casais apaixonados. No entanto um fatídico dia tirou o par perfeito a Jane e é a partir deste ponto que a boa convivência e a verdade entre estas duas agora mulheres adultas se altera. Com Jane a revelar obsessão perante a felicidade de Marnie e com esta a seguir a sua idílica vida a dois e a sonhar com o futuro, os problemas acontecem e tudo parece ter uma culpada. 

Sete Mentiras representa o confronto de ideias e vontades entre uma amizade tóxica e o amor, entre a verdade que enfrenta mentiras numa história bastante viciante onde se confundem sentimentos e a luta pelo bem-estar e a inveja acontece como um 《se não tenho também não irás ter》. Nesta narrativa o leitor conhece a verdade de Jane que não é de todo a perfeita, representando a força do mal que tantas vezes prejudica relações e mentes mais frágeis.

Modern Family ainda não acabou...

Netflix

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Modern Family, que é como quem diz em português, Uma Família Muito Moderna, conta com onze temporadas, no entanto meti na cabeça que só existiam dez e que tudo terminava por aí. Esta semana cheguei ao que presumi ser o último episódio desta divertida série familiar, eis quando hoje, no momento em que ia fazer um texto todo piriri sobre esta produção, que me acompanhou ao longo dos últimos anos por ver aos poucos e devagar para render e como que ajuda a desanuviar no intervalo de séries mais pesadas, percebo que afinal são onze temporadas e não as dez que já vi.

Para quem não conhece Modern Family, e assim de forma rápida, esta série está centrada na família de Jay Pritchett, que divorciado reencontra o amor com Gloria Delgado, uma colombiana mais nova e que trás consigo um filho, Manny. A partir disto Jay tem dois filhos adultos e já com as suas vidas, Claire, casada com Phil, e que têm três filhos, Haley, Alex e Luke. Do outro lado existe Mitchell, casado com Cameron, que decidem adotar uma menina vietnamita, Lily. Aqui está o arranque desta divertida série que toca entre outros, em temas como a homossexualidade, o amor entre idades, os dramas dentro das famílias, a adolescência, a adoção e o divórcio. Dez anos passam e o núcleo familiar é mantido entre diversas situações inesperadas como na vida real acontece. Mantendo o ritmo e a base, esta série passa por diversas fases, acompanhando o desenvolvimento e o aparecimento de novas personagens no que aparentemente é simplesmente mais uma família normal entre tantas outras. 

Ao arrastar os últimos episódios da décima temporada para não me ter de despedir da série tão cedo e ao deitar pequenas lágrimas no que achei ser o final, fiquei mesmo a pensar que o último episódio, recheado de memórias de aniversários, ditava mesmo o fim desta que foi já considerada a melhor série, com inúmeros prémios e nomeações pelo caminho. Afinal a despedida aconteceu somente de forma provisória, já que existe toda uma nova fornada de episódios, ainda não disponível na Netflix, para ser vista em breve. Achei a décima temporada muito boa, comparada com as anteriores, talvez com um maior cuidado com o argumento ou então por pensar que seriam mesmo os últimos episódios e por ter visto assim piada em demasia, mas agora que percebo que ainda tenho mais Modern Family pela frente tudo fica mais composto, embora tenha de esperar uns tempos até a plataforma de streaming nos disponibilizar o que resta desta série familiar que todos deveriam acompanhar. 

 

Emily in Paris, dos estereótipos à ficção

Netflix

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Estreada nos primeiros dias de Outubro e em Portugal a série Emily in Paris, da Netflix, logo alcançou o primeiro lugar dos lançamentos mais vistos da plataforma. Quanto a mim vi e percebo o sucesso da produção que não tem muito de original mas conta com uma protagonista muito bem defendida por parte da atriz Lily Collins, que só por sim já ajuda a prender o espetador nos minutos iniciais desta romântica e sonhadora série. 

Podem afirmar que o modelo do argumento é básico, estereotipado e já muito usado em outros formatos, no entanto quem não gosta de passar uma tarde a ver uma série sem se andar a questionar sobre o que irá acontecer dentro de uma pesada história de mistério, desavenças e complicações? Emily in Paris é daquelas comédias românticas mesmo ao estilo francês, retratando o sonho de uma jovem de Chicago formada em marketing que vê Paris ao seu alcance quando é convidada a integrar a equipa de uma empresa adquirida pela sua. Deixando família, namorado e todas as conquistas em Chicago para trás, Emily inicia a sua inesperada montanha russa de emoções em Paris e os primeiros sonhos e também inúmeros imprevistos acontecem.

Com argumento e produção a cargo de Darren Star, mentor dos sucessos O Sexo e a Cidade e Younger, a primeira temporada de Emily in Paris conta com dez episódios de aproximadamente trinta minutos cada, mas tudo acontece de forma tão natural e despropositada na vida desta jovem que cada episódio passa num ápice para quem se deixar levar pelas trapalhadas no trabalho, no amor e mesmo com os afazeres diários desta jovem que tudo quer, alguns enfrenta e parece conseguir levar as suas ideias em diante. Já no amor, será que com tantas cartas a serem atiradas consegue chegar a um fim que tenta evitar?

É mais que sabido que este estilo de produções, pensadas e idealizadas para serem consumidas de forma rápida têm sempre os seus entraves junto do público. Eu, enquanto espetador que apanhei Emily in Paris para me entreter de forma leve, adorei, mas percebo que muitas das mensagens que são passadas não sejam as reais sobre as relações em França, por exemplo. Quem se apaixona e deixa levar em poucos dias por sucessivos encontros que podem resultar em futuras relações? Quem entra numa nova equipa de trabalho, ainda para mais tão jovem, a querer impor as suas regras logo nos primeiros dias e seguir contra a liderança mesmo sem conhecer os hábitos e costumes do país e sem falar minimamente a língua francesa? Será que em França não se respeitam horários de trabalho, anarquias laborais, amizades e relações amorosas? Todos falhamos é certo, mas esta série vai muito aos problemas que um pequena parte dos parisienses possa ter, não demonstrando certamente a realidade.

Dez anos de Instagram!

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Querida sociedade portuguesa e internacional, então ontem ninguém se lembrou que o nosso querido Instagram completou 10 anos? Andamos para aqui há uma década com a rede social da imagem de um lado para o outro, a mostrar o que queremos e a ver por vezes o dispensável e num dia comemorativo, 06 de Outubro de 2020, este décimo aniversário da rede social passa assim tão ao lado?!

Por aqui, e não ando pelo Instagram desde o início, a rede social da imagem continua a merecer o primeiro lugar das preferências, dentro das cada vez mais variadas opções que surgem no mercado. Já tentei enveredar por outros caminhos, é certo, mas depois percebo que está difícil deixar este pedaço de mal caminho que só tem revelado a importância da imagem nos tempos que correm. 

Neste aniversário a possibilidade de alterar o ícone da aplicação tornou-se possível, para isso basta ir até às definições, arrastar o ecrã para baixo e entre o atual, os antigos e pioneiros logótipos e mesmo novas sugestões, o ícone pode agora ser alterado consoante o utilizador bem entender, tudo numa celebração pela diversidade e memória. 

Parabéns ao Instagram! Parabéns para a minha conta! E Parabéns a todos os instagramers espalhados por este Mundo fora, quer sejam eles os pioneiros a aderirem à rede ou mesmo os mais recentes, aqueles que acabaram de abrir a sua conta e ainda estão a tentar perceber como as dezenas de redes sociais possíveis se encaixam numa só, num sistema de absorção perante toda a possível concorrência que surja e logo acaba por ter a sua cópia como adesivo num só local, o famoso Insta!

Dormi mais que a conta

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Ontem, 05 de Outubro de 2020, foi o dia! Não, não foi o dia de Cristina, mas sim o dia em que O Informador dormiu mais horas que o normal e até quase às 13h00, o que não acontecia já lá vão uns anitos. 

Foram quase doze horas de belo adormecido sem quase interrupções. Certo que acordei bem cedo com o sol a fazer-se sentir lá fora, voltando rapidamente a fechar os olhos assim que percebi que nem os galos cantavam ainda e que em pleno feriado a sociedade alentejana estava ainda fechada em casa. 

Ficar de férias numa das primeiras semanas frias deste Outono, que chegou logo no início de Outubro, aproveitar para descansar em pleno sossego alentejano e ainda conseguir tirar horas seguidas de sono, que tem estado em atraso, é somente uma maravilha. 

Falta carácter e polémica no Big Brother

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Domingo já passou e mais uma gala Big Brother aconteceu! Três nomeadas para uma saída, uma entrada de novo concorrente, conversas rápidas na sala com a maioria dos concorrentes e a noite fez-se sem criarem grandes polémicas, tal como já é desejado mas como em tudo nesta edição, a produção tarda em agir para colocar a casa a ferro e fogo. Um especial de Domingo, com Teresa Guilherme, que não acrescentou nada ao jogo a não ser um cromo e a saída de uma concorrente que até teve destaque desde que entrou na casa. Nada de novo, infelizmente!

Primeiras conversas rápidas a destacarem os potenciais casais ou brincadeiras da semana, entre Sofia e Zena, que inventaram uma relação homossexual entre as duas, com Teresa a dizer que ficariam tão bem juntas, a provocar ao mesmo tempo André Abrantes, depois Renato e Jéssica Fernandes que colam e descolam sem assumirem o que sentem. Rui Pedro e Jéssica Antunes que mostram o que querem mas com tanta luz não dão permissão à vontade para seguirem em frente. Todos querem festa mas todos se retraem, estando a apresentadora mais casamenteira de Portugal a fazer gala após gala o que tão bem sabe, picando e ajudando a dar ligeiros empurrões a uns e outros, o que seria tão dispensado, uma vez que o Big Brother não é o reality show dos falsos e temporários casais amorosos.

As guerrilhas da semana entre Andreia e Joana a serem comentadas com recurso a filme da semana para gerar conversa pelos próximos dias, acabando as concorrentes por dizerem que estão super amigas quando sabemos que não é bem assim, mas este lote de peões parece optar por demonstrar nos diretos com a Teresa o contrário do que mostram ao longo da semana. Falta de capacidade de darem o corpo às balas, o que é uma grande pena.

A cinzenta Sandra foi até à sala das decisões com a sonsa da sua filha, a Jéssica do come e dorme, para falarem abertamente sobre imagens das duas a falarem uma da outra, para tentarem esclarecer as razões com que justificam as proteções e omissões que fazem perante as opiniões que têm uma da outra e que não revelam no jogo à frente dos restantes. Pensam mas por respeito não dizem perante os restantes por serem mãe e filha, não dando opinião real para não se magoarem mutuamente. Como espetador, claro que mãe e filha se prejudicam por estarem no mesmo jogo, tal como aconteceria com dois irmãos, um casal, amigos de longa data e afins.

André Abrantes voltou a ver as suas tão más reações ao possível envolvimento entre Zena e Sofia ganharem novo destaque, desta vez para se justificar sobre ter dito que uma relação entre duas mulheres seria mais fácil de aceitar do que entre dois homens. Joana pediu justificações no dia sobre esta afirmação e tudo ficou tão mal explicado que o concorrente da Ericeira só se enterrou ainda mais, o que em plena gala de Domingo voltou a ser falado com o homofóbico André a piorar a situação com o que se tentou justificar mas sem saber escolher as palavras certas porque tentou comentar tanto o que não defende que só piorou ainda mais. Por vezes valia mais ficar mesmo calado do que arranjar justificações quando se percebe que a sua ideia é totalmente oposta ao que refere. Mais uma vez a produção a resolver de forma branda um tema LGBT que tem de ser bem debatido e que em pleno 2020 já não devia existir. 

Em noite de expulsão e novas nomeações ainda existiu tempo para revelarem como está a votação na aplicação para se eleger a planta de casa, onde os mais votados até ao momento pelo público foram a Catarina, o Michel e Jéssica Antunes. Os três são as plantas eleitas pelo público até agora, mas só um entre todos terá o título de planta da casa, ou seja, daqueles que não nos fazem falta nenhuma dentro da moradia da Ericeira. Por estes grupo dos que não fazem falta alguma também colocava a Liliana e o Carlos que são daqueles concorrentes que nem entendi a razão de terem entrado.

A primeira nomeada a ser salva acabou por ser a planta fofa Catarina, que teve direito a contar a sua curva da vida, com algumas situações a serem antecipadamente reveladas ao longo da semana, ficando assim em jogo pelas próximas semanas. A história pesada da concorrente com a separação dos pais aos nove anos, uma violação silenciosa aos doze anos, como já havia contado ao longo da semana, dando um forte alerta perante os sinais a que todos devemos estar atentos para com as crianças que nos rodeiam. Uma posterior relação amorosa com agressões e medos físicos e psicológicos e a morte posterior dessa pessoa quando já estavam separados. Uns anos mais tarde um grande amor que voltou a desiludir com o tempo por ser mais do mesmo e por levar ao abismo esta concorrente que viu a sua entrada no Big Brother como uma salvação que chegou no momento certo. Forte história de vida mas na casa acaba por ser uma concorrente a ocupar um lugar sem se conseguir destacar. 

Nem tudo é público

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Senhores passageiros desta vida, sejam homens ou mulheres, já refletiram que nem tudo nesta vida é para ser falado em público? Guardem muitas das vossas vontades de partilha para vós próprios e se as querem partilhar com alguém que vos é próximo que o façam no sossego e recanto de um espaço onde nem todos tenhamos que ouvir o que não é suposto sobre a vossa privacidade que deve ser tão pessoal quanto as vossas partes íntimas.

Deixem de reclamar e divulgar de forma pública os vossos problemas, cada desassossego que vos atormenta na vida pessoal ou profissional. Primeiro porque não queremos saber, a sociedade em geral, o que tanto vos incomoda, e depois, porque as vossas partilhas podem gerar grandes problemas, uma vez que nunca sabemos quem poderá estar a ouvir se não conhecemos e a partir daí criar uma possível frustração de mal entendidos e problemas que devem ser afastados. 

O Olhar que me Persegue | Helene Flood

D. Quixote

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Título: O Olhar que me Persegue

Título original: Terapeuten

Autor: Helene Flood

Editora: D. Quixote

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Agosto de 2020

Páginas: 368

ISBN: 978-972-20-7058-4

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: O Olhar que me Persegue combina um ambiente francamente contemporâneo e realista com um suspense assustador e uma visão perturbadora sobre as nossas mais recônditas facetas, tanto na vida familiar como nos relacionamentos. Um thriller arrepiante que disseca a relação de um jovem casal, em que as emoções têm o papel principal.

Nomeado para o Norwegian Bookseller’s Prize em 2019, O Olhar que me Persegue é o primeiro de três thrillers psicológicos de Helene Flood, todos com protagonistas femininas, e tendo por cenário a cidade de Oslo. Numa abordagem totalmente diferente da dos seus congéneres nórdicos, mas igualmente brilhante, a jovem autora demonstra grande talento para gerir tanto o enredo como a qualidade da escrita.

 

Opinião: Uma obra nomeada, bem comentada internacionalmente como uma maravilha entre os melhores thrillers do ano perante uma estreia impressionante da sua autora e quando vou a meio da leitura percebo que todo o entusiasmo e boas expetativas que foram sendo criadas acabam simplesmente por revelar mais do mesmo.

Logo conhecemos Sara, uma jovem psicóloga casada com Sigurd, num casamento sem filhos, com alguns problemas conjugais pelo caminho mas numa luta para se definirem, estabelecerem e ganharem condições para formarem uma verdadeira família a pensarem no futuro. Trabalhando e recebendo os seus clientes num espaço anexo em casa, Sara tem os seus pacientes fixos, cada qual com os seus problemas e desabafos, enquanto que Sigurd estuda e mais tarde cria o seu próprio projeto ligado à arquitectura. Tudo decorre dentro do quase normal quando o desaparecimento de Sigurd acontece. Numa manhã sai para se encontrar com os amigos mais próximos para uns dias entre amigos e não mais aparece. Desaparecido e sem deixar rasto, Sara dá o alerta pelo seu desaparecimento e a partir desse momento a investigação acontece.

Investigação no terreno, fingidas amizades por perto para um possível apoio enquanto se tenta perceber o que aconteceu, sócios a saberem partes do processo mas a fingirem ignorância, uma esposa preocupada mas a manter dentro do possível as suas rotinas profissionais, e todo o processo a ser descodificado por parte de um investigador pouco acessível e bastante desconfiado. Controlo, entrevistas, conversas paralelas e paragens no tempo são vários dos pontos que este thriller demonstra entre uma esposa meio ausente em todo o processo para um marido desaparecido em que a única preocupação parece ser a sua própria segurança, mostrando um individualismo como parte de um casal algo arrogante e disciplinado, provando a falta de união entre dois jovens casados que o são somente por habituação. 

Um caso investigado, levando o leitor a identificar vários suspeitos ao longo de cada capítulo quando no final tudo muda e a real verdade fica perceptível mas sem ser revelada para que o 《quem matou》 seja devidamente incriminado e julgado. Posso dizer que fiquei surpreso por não sentir ao longo da leitura qualquer ponto que pudesse unir o assassino com todo um crime que levou à morte de um homem por motivos amorosos. 

Unorthodox, o peso das raízes

Netflix

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A minissérie Unorthodox tem os pontos essenciais para chegar junto do subscritor Netflix e conquistar pelos primeiros minutos do primeiro de quatro episódios disponíveis. Numa produção bem cuidada, com um bom argumento e qualidade em imagem e som, esta série ressalva a fuga de uma jovem judia de um núcleo ultra-ortodoxo de Nova Iorque onde cresceu e onde foi levada a casar, contra a sua vontade, para que desse continuidade à vida e deixasse descendência por ser necessário multiplicar em vez de amar e ser feliz. 

Inspirada na autobiografia de Deborah Feldman, Unorthodox revela num completo estado catalisador a forma como a comunidade ortodoxa se organiza com a finalidade de controlar a preservação dentro do seio judeu onde o crescimento populacional é um dos pontos fundamentais para o expansão do culto, mesmo que para isso muitos, principalmente as mulheres, enfrentem os mais diversos constrangimentos que, para meros leigos como eu quando vi esta série, chocam pela forma claustrofóbica com que todos vivem e crescem perante um confinamento forçado pela incapacidade de reação perante os donos da palavra, os mais velhos de cada clã. 

Preparadas para casar com prometidos e uniões forçadas após um mero encontro com os familiares em volta, obrigadas a rapar o cabelo após o grande dia do casamento, obrigadas a ficarem em casa sem sonhos por realizar, enfrentando o poder da violação por parte dos maridos como se fossem escravas sexuais com obrigação de serem mães o mais cedo possível, sem poder e com muito controlo. Estes são vários dos pontos de destaque de Unorthodox, onde acompanhamos os confrontos pessoais de Esty, interpretada brilhantemente pela atriz israelita Shira Haas. Uma jovem mulher, com muito para aprender, que se prepara para casar com um estranho, é levada ao grande dia sem vontade para alterar a sua vida. Mesmo a viver a dois e com toda a pressão social para ser mãe, Esty enfrenta e acaba por comandar a vida em busca da sua libertação e do alcance do seu grande sonho, a música. Fugindo para Berlim onde procura a mãe que já havia deixado para trás todas as regras para ser feliz ao lado de outra mulher, Esty encanta pela sua fragilidade e determinação em vencer. Procurando a sua independência e vivendo com receio do passado, muito bem introduzido no presente com imensos flashbacks como tudo foi acontecendo antes e após o casamento por oposição.

Unorthodox acaba por ser um real confronto entre o viver como que aprisionado numa comunidade onde as regras não podem ser infringidas, estando a própria identidade, libertação sexual e religião impostas de início, sem ser possível a descoberta de outros prazeres e costumes que fogem perante as regras da comunidade. A dança moderna, o cantar em público, a maquilhagem, as conversas entre amigos de ambos os sexos, a moda, as comidas que não são proibidas para a maioria dos comuns, o cabelo solto sem obrigação da peruca que caracteriza as mulheres ortodoxas, acima de tudo, Esty procura a sua liberdade como todos nós, mesmo que possa ter o seu passado como uma sombra bem pesada.